segunda-feira, 30 de maio de 2011

In Vino Veritas Est

Significado: In Vino Veritas Est = No vinho está a verdade.
Ora! Os gregos quando queriam descobrir táticas de guerras ou outros segredos, faziam banquetes e convidavam alguns conspiradores de guerras amigos ou até mesmo inimigos. Onde davam vinho para todos eles, lá eles se embriagavam e com o efeito do álcool existente no vinho, até então desconhecidos, os deixavam relaxados e falavam todo o qual sabiam.



Este domingo comentei no Facebook uma matéria postada por um amigo, publicada na Folha de São Paulo. Dizia o título “Preço e rótulo do vinho podem enganar sommeliers, dizem estudos”.
Esses “estudos” me deixam para morrer de raiva, pois em sua maioria esmagadora, nada mais são do que engodo para que os tais “especialistas” justifiquem seus salários ou venda de livros, palestras etc. Deve ser triste ter de trabalhar assim para sobreviver, sem fazer nada de útil a ninguém. Entretanto, na selva em que vivemos, sobrevive o que melhor se adapta. Fazer o quê?
Na matéria da Folha, o articulista Hélio Schwartsman, começa dizendo que a crítica de vinhos não é muito mais do que uma fraude. Até aqui não discordo. A crítica de vinhos e algo tão abstrato e subjetivo quanto a crítica literária, teatral etc. Quem faz parte desta tal “crítica”? Quem são os “críticos de vinhos”? Quem, ou o que, lhes confere esse poder?


O lendário Petrus, o vinho que todo Merlot gostaria de ser

Origem da palavra sommelier
Durante o Renascimento francês, quem se predispunha, comprava o título de “sommelier” para então fazer parte da comitiva do rei ou de um nobre. Durante as viagens, o sommelier era responsável pela armazenagem dos alimentos e dos vinhos e mantinha essas provisões numa carruagem chamada “somme”. Contudo, a tarefa mais importante do sommelier era a de garantir a condição dos perecíveis: ele fazia isso experimentando um pedaço de cada comida e um gole de cada vinho antes de serem apresentados ao senhor. Colocava sua própria vida em risco, pois se a comida ou o vinho estivessem envenenados por algum inimigo, o sommelier certamente morreria.

Quem é e o que faz um sommelier ?
Embora cada vez mais restaurantes mundo afora contratem sommeliers, a Itália, tem mais sommeliers do que qualquer outro país, inclusive a França – cerca de 8 mil, segundo a Comissão Italiana de Comércio. Nos EUA e no UK, os sommeliers muitas vezes aspiram obter o prestigioso grau de Master Sommelier atribuído pela Court of Master Sommeliers, com sede em Londres. Para obter esse título (que passou a ser concedido nos EUA a partir de 1987), os sommeliers devem passar por uma desafiante prova de degustação que dura três dias e por um exame escrito. No ano 2000, havia 42 Master Sommeliers nos EUA, dos quais dez mulheres.
Na década de 1980 a palavra sommelier começou a ser deturpada e estereotipada. Era quase uma caricatura de um ”conselheiro de vinhos” vestindo smoking, “taste-vin” pendurado ao pescoço e habilmente intimidando os clientes do restaurante a consumirem vinhos caríssimos. Hoje, um sommelier escolhe os vinhos, abastece a adega do restaurante, monitora o inventário de vinhos, realiza sessões de treinamento em vinhos para outros membros da equipe e também trabalha na sala de jantar recomendando os vinhos aos clientes, se assim o desejarem.



Sommelier Alexey Mitrofanov

Antes de seguirmos adiante, já podemos esclarecer, portanto, a diferença entre um sommelier e um “crítico” ou “especialista” de vinhos. Um sommelier tem um certificado em mãos e estudou muito para isso. Um sommelier não pode assim se auto-intitular. Não é o caso dos críticos e especialistas. A estes basta serem enófilos, para se auto-intitularem o que bem entenderem. O caso desta matéria, e que me deixou boquiaberta, foi o fato de perceber que o articulista desconhece o significado da palavra enofilia. Tanto é que logo no 1º parágrafo, ele dispara o seguinte trecho de uma frase: “os testes científicos que a ‘indústria da enofilia’ foi submetida nas últimas décadas”. Indústria da enofilia? De onde ele tirou isso? Do livro da Profª Heloísa Ramos? Vamos ao Aurélio. Enofilia [De en(o)-1 + -filia.] Substantivo feminino. 1. Apreço ao vinho. 2. Tendência a ingestão habitual de vinho. [Antôn.: enofobia.]. O Sr. Articulista esqueceu-se, provavelmente, que o nome do segmento industrial em questão é bem mais simples do que ele pode imaginar, ou seja, indústria de vinhos. Ou será que alguém sai fabricando pelo Vale dos Vinhedos, no RS, “apreço ao vinho” engarrafado? Indústria da enofilia pode ter um outro significado, um tanto pejorativo. Seria toda uma “indústria” que se desenvolveu a partir de o vinho ter-se transformado num modismo urbano a partir dos anos 80, assim como aconteceu com os restaurantes japoneses e seus sushis e sashimis.


O Château Margaux, produtor do vinho de mesmo nome
O texto fala no geral de testes-pegadinhas que deixaram muitos críticos e especialistas constrangidos com seus “micos”. Eu não esperaria outra coisa, críticos e especialistas nada mais são do que pessoas que apreciam o bom vinho, e por isso, estes sim, os verdadeiros enófilos, podem se enganar, pois não têm o paladar treinado para a prova de vinhos, assim como acontece com os provadores de café, por exemplo.


A cave do Château Margaux

O que quero ressaltar aqui é que um sommelier, e mesmo um enófilo verdadeiro, não se deixam levar por rótulos e/ou preços de vinhos. Caso isso aconteça, e sempre aconteceu no mundo inteiro, não é a regra. Só mesmo os sommeliers "sem muitas papas na língua", ousam dizer que determinada safra de um Château Margaux, por exemplo, não foi boa. Notem que essa menção foi apenas um exemplo! A maioria dos sommeliers são, como todos e tudo atualmente, politicamente corretos, e não falam mal de um vinho de procedência secular. O Château Margaux, vinho da região de Bordeaux, é considerado um dos melhores vinhos do mundo, conhecido como ”grand cru premier classé”. Ele é uma assemblage na seguinte proporção das uvas que o formam, aproximadamente: 75% Cabernet Sauvignon, 20% Merlot, 3% Petit Verdot e 2% Cabernet Franc.



Château Margaux, considerado um dos melhores vinhos do mundo

Glossário
Aqui faço um mini-glossário, baseada em informação de Fernando Miranda, que é professor de degustação. Observem abaixo as diversas personalidades envolvidas com o vinho. O intuito é dirimir dúvidas sobre o assunto.
Enólogo - profissional de nível superior das vinícolas, encarregado das diversas e complexas etapas da criação dos vinhos, desde a concepção, passando pela seleção das uvas, elaboração do produto em cantina, até o engarrafamento.
Produtor - é o proprietário do vinhedo que juntamente com sua família e mais um ou dois empregados, colhe suas uvas, vinifica, engarrafa e vende. Muitos proprietários são enólogos ou mandam os filhos estudar enologia.
Negociante - é aquela pessoa que compra o vinho a granel em um produtor e engarrafa com o seu próprio rótulo.
Negociante beneficiador, “negociant eleveur” - é aquele que compra o vinho e coloca-o em barricas de carvalho para “envelhecer”, a fim de melhorar sua qualidade.
Sommelier - profissional de restaurante encarregado dos vinhos, desde a elaboração da carta, compra e manutenção do vinho na adega, aconselhamento do vinho aos clientes e o respectivo serviço à mesa. Algumas boas delicatessens também contratam sommeliers para auxiliar clientes em suas compras
Enófilo - palavra de origem grega que significa "amigo do vinho" (enos = vinho + filos = amigo), que inclui todos as pessoas amantes do vinho, incluindo aí todos os profissionais acima e, obviamente, os consumidores.

