sábado, 5 de outubro de 2013

O Melhor Recreio de Todos

Eu tenho amigos maravilhosos. Conhecemo-nos há mais de 40 anos. Dos tempos do colégio, quando ainda chamávamos de curso ginasial. Terminamos o colégio, fizemos vestibular, estudamos muito e, finalmente, entramos naquela coisa louca que é a rotina de quem trabalha muito, se casa, tem filhos e sofre de um mal chamado “falta de tempo”; e ainda dizemos que é a vida atual que é muito “corrida”.

Depois de tantos anos, a tecnologia deu aquele empurrãozinho que faltava para que pudéssemos nos reunir todos no mesmo dia, no mesmo local. Foi um reencontro raro e admirável. Reconhecer cada amigo que chegava num generoso abraço foi maravilhoso. A singularidade das nossas emoções fez com que já saíssemos do primeiro encontro pensando no segundo. E o segundo encontro foi mais gostoso ainda. É isso mesmo, gostoso, porque nossos encontros têm sabor, cheiro, arrepios, tudo a que temos direito.

Eu tenho um amigo lindo. Esse meu amigo descreveu com palavras doces e suaves cada sensação que, ontem à noite, voava vagarosamente pelo ar ao nosso redor. E deixou uma pergunta que teima em permanecer na minha mente. Como pudemos ficar tanto tempo sem nos reencontrar? A quem achar a resposta, convido a sentar-se ao meu lado numa nuvem cor-de-rosa de onde venho meditando sobre a questão.

Agora deixo com vocês as doces e suaves palavras do meu amigo, Sávio Hissao Uehara, um menino que sabe, como poucos, colocar no papel os sentimentos mais profundos e os mais superficiais também.

“Acabei de chegar em casa. Cansado, mas extremamente feliz. Mesmo assim, resolvi compartilhar agora o que seria feito mais tarde. A vontade é maior que o cansaço.

Hoje foi realizado o II Encontro da Turma 806 estendida. O local foi o excelente restaurante de frutos do mar “Capitania dos Copos”, cujo proprietário é o nosso querido amigo Carlos Brandão, que se superou como anfitrião. No final vocês saberão o porquê.

Compareceram Carmen Bonecker Chaves, João Henrique Dos Santos, Eliane Bonotto, Denise Xavier, Rubem Porto Jr, Antonio Casqueira "coruja", Dilma Penha Lopes Pavlidis, Vera Sá, Carlos Brandão, Amélia Mel Freitas, Inês, Marcos, Kátia e Sávio Hissao Uehara.

O mais legal de tudo isso é que mesmo os ausentes - acreditem - estavam bastante presentes e foram lembrados com alegria: Giulio Zappa, Dário, Graça, Marita, Marta, Margarita, Judy, Lucila, Márcia Said, Abílio, Sumaia, Ielca, Regina Lídia, Regina Nadaes, Andréa, Franci, Beatriz e Patrícia.

Deixei por último, de propósito, uma pessoa que é iluminada e muito querida por todos, mas que não pôde comparecer por problemas técnicos: falta de conexão wi-fi. Por óbvio estou a falar de Mema (Maria Noemia), que jamais faltará ao nosso encontro. Mema, você sempre fará muita falta, mas, como você tem luz própria, sempre repousará essa luz sobre nós. Um beijo no seu coração.

Uma pessoa que não canso de homenagear é a Carminha, que conheço há mais de 45 anos desde o tempo em que estudávamos na Escola Rotary, isso sem contar os outros: João Henrique, Márcia Said, Regina Lídia, Inês.... Mas por que homenageá-la? Porque ela foi importantíssima para o nosso reencontro. O Facebook pode ter facilitado, mas a Carminha, com seu carisma e o seu jeito singular, conseguiu contagiar a todos. De se perguntar: como pudemos ficar tanto tempo sem nos reencontrar?

A dupla Carminha/João, aliás, é impagável no seu humor refinado e inteligente.

A ideia do encontro mensal partiu da Carminha. Temia-se, no entanto, que pudesse haver desgaste com o tempo. Ah! Como ficamos contentes com o engano! A Carminha tinha razão e o II Encontro foi emocionante! E põe emoção nisso!

A noite foi memorável! Impossível relatar tudo. Algumas passagens são engraçadas, mas perderiam todo o encanto fora daquele contexto; outras, por óbvio, são impublicáveis....

