sexta-feira, 18 de maio de 2012

Então... Onde?

“Então”, hoje estou com uma vontade irresistível de falar sobre o Português. Não, não dos rapazes que nascem em Portugal, mas da língua portuguesa, por isso o ‘P’ maiúsculo em ‘Português’.

Penso que, pior do que os graves erros gramaticais e de ortografia da língua portuguesa, são esses horrendos vícios de linguagem que acometem a população de quando em vez. Digo de quando em vez porque eles aparecem em ondas. Duram um certo tempo e desaparecem como a espuma das ondas do mar na areia da praia. Isso porque são logo substituídos por outros. Na maioria das vezes, piores do que os anteriores.

Um desses “vícios-modismos”, atualmente, é o uso indiscriminado do advérbio “então” como uma interjeição para começar qualquer frase. Alguém poderia explicar o porquê disso? De onde desenterraram tantos “entões”? Será que é falta de inspiração ou de vocabulário?

O outro “vício-modismo”, e esse é um erro, é o uso do advérbio “onde” como se fosse um pronome relativo. Vejam esta pérola retirada de uma propaganda de um site: "Conheça ainda nosso Plano de Fidelidade, onde concedemos descontos de até 10 Frete gratuito (sic)!".


Ai, meus sais! O advérbio "onde" ocorre com valor circunstancial de lugar. Isso significa que somente poderá ser usado na indicação de lugar: Estar em algum lugar, ir a algum lugar, vir de algum lugar. Uma vez que haja o valor circunstancial de lugar, pode-se usar o advérbio "onde". Por exemplo, “A casa onde estive pertenceu à Princesa Isabel.” Será que as pessoas esqueceram-se de que ainda existem os pronomes "que" e "qual"?

Então (aqui utilizado corretamente!), por que a população deste Brasil não usa os bons e velhos "no qual", "na qual", "nos quais", "nas quais", “em que”, “com o qual”, “para a qual”, “com o que” etc., sem, obviamente, deixar de fazer as respectivas concordâncias de gênero e de número?

Vou repetir aqui o que escrevi há alguns dias no Facebook para uma amiga brasileira que leciona numa faculdade nos Estados Unidos. “A língua portuguesa foi assassinada e estamos em seu velório até hoje. O problema é que, com o passar do tempo, o "defunto" vai ficando malcheiroso. Por isso, qualquer dia desses, vão acabar por enterrá-la de vez.” E ela me respondeu: “Você tem razão. E vai chegar a hora em que esse linguajar pobre será o padrão.” E então eu arremato para terminar, “em parte já é, infelizmente.”


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Por que construíram o Hangar dos Zeppelins em Santa Cruz?

Em 1930, os alemães da Companhia Luftschiffbau Zeppelin vieram ao Brasil escolher a área apropriada para pouso e abrigo dos Zeppelins. Após meticulosos estudos climáticos, direção dos ventos, velocidade e também possibilidade de meios de transporte, foi escolhida a área próxima à Baía de Sepetiba. Essas terras foram doadas pelo Ministério da Agricultura e totalizavam 80.000 m2. No ano seguinte, o Hangar concebido por engenheiros alemães, começou a ser construído pela companhia brasileira "Construtora Nacional Condor". A construção do Hangar seguia as instruções do gigantesco Kit fornecido pelos alemães. Um acordo entre o governo brasileiro e a companhia alemã previa a construção de um aeródromo no local, que mais tarde foi denominado Bartolomeu de Gusmão.



Além da construção do Hangar, foi instalada também uma fábrica de hidrogênio para abastecer os dirigíveis e uma linha ferroviária ligando o “aeroporto” à estação de D. Pedro II. Finalmente, em 26 de dezembro de 1936, o Hangar foi inaugurado com a ativação de uma linha regular de transportes aéreos que ligava Frankfurt ao Rio de Janeiro com escala em Recife e contou com a presença do então presidente da república, Getúlio Vargas.

Até aqui tudo bem, mas onde está a resposta para a pergunta no título do post? Não sei, não... Mas acho que a encontrei, meio que por acaso, esta manhã durante minha atual leitura.

Em 1933, Getúlio Vargas fez uma viagem pelos estados do nordeste e norte do país pensando em conhecer melhor o Brasil. Seguiu no navio Almirante Jaceguay do Lloyd Brasileiro. Quando o navio rumava para a Bahia, foi sobrevoado pelo Zeppelin. Naquele dia, Getúlio Vargas escreveu em seu diário sobre a “pujança alemã, sua capacidade tecnológica e disciplina”. Na volta desta viagem, Getúlio seguiu de Recife para o Rio de Janeiro no Graf Zeppelin. Desceu no Campo dos Afonsos, após viagem inesquecível e que rendeu bons dividendos aos alemães. “O governo comprou por quase um milhão de dólares, da Zeppelin, 30 viagens, uma por ano, até 1964, entre o Brasil e a Alemanha. A compra, de tão exótica, deixou um rastro de suspeita jamais decifrado. Em contrapartida, os alemães construiriam um hangar para acomodar a imensa aeronave em suas paradas no Rio de Janeiro.”



Um trágico acidente com o dirigível Hidenburgh, na noite do dia 6 de maio de 1937, quando este incendiou, retirou de circulação estas maravilhosas naves silenciosas. O hangar de Santa Cruz está incorporado à Base Aérea dos Afonsos, no Rio de Janeiro, desde 1941. E hoje é o único hangar para Zeppelins existente no mundo, pois os outros dois que foram construídos, um na Alemanha e outro nos Estados Unidos, já não existem mais.
Alguém conhecia este “detalhe” da história?



Fontes:
http://waveland__1.tripod.com/zeppelin/zeppelin.html
Os Tempos de Getúlio Vargas, José Carlos Mello, Topbooks Editora, 2011