Depois de todo esse “quase tratado” sobre Dioniso, que os romanos trataram de surrupiar dos gregos e batizar de Baco, não me venham mais com essa coisa de que sommeliers e enólogos não conseguem identificar um bom vinho. Identificam, sim. E muito bem. O que não se pode é deixar-se influenciar por espertinhos que, para vender, desde livros, passando por mini-cursos, degustações de vinhos com queijos (o que é um ultraje!) chegando a palestras e entrevistas na TV, dizem aquelas famosas frases patéticas que tentam descrer o sabor do vinho que estão provando. Coisas do tipo: ”Esta uva é perfeita, o sabor que fica na boca é amadeirado com notas de frutas vermelhas. É um vinho leve... Leve mas com presença marcante; lá no fundo remete-me às jabuticabeiras da casa da minha avó!!!!” E foi exatamente isso que talvez o articulista tentou dizer, mas acabou não dizendo.


sexta-feira, 27 de maio de 2011

Chame o Ladrão... Chame o Ladrão

Em 11/05 postei um texto sobre a Exposição Internacional do Rio de Janeiro em 1922, como parte das comemorações do centenário da Independência do Brasil. Neste post havia várias fotos de Augusto Malta, fotógrafo oficial da prefeitura do então Distrito Federal, o Rio de Janeiro. Após as fotos de Malta, havia três fotos mostrando o exterior do prédio do Museu Histórico Nacional – MHN. Isso porque quis mostrar, conforme está no texto, que o MHN não constitui-se de apenas uma ou duas edificações mais antigas no Rio de Janeiro, mas que também alguns prédios utilizados para a Exposição de 1922 foram integrados ao Complexo que hoje compõe o MHN.

Como não tive tempo (e nem oportunidade) para fotografar eu mesma num fim de semana, quando a cidade está tranqüila, o Museu dos vários ângulos que serviriam para ilustrar as partes do MHN que são integrações dos prédios de 1922, busquei no Google, como qualquer mortal no planeta, aquilo que eu desejava obter, ou seja, “Museu Histórico Nacional”, e cliquei em imagens. Surgiram diante de mim dezenas de fotos, gravuras etc do museu. Ao acaso, cliquei em três delas. Finalizei meu post e vivi minha vida normalmente até ontem, quinta-feira, 26/05.

Na tarde deste dia fui surpreendida, através do meu email, com dois comentários feitos no post mais recente do meu blog “De Tudo Um Pouco” com o seguinte conteúdo:

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From: Claudio Lara
Date: 26/05/2011 13:41:20
To: elianebonotto@elianebonotto.com
Subject: [De Tudo Um Pouco] Novo comentário em Este é o American Way of Life.

Claudio Lara deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Este é o American Way of Life":

http://www.elianebonotto.com/2011/05/exposicoes-mundiais-x-olimpiadas.html
A última foto do MHN do Link acima em seu site é foto minha e não autorizei seu uso.

Delete a imagem no servidor. Repito. Delete a imagem no servidor e não apenas apague a linha do código HTML ou você continuará a registrar em seu domínio uma foto não autorizada.
Somente eu tenho a foto em alta resolução e toda série anterior posterior a mesma imagem - Todas registradas.

Cláudio Lara © All rights reserved
Proibida reprodução sem autorização, com ou sem interesse comercial.
Todas as fotos estão sob a Lei do Direito Autoral Nº 9.610, de 19 de Fevereiro De 1998.

Postado por Claudio Lara no blog De Tudo Um Pouco em 26 de maio de 2011 13:41
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Obviamente, para os que me conhecem, sabem o quanto fiquei chateada com uma situação de puro mal-entendido. Imediatamente, deletei do meu blog a foto a que o Sr. Claudio Lara se referia e procurei um email ou contato para avisá-lo que eu já havia resolvido e que quando postei a foto, não vi no Google nenhuma Proibição, tampouco avisos de direitos autorais pertencentes a quem quer que fosse. Caso eu tivesse visto algum, eu não teria motivos para publicar uma foto que possui direitos autorais, que são pagos para serem protegidos, acredito eu, já que eu poderia utilizar qualquer outra foto que não possuísse restrições. Portanto, logo após deletar a foto do meu blog, deixei um comentário no fotolog do Flickr do Sr. Claudio Lara. Cheguei a criar uma conta no Yahoo para poder deixar uma satisfação a ele. Infelizmente, não tenho cópia do texto que escrevi pois, como os comentários do fotolog dele são moderados, além de não ter publicado meu comentário, publicou um comentário jocoso avisando que havia uma tal de (escreveu meu nome completamente errado) dizendo coisas sem noção etc. Acontece que ninguém pôde ler “as coisas sem noção” porque o Sr, Claudio Lara, como moderador do seu fotolog, publica ou não, os comentários deixados. Portanto, ninguém leu algo que não foi publicado.

No meu comentário eu avisava que havia deletado a foto e pedia “por gentileza” que ele verificasse se eu tinha deletado a foto correta e se era apenas aquela. De fato, não pedi desculpas, pois não fiz nada que necessitasse de retratação. Apenas expliquei exatamente tudo o que está escrito aqui. E, isso é fato, disse que quando ele quiser deixar, por qualquer outro motivo, algum comentário no meu blog, que seja mais educado, pois eu sei que existem pessoas mal-intencionadas na internet, mas garantia-lhe que eu não era uma delas.

Diante disso, entendi que eu resolvera a situação e que o assunto estava encerrado. Infelizmente, não estava, e até pode continuar a não estar nesta sexta-feira que se anuncia. Isso porque não sou profissional de TI e conheço e utilizo o mundo virtual como usuária. Procuro aprender tudo o que posso mas nem tudo é o suficiente. Aliás, jamais o será. Foi então que já depois da meia-noite, recebi outro email avisando de mais um comentário do Sr. Claudio Lara, que poderia ter-me respondido por email, pois eu não respondo em “no-reply”. Nada tenho a esconder. Fui novamente surpreendida com o seguinte conteúdo:

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From: Claudio Lara da
Date: 27/05/2011 00:41:41
To: elianebonotto@elianebonotto.com
Subject: [De Tudo Um Pouco] Novo comentário em Exposições Mundiais x Olimpíadas.

Claudio Lara da deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Exposições Mundiais x Olimpíadas":

Dona Elaine,

A senhora NÃO DELETOU A FOTO conforme EU MANDEI. Perceba bem que eu não pedi.

E Repeti de forma bem clara.
DELETE A FOTO NO SERVIDOR e não apague apenas a linha do código HTML – foi o mesmo que dizer FAÇA.
Olha a foto aqui.
http://1.bp.blogspot.com/-Fb__VHBhJF0/Tcn6f6aylVI/AAAAAAAALRc/bfC6nxm311g/s1600/MHN_03.jpg

A senhora não deletou a foto no servidor.
Se existe alguma dificuldade em pedir desculpas - ler o aviso do Google de direito autoral - ou deletar a foto de forma correta, peça ajuda a quem saiba fazer um dos três, porque a senhora continua divulgando, atraindo e desviando visitantes da minha foto para o seu site.
Assim a senhoura atrapalha o meu trabalho.

E antes que me envie outro comentário sem noção, sem desculpas e cheio de incongruências – poupe meu tempo e o seu.
O aviso que mandei é padrão porque quando tenho tempo mando deletar dezenas de fotos minhas no mesmo dia e me falta tempo para personalizar aviso conforme site, blog ou outra página qualquer na internet.
A senhora não foi merecedora de tratamento diferenciado nem para pior e nem para melhor.

A minha foto não estava simplesmente em lugar algum. Ela está lá no alto do Google há seis anos e vai voltar porque é boa – feita com técnica e nem horário estudado. Outros podem até tentar copiar para receberem a alcunha de plagiadores.
A ordem que a minha foto ficou em sua página - não me interessa e pelo jeito a quase ninguém - pela quantidade de comentários existentes lá. E a minha é a única delas do MHN em destaque no Google.

O AVISO DE DIREITO AUTORAL NO GOOGLE EXISTE SIM e é uma ABA ENORME do lado direito e bem destacado em cor branca toda vez que se abre uma foto.
Qualquer pode comprovar.

A minha mãe me ensinou desde criança a não pegar ou usar nada que não é meu SEM AUTORIZAÇÃO e na escola recebi a mesma orientação.
Portanto dona Eliene, a senhora não precisava ter me agradecido antecipadamente por nada – até porque a aula só veio agora.