A tônica, como sempre, foram as recordações do tempo de Lemos Cunha e de como éramos felizes. Infelizmente, não é possível ouvir e conversar com todos, até porque a conversação é simultânea. Mesmo assim, sempre atento, ouvi histórias que me fizeram emocionar, como por exemplo, a do Rubinho, na difícil escolha pelo magistério. Que relato sincero e lindo! Também foi comovente a lição de vida da nossa pequena guerreira Eliane; Verinha é outra referência. Não há como não admirá-la; pude bater longo papo com Amélia sobre tudo. Tenho a convicção de que a distância não será empecilho para os novos encontros.

O ponto alto do encontro veio no final! O Carlos providenciou o bolo para a aniversariante Denise. Logo após nós cantarmos o tradicional “parabéns...”, veio a surpresa. E que surpresa: ao acender a luz, Carlos aparece vestindo a camisa do Lemos Cunha, que ele mandou fazer, e começa a distribuir para todos igual camisa. Por essa ninguém esperava! Todos gritavam de alegria! Confesso que quase chorei. Era muita emoção. Se a recordação já nos levava a uma breve viagem no tempo, vestir aquela camisa era voltar, literalmente, para os bancos escolares do Lemos Cunha.

Estamos todos agradecidos ao Carlos. Ele teve a sensibilidade e o carinho de mandar confeccionar cada uma das camisas. Somente uma pessoa comprometida com o nosso ideal poderia ter a fantástica ideia. Ele lavou a alma de todos!

Alguém duvida que o III Encontro será melhor ainda?

Perdoem-me pelos eventuais equívocos gramaticais e de digitação, mas o sono impede-me de continuar.....

Beijo para todos,

Sávio”

Quis, com isso, compartilhar com todos o grande orgulho que tenho de ser uma ex-aluna do Colégio Capitão Lemos Cunha no Rio de Janeiro. É isso!

domingo, 17 de março de 2013

Brasília ou Vera Cruz?

Que nossos parlamentares são pródigos em ideias insólitas ao apresentarem seus projetos para a apreciação do Poder Legislativo todos já sabemos. E não pensem que isso é coisa atual. Ainda outro dia, deparei-me, no site da Câmara dos Deputados, com o, no mínimo interessante, projeto nº 2396 de 1957.

Quando da criação da nova capital do país no planalto central, a Comissão de Mudança da Capital cuidou de criar a Lei 2874 de 19/09/1956 que, no seu artigo 33, diz: “É dado o nome de ‘Brasília’ à nova Capital Federal”.

Eis que, em 25/03/1957, o eminente deputado Daniel Faraco, de quem jamais ouvi falar, protocolou seu projeto nº 2396/1957 na Comissão de Constituição e Justiça. O projeto pretendia, vejam a pérola!, “Dar o nome de ‘Vera Cruz’ à nova Capital Federal”.

Consistia de apenas dois artigos:
Art. 1º - É dado o nome de “Vera Cruz” à nova Capital Federal.
Art. 2º - Revogam-se o artigo 33 da Lei 2874 de 19/09/56 e quaisquer outras disposições em contrário.


Agora vamos à parte, digamos assim, burlesca da ideia do nobre deputado: a justificativa para o projeto.
"Vera Cruz" é, por todos os títulos, nome muito mais expressivo e rico de sentido e tradição do que "Brasília".
A cruz marca de modo impressionante o destino do nosso país.
Esteve nas velas das naus que o fizeram surgir para a civilização.
No primeiro nome que à Terra deram os seus descobridores.
No ato solene de posse que lhe fixou a língua e encaminhou a história.
Está nos céus, na bandeira, nas armas nacionais.
"Vera Cruz", muito melhor do que um nome de fantasia e sem conteúdo, indicará a fidelidade do Brasil à sua vocação cristã e às suas raízes históricas.



No parecer do relator, deputado João Menezes, dado em 18/06/1957, foi dito, entre outras coisas, que: “Evidentemente, não encontramos no mesmo nenhuma conveniência, quer de ordem histórica, de forma, ou de origem popular. Além do mais, o nome Brasília já está consagrado pelo uso e espalhado pelo mundo, refletindo esta iniciativa arrojada que vinha figurando sem resultado prático em nossos dispositivos constitucionais.”

A Comissão opinou unanimemente na forma do parecer do relator. Nem poderia ser diferente.