Ah!
Sua teimosia em divulgar fotos que não são suas vão colocar a senhora em má situação, notei que outra foto Museu é de outro colega e que está sendo avisado neste momento.

Tenha uma boa noite e não se preocupe porque nunca tive o interesse em comentar algo no seu site e nem sabia da existência dele. As 7 mil visitas que recebo por dia já me consomem um bom tempo e outro tanto prefiro gastar lendo noticiários, visitando alguma novidade ou me divertindo em sites da internet.

Claudio Lara - sem www. antes & também sem o Ponto.com após o nome.
DELETE:

http://1.bp.blogspot.com/-Fb__VHBhJF0/Tcn6f6aylVI/AAAAAAAALRc/bfC6nxm311g/s1600/MHN_03.jpg

Postado por Claudio Lara da no blog De Tudo Um Pouco em 27 de maio de 2011 00:41
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Bem, quando há pouco mais de um ano resolvi fazer um blog, não tinha, como continuo não tendo, a menor intenção de quantidade de visitas no meu blog, pois eu as quero de qualidade e que tenham sempre vontade de voltar.

Depois do 2º “aviso”, entrei em alguns fóruns em vi que a foto poderia ter ido para uma pasta chamada “caixa suspensa” no Picasa Web, mesmo que eu não tenha salvo a foto, porque o Google é o meu servidor. Imediatamente, entrei na “caixa suspensa” e deletei outras duas fotos recentes do MHN que foram postadas dentro do mesmo critério que utilizei para a foto da discórdia, de modo a prevenir qualquer outro possível inconveniente.

Há um ano, não imaginei que fosse passar por uma situação patética como essa, por conta de um mal-entendido com uma criatura temperamental e egocêntrica. Egocêntrico, Sr. Claudio Lara, não pela foto, o senhor não está “puto” por que a foto foi copiada, o senhor não cabe dentro de si de tanto ódio, pelo que disseram suas próprias palavras no seu comentário: “A minha foto não estava simplesmente em lugar algum. Ela está lá no alto do Google há seis anos e vai voltar porque é boa – feita com técnica e nem horário estudado. Outros podem até tentar copiar para receberem a alcunha de plagiadores.
A ordem que a minha foto ficou em sua página - não me interessa e pelo jeito a quase ninguém - pela quantidade de comentários existentes lá. E a minha é a única delas do MHN em destaque no Google”.

Sr. Claudio Lara, a diferença entre uma pessoa egoísta e uma pessoa egocêntrica, é que a egoísta que sentar na primeira cadeira da primeira fila do cinema. À egocêntrica, entretanto, isso não basta, ela quer o cinema todo vazio só para ela.

Eu sinto uma grande pena de pessoas como o senhor, pois não sabem e não querem diferenciar as pessoas para poder interagir com elas. Não vou entrar na sua paranóia, pois costumo dar crédito, sim, ao que posto no meu blog. Mas uma coisa eu farei, deletarei seus comentários no meu blog, coisa que eu jamais pensei que fosse preciso fazer um dia, já que meu blog não tem moderação, e eu faço questão de responder educada e civilizadamente a todos os meus leitores (poucos graças a Deus, prefiro que o senhor fique com sete vezes, os sete mil visitantes diários do seu fotolog), principalmente àqueles que divergem da minha visão de mundo e do que eu escrevo, portanto.

Sinceramente, espero que dessa vez o problema esteja resolvido, pois se ainda assim, não estiver, faça o que o senhor bem entender. Mande a polícia vir na minha porta ou tire as calças pela cabeça, porque eu tentei tratar o assunto com o senhor como dois cidadãos civilizados o fariam. Uma lástima, o senhor não é um cidadão, é apenas um ser egocêntrico e temperamental.





Imagem livre na internet com os dizeres meus.


Let me count the ways...

Poetisa inglesa da época vitoriana, Elizabeth Barrett Browning, nasceu em 6 de março de 1806 e faleceu em Florença em 29 de junho de 1861. Foi a autora de Sonnets from the Portuguese, coletânea de poemas românticos dedicada a seu marido, o também poeta Paul Robert Browning. Um destes poemas, o de número 43, é considerado o mais belo da lírica amorosa já escrito por uma mulher em língua inglesa. O livro foi publicado em 1850. No Brasil, Elizabeth Barrett Browning foi traduzida por nomes como o do poeta Manuel Bandeira. O homem do "Vou-me embora pra Pasárgada".

A mais delicada e encantadora história de amor
Aos quinze anos, uma tosse violenta e uma grave lesão nas costas prejudicaram, quase que irreversivelmente, a espinha dorsal de Elizabeth e, o pior, afetou sensivelmente os pulmões. Com a saúde debilitada, ela vivia praticamente isolada do mundo exterior.

Elizabeth e Robert Browning ainda jovens antes do casamento

Robert nasceu numa família de intelectuais abastados. Numa determinada etapa da sua vida, voltando da Itália para a Inglaterra, sentiu-se momentaneamente desorientado, procurando achar uma novo rumo para a sua vida. Entregou-se impetuosamente à leitura. Foi nesse ambiente de transformação, provavelmente vulnerável, que pela primeira vez leu os poemas de Elizabeth Barret, Poems, editados em dois volumes, em 1844.

Seduzido de forma irremediável pelos escritos, exatamente ele que se julgava um intransponível nos caprichos do amor, percebeu de forma arrebatadora que sucumbira aos versos fluentes, enamorando-se perdidamente pelo espírito e inteligência daquela poetisa. Consciente do fato, num ímpeto, pegou a caneta e alinhavou com certeza uma das mais célebres confissões de um amor virtual de que se tem conhecimento: "Amo os seus livros com todo o meu coração e amo-a também a si...." Num dia extremamente frio de 1845, depois de ler toda sua correspondência, Elizabeth separou uma das cartas e releu os dizeres que a marcaram para sempre: “Amo os seus versos com todo o meu coração. Amo estes livros e amo-a a si também. Sabe que uma vez estive quase a conhecê-la pessoalmente? Uma manhã, o senhor Kenion perguntou-me: ‘Gostaria que eu o apresentasse a Miss Barret? E foi anunciar-me, mas pouco depois voltou dizendo que a senhora não se sentia bem e assim regressei a casa’. Será que nunca a conseguirei ver? De qualquer maneira, quero dizer-lhe que era necessário que os seus poemas fossem escritos para que tão grande alegria e tão sincera satisfação despertassem no seu devoto admirador Robert Browning."

Também num impulso e com disposição incomum ao seu estado de saúde, começou a responder: "De todo o coração lhe agradeço, caro Sr. Browning"..."Os Invernos cerram-me todo o horizonte tal como cerram os olhos dos...." Timidamente, numa composição poética em forma de carta, Elizabeth procurou sutil e delicadamente responder aos anseios do admirador: "Na Primavera veremos... "Sua dedicada amiga, Elizabeth Barrett."

Em 573 cartas, a história registrou uma das mais impressionantes, comovedoras e reveladoras expressões de relações humanas de que se tem notícia. As cartas que Elizabeth recebia, agora quase que diariamente, do desconhecido Robert, eram verdadeiros golpes de energia e vibrante humor na casa de Wimpole Street, 50. A correspondência entre ambos continuou, apesar de já se terem conhecido pessoalmente e estarem mantendo contatos presenciais semanalmente. A presença de Robert na casa era como um balsamo para Elizabeth, dando-lhe o vigor quase que milagroso. "Agora já me sinto viver", exclamou.