Há mais de meio século pagamos os salários de reles parlamentares que, em vez de agirem visando à raiz dos problemas da nação, comparecem (quando o fazem) à casa do povo para, como se dizia antigamente, apenas “comer a merenda”. Triste realidade.



Os lindos prédios ecléticos da antiga Avenida Central

Na foto abaixo vemos os belos prédios do Jockey Club e do Derby Club no Rio de Janeiro. O Jockey ficava na esquina da Av. Rio Branco com a Av. Almirante Barroso, bem em frente ao Clube Naval, prédio que resiste até hoje. O Derby ficava ao lado do prédio do Jockey, fazendo esquina com a Rua Heitor de Melo, nome do arquiteto que construiu os dois prédios.


Os dois prédios ocupavam o quarteirão entre a Av. Almirante Barroso e a Rua Heitor de Melo.


Os dois clubes fundiram-se em 1932 formando o Jockey Club Brasileiro. A primeira diretoria do Jockey Club Brasileiro (unificando o Derby Club) teve como presidente o Dr. Linneo de Paula Machado. Na década de 1950, foi construída uma nova sede social do Jockey, projetada por Lucio Costa, na Av. Presidente Antonio Carlos.

Apesar dos protestos, os dois prédios foram demolidos no início dos anos 70. No local antes ocupado pelos dois prédios na Av. Rio Branco, foi construído, entre 1972 e 1976, o Edifício Linneo de Paula Machado, um caixote de vidro de 34 andares, fruto, é claro, da especulação imobiliária no local.



quinta-feira, 14 de março de 2013

Manifesto pela Reforma Democrática - 1962

Não se procure nestas palavras o programa completo para um governo. O que se encontra a seguir é um reduzido número de afirmações. Caberá demonstrá-las, explicá-las, sustentá-las, não aqui, não agora. Elas se demonstrarão, por si mesmas, melhor do que eu poderia fazê-lo. Não adianta deblaterarem ou silenciarem sobre elas. Adotadas, resolverão a crise que aflige o Brasil, abrindo caminho à reforma democrática. Desprezadas — e quanto é fácil, com a pedanteria em voga, ou as costumeiras alusões a fórmulas mágicas, à feitiçaria político-social com que se distraem os donos do Brasil — elas demonstrarão, a contrário senso, a sua valia. Numa palavra, elas se confirmarão também pela sua não-aplicação.

Se não adotar, com urgência, soluções realistas, quem não vê que o Brasil caminha para uma. ditadura ? Não importa qual, não importa de quem. Mas, é evidente, cada dia mais, que nenhuma nação resiste a tantas crises sucessivas sem que, a certa altura, uma força de ordem se imponha — e quem vai clamar pelo seu advento, na rua, é o próprio povo aflito.

A ordem democrática, a ordem com liberdade, a disciplina consentida, o esforço conjunto, as soluções honradas — ou a ordem imposta, a ordem armada e mistificadora. Eis a escolha a fazer. Não nos falem de "direita" ou de "esquerda". Os donos do Brasil são ambidestros. Não há incompatibilidade maior. Entre "esquerda" e "direita", como já foi demonstrado no mundo em geral e, em particular, no Brasil. O submundo, tosco de ideias e refinadamente intuitivo dos caudilhos não conhece direita nem esquerda senão como rótulos. O que lhes importa é o Poder, o uso pessoal dele, para enriquecer, para afogar suas inferioridades no ódio, na cobiça, na deslumbrada mediocridade do espanto de se verem tão alto — sem saber corno nem para que.

Não se procure fugir à realidade que se aproxima, por meio de subterfúgios e desculpas tais como a maturidade do país, a estabilidade das instituições, o legalismo das Forças Armadas, a superação da fase dos golpes, etc. Cada vez que se falou nisto, foi um golpe que se desencadeou. A intenção legalista põe — e a conjuntura dispõe.

O famoso gênio brasileiro para a solução pela tangente, o "jeito" para contornar crises, não é senão o outro nome cio horror à responsabilidade, do temor de enfrentar a realidade e resolver, francamente, decididamente, os problemas postos perante os responsáveis pela sorte da Nação.

Já se recorreu demais ao "jeito". A fase das soluções de expediente chegou ao fim. A inflação produz os seus derradeiros efeitos: os de obrigar a Nação a optar. A opção não tarda.