O inverno logo chegaria e Elizabeth decidiu-se: "Se partires o nosso casamento será adiado pelo menos um ano. Já tivemos ocasião de verificar o que ganhamos em esperar até agora. Devemos, pois, casar imediatamente e partir para Itália. Hoje mesmo pedirei a licença e, deste modo, o casamento poderá realizar-se no próximo sábado." E assim aconteceu, numa manhã de sábado, 12 de setembro de 1846, Elizabeth acompanhada da fiel criada, cujo pretexto foi o de visitar uma amiga, vai ao encontro do seu amado. Não sem muito esforço, Elizabeth conseguiu chegar a Igreja onde Robert, juntamente com um primo, esperava ansiosamente. De forma discreta, finalmente o casamento concretizou-se. Elizabeth e Robert planejaram uma fuga e, exatamente uma semana após o casamento, em 19 de setembro de 1846, também um sábado, Elizabeth, sua fiel criada, e até o seu cachorro Flusx deixaram definitivamente a casa de Wimpole Street, 50. Como nos finais dos contos mais líricos, Robert e Elizabeth viveram felizes por muitos anos. Cidades como Florença, Paris, Pisa e Roma, eram rotas obrigatórias, desfrutando das belezas naturais, do clima, dos amigos, e logicamente da poesia que além de outras afinidades, unia os dois amantes. Elizabeth, radiante e feliz, sentia-se muito bem de saúde, e para coroar a felicidade definitiva daquela união, na primavera de 1849, aos 43 anos, deu à luz um menino.

Morrer em Florença
Em Florença, numa tarde de junho, acometida de um repentino e inesperado ataque de bronquite, imediatamente assistida pelo seu médico, Elizabeth faleceu nos braços de Robert.
Num relato comovente, escrito pelo poeta tempos depois afirmou: "Sempre sorrindo e com uma expressão de felicidade no seu rosto de menina, faleceu, em poucos minutos, com a cabeça apoiada na minha face".





Sonetos Portugueses, 43
Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do Ser, a Graça entressonhada.

Amo-te em cada dia, hora e segundo:
A luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.

Amo-te com o doer das velhas penas;
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingênua e forte.

Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
Ainda mais te amarei depois da morte."
Elizabeth Barrett Browning
tradução de Manuel Bandeira




How Do I Love Thee ?
Sonnet 43
by Elizabeth Barrett Browning

How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of being and ideal grace.
I love thee to the level of every day's
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for right.
I love thee purely, as they turn from praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood's faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints. I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life; and, if God choose,
I shall but love thee better after death.


Fonte: Extraído da obra de Donald e Louise Peattie, ‘Uma História de Amor’.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

Este é o American Way of Life

Não é de hoje que venho falando aqui no blog sobre meio ambiente, recursos naturais não-renováveis e afins. Também não é de hoje que falo e repito que vivemos numa sociedade que está com seus valores invertidos, todos eles, infelizmente.

Também vivo repetindo como um papagaio que desde o pós-guerra, os estadunidenses impuseram o ‘American way of life’ goela abaixo de tantos países, tantos povos, tantas culturas. O exemplo do Japão e sua capital, Tóquio, não poderia ilustrar melhor o que digo. Hoje, Tóquio é uma quase “cópia” de Nova Iorque. E são muitos os exemplos que poderia inumerar aqui, mas não vou fazê-lo porque 90% do povo no ocidente do planeta acha que os EUA são um paraíso, e que o estilo doentio de vida que sua população leva, é maravilhoso. Conceitos como “fast food”, “crédito a qualquer preço”, “supermercados”, “tirar o carro da garagem para passear pelos supermercados e fazer compras do mês”, “não caminhar pelas cidades, mas fazer tudo usando o carro”, criaram o “drive-in”, o “drive-thru”, o “delivery”, e, finalmente, fez-se a luz... E criaram os shoppings. Com eles, veio o consumo exagerado, e então, vieram os descartáveis, com a finalidade única de vender mais e mais, e chegamos à criação do consumismo, no qual a população estadunidense está mergulhada até o pescoço. Compram-se coisas de todo o tipo, mesmo que “a coisa” não sirva absolutamente em nada para quem a comprou.

Claro que nada disso subsistiria com tanta força por tanto tempo se não houvesse algo alimentando esse ‘way of life’ totalmente insano. Esse algo atende pelo nome de “marketing” e ele nasceu e cresceu nos EUA. É tipicamente estadunidense.

Foi com surpresa que vi no blog de um amigo um filme sensacional produzido e apresentado por americanos. O filme é sensacional e por mais incrível que possa parecer, a narradora faz um mea culpa que não é natural no comportamento do americano médio. Confiram como é interessante.




Fonte: Filme recebido de Letícia e publicado no Blog Periscópio Cidadão. O site onde o filme se encontra é http://www.storyofstuff.com

quarta-feira, 18 de maio de 2011

É o Triunfo das Nulidades

Antes de lerem o texto maravilhoso do cientista político italiano, Antonio Gramsci, escrito em 11 de fevereiro de 1917, assistam a esse vídeo da Professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte, que silenciou Deputados em audiência pública.



Quem foi Antonio Gramsci?
Antonio Gramsci foi um homem que sempre lutou contra a ortodoxia, o autoritarismo, a fragmentação... Sempre tendo como ideia central a questão: "como podemos nos tornar livres?". Seu referencial teórico e sua prática política foram marcados pelo pluralismo, pela flexibilidade, pela relação entre as aparentes disparidades e pela busca da autonomia do homem. Lição que deveria ser aprendida pelos atuais políticos, educadores, líderes sindicais, enfim, pela sociedade em geral. Faleceu em 27/04/1937, aos 46 anos de idade, vítima de tuberculose e derrame cerebral. Mesmo na prisão e sofrendo todo tipo de privação, não teve o apoio dos chamados "companheiros" que também estavam presos. Motivo? A "companheirada" era (ou ainda é?) tradicional, autoritária, e tinha(?) uma visão unilateral do mundo.
Holgonsi Soares
Prof. Ass. Depto.de Sociologia e Política
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM-RS)
* Artigo publicado no jornal "A Razão" em 24/04/1998


O texto abaixo foi escrito por Antonio Gramsci em 11 de fevereiro de 1917. E como ainda está atual!

Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.
A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.
A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; é aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar.

A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso.

Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis.

Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes.

Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir.

Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.
Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.
Fonte:
La Città Futura, Primeira Edição – 11/02/1917
Origem da presente Transcrição: Texto retirado do livro 'Convite à Leitura de Gramsci'"


domingo, 15 de maio de 2011

O Epítome da Igreja

Não sou praticante de nenhuma religião em específico e, ao mesmo tempo, sinto-me parte viva e ativa da natureza, no mais amplo sentido da palavra.

Há críticos vorazes da Igreja Católica. Não me considero uma crítica voraz, mas tenho de admitir que a instituição Igreja, aliás as religiões como um todo, não me agradam. Como sou uma pessoa extremamente curiosa em relação a tudo, e também como gosto da história das civilizações, costumo procurar saber o porquê de tudo, principalmente quando posso buscar analogias na história.

Os seres humanos têm um lado racional que nos leva a pensar e a questionar as idéias. Contudo, o que ainda não consigo entender totalmente é porque todo homem, desde o mais humilde até o mais poderoso, quando está próximo de algo horrível, uma dor, doença incurável, ou próximo daquela senhora que tanto tememos, a morte, torna-se o maior e mais fervoroso crente em algo superior, que ainda não sabemos o que é, mas todo e qualquer ser dessa raça que chamamos de humana, clama pelo mesmo nome, Deus. Tenho cá minhas ideias, mas disso eu falo em outro post.

Li no Jornal O Globo Online de 11/05, uma entrevista com o escritor britânico, David Yallop, que não por acaso, está lançando seu livro ‘Poder e Glória’, sobre o lado obscuro do papado do recém-beatificado Karol Wojtyla. David Yallop se diz um católico pensante. Gosto de saber que há pessoas que pensam e questionam as coisas, religiões, governos, sociedade, tudo. Sem os questionadores, não haveria evolução humana no planeta. Ao ler a entrevista, identifiquei-me em vários aspectos com a opinião do escritor. Para ser bem sincera, penso que a Igreja, sobrevive exatamente de manipulação, corrupção e tudo de ruim inerente a um Estado teocrático. O Papa, qualquer que seja ele, precisa ser político, de preferência um Estadista, até porque o Vaticano é o menor Estado soberano do mundo.

Pois é, eu concordo com o Sr. Yallop que a Igreja Católica Apostólica Romana, a do Vaticano, nunca teve autoridade moral ou dignidade, desde sua prisca criação, como guardiã do ideário de Cristo. Contudo, o Vaticano não é o único Estado teocrático do mundo. O Estado teocrático ocorre quando há uma mistura de Direito com Religião, em que o Líder do Estado é ao mesmo tempo um líder religioso. O Estado, então, adota uma religião oficial e todos são obrigados a segui-la. Um exemplo típico é o Irã, regido pelos Aiatolás.

O retorno de Komeini ao Irã nas asas da Air France.
Sobre a beatificação-relâmpago do Papa João Paulo II, a pressa é um dos motivos que mais desperta a atenção dos olhos da mídia, todos voltados para o Vaticano. David Yallop diz que Karol Wojtyla se tornou Papa, tudo o que se diz sobre ele são grandes mentiras. Bem... Quanto a isso, nada posso dizer, pois teria de pesquisar em fontes fidedignas para afirmar qualquer coisa. E esse texto é apenas um post de um blog. Há aqueles que afirmam que Karol Wojtyla era um homem de caráter impoluto desde menino, passando pelos horrores da II Grande Guerra, até chegar ao Papado. Já David Yallop diz que a imagem que fizeram dele, por exemplo, “se comportando de forma corajosa durante a II Guerra Mundial e que salvou as vidas de muitos judeus, não é verdade”. Outro exemplo, “sofrendo muito durante a guerra, trabalhando em condições de escravo, também não é verdade; ele tinha um trabalho assalariado, pago pelo Reich”. Portanto, neste ponto, prefiro manter-me neutra como uma suíça.

Padre fazendo a saudação à Hitler num rally da juventude católica no Estádio Berlin-Neukolln em Agosto/1933, foto de Daniel Jonah Goldhagen

Há, entretanto, um fato do qual eu nunca ouvira falar até então. Esta é a primeira beatificação, desde que João Paulo II morreu, que ocorre sem a presença do que o Vaticano costumava chamar de "advogado do diabo", ou seja, um clérigo sênior que era nomeado para tomar uma posição bem crítica em relação a todas as provas que fossem reunidas para que qualquer pessoa fosse considerada para o processo de beatificação. Porém, essa posição foi abolida, ironicamente por João Paulo II. Então, ele se beneficiou de sua própria decisão. Achei este fato oportunamente sutil.

David Yallop é ainda defensor da tese de que João Paulo I foi assassinado porque queria acabar com a lavagem de dinheiro feita por meio do Banco do Vaticano, que investigou para seu livro. O Banco do Vaticano era o principal parceiro do Banco Ambrosiano. O Banco Ambrosiano, posteriormente renomeado de Banco Ambrosiano Veneto, após a fusão com o Banco Católico do Veneto, foi um dos principais bancos privados católicos italianos. Com a súbita morte do Papa João Paulo I em 1978, surgiram rumores de que haveria ligações com as operações ilegais daquela instituição. Quem viu o Poderoso Chefão III, sabe que o retrato da Máfia ficaria incompleto se não fosse mostrado seu avanço até o Vaticano. No filme, a ”teoria” é de que o Papa João Paulo I foi “assassinado” e que o crime estaria vinculado ao escândalo do Banco Ambrosiano, ligado à Santa Sé. O Banco do Vaticano foi também acusado de trabalhar com fundos ilegais do Sindicato Solidariedade. Estamos aqui no campo da teoria, mas que essa é uma teoria muito próxima da realidade, não há como negar. Um Papa ser eleito, o povo ver a fumaça branca sair da chaminé. Habemus Papam... E o seu papado durar 33 dias!!! Ahh, meus amigos, sem querer fazer trocadilho, onde há fumaça, há fogo. Na minha opinião pessoal, foi exatamente isso que aconteceu. Notem que escrevi “na minha opinião pessoal”.

David Yallop acredita que Karol Wojtyla, o seu sucessor no comando da Santa Sé, era corrupto, leniente com a pedofilia e extremamente político. O extremamente político, faz parte da vida contemporânea. Talvez seja um engano de tradução. O fato é que em seu livro ‘Poder e Glória’, Yallop denuncia a corrupção no Vaticano. E explica, “João Paulo I, Albino Luciani, deixou uma série de ações que ele começaria a implementar, ele ia tirar pessoas do Banco do Vaticano, tirar alguns padres e cardeais corruptos. E ele disse ao seu Secretário de Estado, o Cardeal Jean Villot, o que ele pretendia fazer. O cardeal ficou muito chateado com isso e João Paulo I disse que era o Papa e podia fazer o que quisesse. Foi para a cama e morreu”. Aliás, é assim mesmo que se passa o ocorrido no filme de Francis Ford Coppola, The Godfather: Part III (O Poderoso Chefão III).

A acusação de corrupção por parte de Yallop se baseia no fato de que Wojtyla ocupou o lugar de João Paulo I, um mês depois de sua morte e que os planos de Albino Luciani foram detalhadamente passados a ele. Karol Wojtyla, entretanto, não queria prosseguir por aquele caminho. Baseado nisso, o escritor acusa o Papa João Paulo II de corrupto, já que sua reação perante a notícia de corrupção no Banco do Vaticano foi ignorada.

Concordo, que o correto teria sido o novo Papa tomar providências quanto à corrupção. Mas se o João Paulo I, tinha acabado de ser assassinado por conta disso, o João Paulo II iria mexer nessa casa de marimbondos para um mês depois morrer também? Qualquer um no lugar dele teria feito o mesmo.

Contudo, o Papa João Paulo II foi peça fundamental no sopro que faltava ser dado para a cortina de ferro ruir, levando com ela o muro de Berlim e, consequentemente, uma nova ordem mundial. Não estou discutindo se ela é melhor ou pior que a antiga. Estou apenas dizendo que houve uma mudança. Apenas isso.

Sobre a leniência com a pedofilia, sabe-se que ela custou ao Vaticano US$ 10 bilhões em indenizações às vítimas. E se tentássemos “comparar” a corrupção no Banco do Vaticano com a pedofilia? O que seria mais fácil de combater? Eu diria, a pedofilia. Mas... Em que alas da Igreja o Papa teria que esbarrar? Essas alas seriam menos radicais do que as corruptas? E se um dos Papas João Paulo, o I ou o II, tivesse erradicado a corrupção e a pedofilia da Santa Igreja, haveria paz no oriente médio? Os Aiatolás devem estar atolados até o pescoço num mar de lama semelhante. Numa mistura de lucro com as guerras “santas”, corrupção e ”tutti quanti”. Do mesmo modo estão os déspotas no continente africano. Vivendo como reis (um louco desses chegou ao ponto de se auto-coroar rei, com direito a coroa, manto vermelho, cetro e tudo mais) enquanto a população vive em guerra civil ad infinitum. Até porque, se não houver mais guerras no mundo, para quem os EUA venderão parte do seu PIB em armas?

Ele fez de tudo para os aiatolás voltarem ao poder no Irã
Depois de termos todos os mortais de todos os continentes massacrados, e até já resignados, basta colocarem umas moedinhas em ONGs espalhadas pelo mundo e ainda sair da confusão como o mocinho da história toda. Sobre as ONGs já falei há algum tempo.

Só não posso terminar sem dizer uma última coisa, falar a vocês de um dos negócios mais rentáveis atualmente, e totalmente dentro das leis vigentes no país. Abrir uma igreja. A Católica Apostólica Romana, já tem “dono”, o Vaticano. Entretanto, apesar de já existirem há tempos, as igrejas criadas por Lutero, Henrique VIII, chegando até o Bispo Macedo no século XX, podem-se criar tantas igrejas quantas forem necessárias segundo as convicções das sociedades mundo afora. Aqui falei de igrejas, não necessariamente de religiões.

Agora me digam, desde a Santa Inquisição não mudou alguma coisa?


É mais fácil abrir uma igreja do que um boteco no Brasil...


quarta-feira, 11 de maio de 2011

A Ditadura do Politicamente Correto

“A unanimidade é burra.” Nelson Rodrigues
Ontem li este artigo na Revista do Clube Militar e achei sensacional. Seu único defeito é que, infelizmente, eu não sou a autora. Como este é meu pensamento a respeito do assunto em questão, e já escrevi várias vezes sobre ele aqui mesmo no blog, não me contive em compartilhá-lo com vocês. Até porque uma das grandes hipocrisias que advogam atualmente é rotular de “politicamente incorreto” o fato de mostrar que os militares e as forças armadas produzem um ideário com conteúdo incomparável ao dos “intelectuais de plantão” Brasil afora. Vamos ao texto.

Ninguém insiste tanto na conformidade como aqueles que advogam “diversidade”. Sob o manto de um discurso progressista jaz muitas vezes um autoritarismo típico de pessoas que gostariam, no fundo, de um mundo uniforme, onde todos rezam o mesmo credo. A Utopia de More, a Cidade do Sol de Campanella, a República platônica, enfim, “um mundo melhor é possível”. Se ao menos todos abandonassem o egoísmo, a ganância, e se tornassem almas conscientes e engajadas...

Mesmo se for preciso “forçar o indivíduo a ser livre”, como defendeu Rousseau, esse parece um preço aceitável a se pagar pelo sonhado “progresso”. Foi com base nesta mentalidade que milhões de inocentes foram sacrificados no altar de ideologias coletivistas. Atualmente, os “progressistas” buscaram refúgio em novas seitas, mas a meta continua a mesma: “purificar” a humanidade e criar um paraíso terrestre onde todos serão igualmente “felizes” e “saudáveis”.

A obsessão pela saúde e pela felicidade, assim como a ditadura do politicamente correto são claramente sintomas da modernidade. Vivemos na era da covardia, onde poucos têm coragem de se levantar contra o rebanho.

Estamos sob o controle dos eufemismos, com a linguagem sendo obliterada para proteger os mais “sensíveis”. Todos são “especiais”, o mesmo que dizer que ninguém o é. Chegamos à era do conformismo: ninguém pode desviar do padrão definido, pois as diferenças incomodam muito. Todos devem adotar a mesma cartilha “livre de preconceitos”. Até mesmo o Papai Noel já foi vítima desta obtusa mentalidade. A obesidade é um problema de saúde preocupante no mundo. Um dos culpados? Sim, o Papai Noel. Um médico australiano chegou a afirmar que Papai Noel é um “pária da saúde pública”, e seria melhor se ele fosse retratado sem aquela “pança”, sua marca registrada. Afinal, o bom velhinho é um ícone da garotada, e no mundo atual “não fica bem” um barrigão daqueles influenciando as crianças. Papai Noel “sarado”, eis um típico sinal dos tempos.

Qualquer pessoa com mais de 30 anos deve recordar daqueles cigarros de chocolate que as crianças adoravam no passado. Isso seria impensável hoje em dia. Chocolate, e ainda por cima em forma de cigarro? Seria politicamente incorreto demais para o mundo moderno. Diriam que as crianças vulneráveis seriam fumantes compulsivas, tal como acusam filmes e jogos violentos pela violência.

Pensar na possibilidade de que os próprios pais devem educar seus filhos, impondo limites e dizendo “não”, parece algo estranho demais para os engenheiros sociais da atualidade. As “crianças mimadas”, os adultos modernos, preferem delegar a função ao governo, que será responsável pela “pureza” das propagandas. Quem precisa de liberdade de escolha quando se tem o governo para controlar nossas vidas? Parte importante da liberdade é o direito de cada um ir para o “inferno” à sua maneira. O alimento de um pode ser o veneno do outro. Esta variabilidade humana nos impõe a necessidade da liberdade individual e da tolerância. Ninguém sabe qual o desejo do outro. Infelizmente, estamos vivendo cada vez mais sob a ditadura da maioria. O paraíso idealizado pelos “progressistas” seria um mundo com tudo reciclado, pessoas vestindo roupas iguais, comendo apenas alimentos orgânicos, e andando de bicicleta para cima e para baixo. Paradoxalmente, os “progressistas” odeiam o progresso!

É neste preocupante contexto que chegamos ao fim de mais uma década. Ao longo do processo, alguns indivíduos ousaram remar contra a maré, mesmo que não passassem de vozes isoladas em meio às multidões. Entre os brasileiros, tivemos figuras como Paulo Francis e Nelson Rodrigues, sempre lutando contra a imposição dos medíocres, derrubando os velhos chavões populistas. Seguindo esta tradição, o filósofo Luiz Felipe Pondé lançou novo livro, “Contra um Mundo Melhor”, que pode ser visto como um antídoto amargo a esta doença moderna. A frase que abre o primeiro ensaio já dá o tom da obra: “Detesto a vida perfeita”. Pondé liga sua metralhadora giratória contra todas as mais nobres bandeiras politicamente corretas, desnudando-as e expondo sua hipocrisia. Numa época em que o homem é praticamente obrigado a ser “feliz”, ainda que seja à base de Prozac, os ataques mal-humorados de Pondé servem para alertar sobre os enormes perigos desta trajetória, tal como Huxley havia feito com seu “Admirável Mundo Novo”.


Que saibamos desconfiar mais da cruzada moral dos “progressistas” e sua retórica politicamente correta.


Fonte:
Rodrigo Constantino é Economista.
REVISTA DO CLUBE MILITAR - Nº 440 - FEVEREIRO - MARÇO - ABRIL DE 2011

http://www.clubemilitar.com.br
A Revista do Clube Militar é uma publicação totalmente a cores, lançada em novembro de 1926. Ela contém matérias sobre assuntos diversos. Sua tiragem média é de 14.500 exemplares e é distribuída em todo território nacional.



Exposições Mundiais x Olimpíadas

Num tempo em que a geografia era um impecílio para a comunicação entre os homens, principalmente entre o final do século XIX e início do XX, as Feiras e Exposições Internacionais ou Mundiais se espalhavam pelo mundo.
Eram construídas verdadeiras “cidades de sonhos” dentro das cidades para abrigar as celebrações de datas importantes para os países que as sediavam. A Torre Eiffel é o maior símbolo de uma destas Exposições. Ela foi construída para ser inaugurada na celebração do Centenário da Revolução Francesa, 1889. Aproveitando a data e a virada do século, Paris explodiu em luzes para Exposição Universal. Celebram-se ali os avanços da técnica, a pujança da indústria, a diversidade das civilizações. Enquanto os ingleses, que inventaram a moda das exposições universais com a Great Exhibition realizada em Londres quase quatro décadas antes e, basicamente, dedicada às conquistas da técnica e da manufatura, os franceses reservaram um lugar privilegiado às artes plásticas. No festival de premiações que acompanhou o evento, até o brasileiro Victor Meirelles foi contemplado.
No Brasil, tivemos em 1908, Exposição Nacional que foi promovida pelo Governo Federal, com a justificativa de celebrar o centenário da Abertura dos Portos às Nações Amigas. O grande evento, também tinha como objetivos fazer um inventário da economia, da cultura, da história do país e apresentar a nova Capital da República - urbanizada pelo Prefeito Pereira Passos e saneada por Oswaldo Cruz – a diversas autoridades nacionais e estrangeiras que a visitaram, revelando o Brasil, sua diversidade e seus contrastes, pela primeira vez em toda a sua complexidade.
Alguns anos depois, em 7 de setembro de 1922, o presidente Epitácio Pessoa, em meio a um festival de comemorações ao centenário da Independência, inaugurou, oficialmente, a Exposição Internacional do Rio de Janeiro, que, como a Exposição de 1908, visava atrair libras e dólares para o Brasil. Prédios monumentais, para abrigar stands de 14 países e de todos os estados brasileiros, foram construídos em duas áreas contíguas, que se estenderam do Palácio Monroe ao Mercado da Praça XV e que abrigaram as mostras dos principais produtos brasileiros. Ou seja, todo o espaço antes ocupado pelo Morro do Castelo transformou-se em espaço para a exposição. Nesta noite, após o "Te Deum Laudamus" celebrada na antiga catedral Metropolitana (na Avenida 1º de Março), todos os Palácios da Exposição e os navios ancorados no porto iluminaram a mostra num imenso clarão de esplendor e beleza. Pelos altos falantes da exposição foi transmitida, diretamente do Teatro Municipal, a ópera "O Guarani" de Carlos Gomes. A exposição de 1922 reinou na capital da República dos Estados Unidos do Brasil por 7 meses, até 23 de março de 1923.
Hoje, já contamos com Copas do Mundo de Futebol, Olimpíadas e eventos mais “modernos” para atrair não mais as libras esterlinas, mas os dólares estadunidenses e os euros. Não vou comentar nada sobre 2014 ou 2016. Quem viver, verá.
Vejam algumas fotos do Mestre Augusto Malta mostrando o esplendor da noite de 7 de setembro de 1922. Deve ter sido uma noite realmente memorável. Quisera estar presente naquele momento.


Cartaz da Exposição de 1922


A Torre do Calabouço e a cúpula do famoso "Bolo de Noiva"


Panorâmica noturna da Exposição na Praça XV


A cúpula do Ministério da Agricultura, o "Bolo de Noiva" e a Baía de Guanabara ao fundo


De outro ângulo os prédios no entorno da Praça XV e os fogos de artifício


Observem este prédio, o Pavilhão das Pequena Indústrias. Este prédio NÃO foi demolido. Sua arquitetura foi adequada e ele foi incorporado ao que hoje é o Museu Histórico Nacional.


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Mr. Men and Little Miss

Durante este dia 09 de maio de 2011, o Google Doodle prestou mais uma homenagem através do seu logotipo. O homenageado de hoje foi o ilustrador britânico Roger Hargreaves, que nasceu naste dia, em 1935, em Cleckheaton, na Inglaterra. O ilustrador ficou famoso nos anos 70 quando lançou seu primeiro livro “Mr.Tickle”, da série “Mr. Men and Little Miss”, ou "Monsieur et Madame" na França. Suas ilustrações se destacavam pela simplicidade e cores vibrantes. Seus livros e personagens foram editados em inúmeros países, traduzidos em vários idiomas. Não é para menos, Hargreaves é sensacional.


Roger Hargreave





Um dos logos do Google apresentados hoje




Madame Bavarde, essa sou eu...


sábado, 7 de maio de 2011

Dia das Mães

Essas mulheres são muito especiais. De uma maneira ou de outra, todos nós as temos. Ou já as tivemos bem perto, hoje não mais.

Para mim, o Dia das Mães, assim como qualquer outro "Dia do(as)" é meramente comercial (eu já disse isso antes), pois quem ama e é amado não deseja presentes, nada material, mas carinho, palavras ternas de compreensão, segurança, um ombro para chorar de vez em quando (ou em muito), estar perto, impor limites, respeito, fazer um cafuné, ser coberto de beijinhos desinteressados, ver os filhos transformando-se em homens e mulheres de bem, ter nos filhos os melhores amigos e saber que eles também se sentem assim. Isso é a verdadeira celebração de um amor especial. É celebrar a cumplicidade, o companheirismo, a amizade, essas coisas de quem está dividindo a estrada da vida conosco.

Eu adoraria que todos os filhos, neste Dia das Mães, não gastassem um único centavo com presentes materiais para estimular o comércio e essa onda consumista que nos engole atualmente. Essa coisa de comprar, comprar, comprar já levou a sociedade a uma grande inversão de valores, apesar de muitos ainda não terem percebido. E isso vai nos custar muito caro num futuro breve. É provável que eu não esteja mais neste planeta quando isso acontecer, mas é triste saber que meus descendentes estarão.

Por isso, neste dia, convencionadamente chamado de Dia das Mães, presto minha homenagem a todas as mulheres que tanto lutaram para ter seus bebês fofinhos, mas que a Mãe Natureza, caprichosa como ela é, não o quis. E são essas mães aquelas para quem corremos de braços abertos na hora em que mais precisamos. Essas mulheres são mães especialíssimas, pois elas são a mãe de cada sobrinho, cada irmão, cada familiar, sem exceção. Preocupam-se com todos na família. Não dormem antes de rezar por cada um deles. São tão mães quanto às biológicas.

Eu tive a honra de ter várias mães. É isso mesmo. A biológica, que me fez ser o que sou até seu último dia de vida. Minha madrinha de batismo, irmã de minha mãe, tia Marly, que várias vezes esteve presente nas festinhas da minha escolinha maternal para receber os presentinhos que fazíamos. Isso porque, hoje é que eu entendo, e me orgulho enormemente do seu pioneirismo, minha mãe estava trabalhando fora, coisa que em 1964/65, era difícil acontecer. Minha adorada tia Norma, que me viu nascer, chorar muito de birra, crescer, fazer malcriação e depois eu ainda tive o grande prazer de vê-la com minha filha nos braços ainda na maternidade. Cá entre nós, tem “lembrancinha” que pague esse momento? E a minha querida, doce e delicadíssima tia Marilene, quero deixar o meu beijo carinhoso e a minha eterna gratidão por ter me acolhido e me adotado como se fora uma filha (mimada) quando minha mãe já não se encontrava mais entre nós. Esses momentos, pessoal dos presentinhos e dos shoppings lotados, que não há dinheiro no mundo que pague. Por isso, eu prefiro sempre homenagear, mães, pais, mulheres, professores, amigos todos os dias do ano, sem dia ou hora marcados. Isso sim é o verdadeiro significado de “lembrança”. Nada a ver com “lembrancinha”.

Desejo a todos um iluminado domingo das Mães.



Escolhi esta mulher para representar todas as mães do mundo.



terça-feira, 3 de maio de 2011

A Sereníssima República de Veneza

Veneza, assim como Paris, tem uma aura impetuosa de romantismo. O motivo, se é que existe um, eu desconheço, mas se não podemos conceituá-lo em palavras, qualquer visitante destas duas cidades sente com exatidão o significado deste estado de alma inebriante que nos toma de assalto. É o predomínio da sensibilidade e da imaginação sobre a razão. Há algumas décadas que os turistas de todo o mundo visitam Paris para flanar pelas calçadas largas e arborizadas da cidade-luz; do mesmo modo que visitam Veneza ansiosos por gondolar pelos canais da cidade. A cidade onde as ruas são canais.

A vestimenta típica dos gondoleiros

No entanto, Veneza não é apenas uma cidade romântica e de beleza arrebatadora. É muito, muito mais do que apenas isso. O ar de Veneza (assim como o de outras cidades italianas) enche nossos pulmões com sua história secular. Muitos turistas visitam muitos lugares mundo afora pela beleza plástica do cenário que se apresenta. Esquecem-se, contudo, de toda a história da civilização que povoou aquele lugar. É disto que eu quero falar. Àqueles que já estiveram em Veneza, eu pergunto, o quanto daqueles prédios, paredes, pontes, praças teriam para contar se pudessem nos dizer muito do que já presenciaram? Por exemplo, quantas pessoas já estiveram em Veneza e não sabem que ela já foi uma república? Que sua justiça exemplar tornou-se um dos seus ícones? Quantos sabiam que ela se chamava a ‘Sereníssima República de Veneza’? Pois então eu vou contar, em um parágrafo sucinto publicado pelo Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta no blog História do Veneto.

O encantamento das ruas que são canais
Doge
Doge, palavra vêneta do latim dux, comandante. É a denominação do comandante ou primeiro magistrado supremo eleito, das antigas repúblicas de Gênova e Veneza.

A Justiça em Veneza, na época da Sereníssima República, era exercida de modo exemplar e se transformou em um dos seus grandes mitos. Aos acusados era dada oportunidade de defesa e usava o mesmo rigor no caso em que eles pertencessem à classe dirigente. A inexorabilidade e a eficácia dos órgãos da justiça vêneta de então permitiram conter a criminalidade. No período compreendido entre os anos de 1300 e 1797, portanto em quase quinhentos anos, as condenações à morte foram em número de 1279, ou aproximadamente de duas ao ano. Trata-se de um número pequeno em relação ao que acontecia nesse mesmo período no resto da Europa. A pena mais severa depois da pena de morte era a de exílio, expulsão dos domínios da República de Veneza. Se o criminoso era condenado aos trabalhos forçados, significava que era embarcado nas galeras como remador, os chamados de "galeotto". Nas prisões da Sereníssima existiam os famigerados "piombi", assim denominadas as prisões revestidas de placas de chumbo que cobriam o seu teto, como nas prisões do Palazzo Ducale. Os Doges deviam ser responsáveis e administrar com honestidade a Sereníssima República de Veneza. Os que não agiram corretamente foram executados como foi o caso do Doge Marino Falier que articulou um plano para impor um poder absoluto em Veneza contra o Governo Colegiado vigente. Julgado, foi condenado por alta traição e decapitado no pátio do Palazzo Ducale, em execução reservada com as portas fechadas. A justiça da República tinha força para permitir a punição e até a decapitação do seu líder máximo. Quando assumiam o cargo os doges deviam jurar fidelidade e honestidade à República, não devendo fazer do cargo trampolim para poder pessoal ou para enriquecimento particular. Os doges não deviam se considerar senhores de Veneza, mas somente os servos honorários da república e submeter-se às mesmas leis vigentes como qualquer outro cidadão comum.

O Palazzo Ducale

Agora volto eu para dizer que isso aconteceu em plena Idade Média na europa. Será que algum dia, no futuro, chegaremos a algo semelhante? Chega a ser engraçado, pois ainda temos de admitir que vivemos num mundo "moderno"!

O corso "Bounaparte"
E qual foi o motivo do final das Sereníssimas Repúblicas de Veneza e de Genova? Isso aconteceu em 1797. Naquela época, quem era o algoz da europa? Com o desejo veemente de alcançar poder, glória, riqueza, posição social etc? Exatamente. Napoleão Bonaparte. Pelo Tratado de Campofórmio, em Outubro de 1797, a Áustria recebeu a República de Veneza em troca do reconhecimento da República Cisalpina (região que hoje corresponde essencialmente à Lombardia e à Emilia-Romanha, à época, com capital em Milão). O mesmo Napoleão Bonaparte anexou a também ’Sereníssima República de Genova’, já com o nome de República da Ligúria, ao recém proclamado Império francês.


Fonte: Arquivos da La Piave FAINORS Federação Vêneta do Rio Grande do Sul
Postado pelo Dr. Luiz Carlos B. Piazzetta, Erechim, RS
Blog História do Veneto



domingo, 1 de maio de 2011

As Núpcias Reais e seus Bolos de Casamento

O bolo de casamento como o conhecemos hoje começou a se tornar um hábito na década de 1700. Os bolos de múltiplos “andares” ou camadas eram feitos com frutas frescas para simbolizar a fertilidade. Naquela época, produtos perecíveis eram extremamente caros. O açúcar branco refinado era um dos itens mais caros de todos. O bolo de casamento branco tradicional não era um símbolo de pureza e virgindade, mas sim um sinal de riqueza de uma família. A cobertura branca e espessa ficou conhecida ‘Royal Ice’ e ganhou o seu nome quando foi usada no bolo de casamento da Rainha Victorria com o Príncipe Albert.
Mas o que é o 'Royal Ice'? É uma cobertura feita essencialmente de Marzipã, que é, por sua vez, preparado a partir de uma pasta feita de amêndoas moídas, açúcar e claras de ovos, que pode ser facilmente moldada também devido à sua textura. É o marzipã que conhecemos atualmente, mas elaborado pelos mais renomados chefs-pâtissiers britânicos.

Rainha Victoria e Príncipe Albert – 1840
Para acomodar seus convidados e uma multidão de parentes reais no casamento da Rainha Victoria, foram necessários vários bolos de casamento. Um deles pesava quase 300 quilos e media três metros de circunferência, feito pelo Sr. John Mauditt, confeiteiro da Rainha Victoria no Palácio de Buckingham. A figura do Britannia foi colocada no topo do bolo para, simbolicamente, abençoar os noivos. Ele também apresentava buquês de flores brancas amarradas com nós entrelaçados feitos com fita de cetim branco. Os buquês foram dados como presentinhos aos convidados no café da manhã do casamento. Em 2007, um fragmento ainda conservado do bolo de casamento da Rainha Victoria foi descoberto nos "Arquivos Reais" e exibido durante a celebração das Bodas de Diamante da Rainha Elizabeth II. Bodas de Diamante são celebradas quando o casal completa 60 anos de casamento.

Bolo oficial do casamento da Rainha Victoria em 1840.

Príncipe Albert e Lady Elizabeth Bowes-Lyon (The Queen Mum) – 1923
A confecção de um enorme bolo coberto com ‘Royal Ice’ para o Duque de York, mais tarde Rei George VI, com dez metros de altura, foi exibido em Reading, Inglaterra, pouco antes do casamento para o deleite de uma enorme fila de plebeus.

Foto oficial do bolo de casamento da Rainha Mãe

Detalhe da decoração do bolo de casamento da Queen Mum

Princesa Elizabeth e Duque de Edinburg – 1947
Com uma camada a menos do que o de seus pais, o bolo do casamento da princesa Elizabeth com quatro níveis foi criado por McVitie & Price Ltd. Devido ao racionamento de guerra, os ingredientes foram doados pelas "bandeirantes" (escoteiras?) australianas ‘Girl Guides’. Decorados com ‘Royal Ice’ o bolo apresentava centenas de filigranas curvas, que foram comparados às torres dos castelos escoceses da família real. As fatias foram cortados com a espada do Duque e a última e mais alta camada do bolo foi guardada em condições especiais para o batismo do príncipe Charles em 1948.

A Casa McVitie & Price Ltd confeccionou o bolo de casamento de Phillip Mountbatten e a então princesa Elizabeth

Detalhe do bolo elaborado por McVitie & Price Ltd
 

Príncipe Charles e Lady Diana Spencer – 1981
Lady Diana e o Príncipe Charles também tiverem um bolo de frutas em cinco camadas no seu casamento. O bolo foi criado por David Avery, confeiteiro-chefe da Escola de Culinária da
Real Marinha Britânica. O bolo foi decorado com ‘Royal Ice’ e teve o brasão de armas reais da Casa de Windsor, o brasão de armas do príncipe, um ‘C’ e um ‘D’ ornamentais, o escudo da família de Lady Diana e dezenas de flores. Sinceramente, para mim, este foi o bolo mais "sem graça" de todos os que já foram feitos para a família real britânica. Um atenuante, se podemos chamar assim, é que quase tudo no casamento de Charles e Diana foi bem "brega". Isso porque os anos 80 em si foram mesmo de uma "breguice" só. Então, pode-se culpar a moda vigente à época.

David Avery, confeiteiro-chefe da Escola de Culinária da Real Marinha Britânica; criador e criatura juntos.

Príncipe William e Catherine – 2011
Você provavelmente já viu alguns bolos de casamento de tirar o fôlego em sua vida, mas duvido que você tenha visto algo parecido com isso. O bolo para o Príncipe William e Catherine, Duquesa de Cambridge, foi uma obra-de-arte de marfim com oito camadas, decorada com 900 delicadas flores feitas com pasta de açúcar. O bolo foi apresentado numa recepção à tarde ao Palácio de Buckingham, conforme relatou o jornal Daily Mail. Quanto tempo se leva para fazer um bolo assim? Pense em semanas, não em dias. Cinco exatas semanas. O Palácio contratou a cake designer Fiona Crains e sua equipe em fevereiro para fazer o pedido do bolo, e não é que a noiva tinha alguns pedidos específicos?!
"Catherine não queria que fosse daqueles bolos com sete metros de altura, tampouco algo sem criatividade, parecendo uma torre alta e fina como têm sido todos os bolos da família real, e acho que conseguimos", diz Cairns.
A noiva também queria alguns elementos da técnica de decoração de bolos de Joseph Lambeth, por isso o bolo tem um monte de tubos intrincados, como se pode ver pelas fotos.
Este foi para os aficionados da arquitetura escondida. "Nós retratamos alguns dos detalhes arquitetônicos do salão de recepção de modo que as guirlandas nas paredes foram reproduzidos livremente na quarta camada - usamos rosas, frutos do carvalho, folhas de hera, flor da macieira e flor rosa de noiva", diz ela.

A cake designer Fiona Crains ao lado do bolo de Casamento de William e Kate

Visto deste ângulo percebe-se que é uma master piece

O bolo e seus detalhes mais do que perfeitos.

Se os bolos dos reais casamentos britânicos têm tanto para contar, fico imaginando as outras partes que compõem um casamento, vestido da noiva, fotos, convites etc.