Não adianta recriminações. Nem mesmo parece aconselhável perdermos mais tempo num ajuste de contas. Se queremos que esta Nação se levante, precisamos agir com rapidez; e agir certo.

Que fazer?

Direi o que me parece. Não sem antes também declarar, ainda uma vez, o meu otimismo, se soubermos agir — e se as Forças Armadas, ao menos, não desertarem do seu dever antes de se completar o esforço, crescente e bem sucedido, de sua desagregação. Mas, o nosso otimismo não se confunde com o risonho, transbordante e comunicativo dos inconscientes.

É um otimismo lúcido, fundado no conhecimento de realidades positivas e no, por assim dizer, pressentimento da vitalidade do Brasil e do seu povo. Como não ser otimista ante uma nação que foi capaz de resistir a tantos abandonos e de sobreviver a tantos assaltos?

O que o Brasil tem de positivo, a seu favor, para um esforço nacional de reconstrução e de prosperidade, é imenso. No que ele está muito mal servido é de quadros dirigentes. Estes são escassos e muito deteriorados pela inflação, pela ignorância e pela desonestidade. Estes, manda a verdade dizer que quase não têm onde se preparar em quantidade e qualidade bastante para a crescente demanda.

Preocupa muito, é certo, e também não há como ocultá-lo, a desagregação crescente das Forças Armadas, nas quais — é preciso que se dê o alerta — já penetrou o espírito desfibrador da inflação, formando grupos que disputam entre si a hegemonia ocasional. Um negocista, um só, o pior deles. o mais sórdido, o mais reles, o mais torvo, tornou-se o empresário, o anfitrião, para dizer o menos, de homens responsáveis pela segurança nacional.

Este é um exemplo que vale como um aviso. Pois, queira-se ou não, as Forças Armadas, que atuaram quase sempre corno poder moderador, arriscam transformar-se em fonte de provocação e de opressão, se continuar o atual processo de sua decomposição.

Mas, como não podia deixar de ser, reponta, espontânea, insopitável, a reação contra essa tendência desagregadora e aventurista. A consciência cívica fala mais alto do que o convite à inconsciência e a provocação ao egoísmo e à vida fácil, pela qual se veem os quartéis rodeados, corno de uma inundação que ameaça lhes invadir os pátios limpos. Não tenho dúvidas em confiar, ainda, no êxito dessa reação liberal, isto é, em favor da única liberdade durável, a liberdade com responsabilidade; embora ela tarde e faça correr, com sua tardança, um imenso risco à Nação.

Antes, pois, de entrar na enumeração de providências e reformas que constituem, em linhas gerais, o processo da Reforma Democrática do Brasil, devo singelamente afirmar que faço este esforço sem temores e sem ambições. Faço-o porque hoje, no governo, vejo confirmado o que denunciei quando estava na oposição. O que vi por dentro era ainda pior do que, de fora, parecia. O Brasil tornou-se propriedade de uma casta, que hoje se disfarça de socialisteira como ontem de fascista, mas na realidade é uma casta de incapazes e desonestos profissionais da demagogia, a patronal e a operária, a falar de reformas que não faz porque não quer e porque, se quisesse, não saberia fazer honestamente.

Faço-o, sem ressentimentos e sem recriminações. Dou o nome às coisas, costumo chamar pelo nome os principais responsáveis. Mas, não esqueço que existem outros, corno os omissos, os que deixam correr o marfim, os que não procuram mais do que os seus interesses imediatos, sejam estes de ordem pecuniária ou espiritual. Há urna espécie de competição no país: o campeonato da Demagogia e da Corrupção. Vemos padres demagogos, patrões demagogos, estudantes demagogos, economistas demagogos, generais demagogos, colunistas demagogos. Os mais modestos demagogos são, agora, exatamente os que tinham certo direito de o ser, os políticos, os parlamentares. Há uma grande responsabilidade de órgãos de informação e orientação, que informam mal e orientam segundo conveniências pessoais, momentâneas, subalternas — com as exceções do costume — e alguns dos quais se prostituem com a volubilidade de quem julga que nunca terá de prestar contas a ninguém pelo uso que faz dos instrumentos que a Democracia deixa em suas mãos.

Isto posto, diga-se ainda, não tenho a pretensão de concorrer com os ilustrados demagogos da sociologia que, ultimamente, campeiam no Brasil. jejunos da matéria, justificam "ideologicamente" qualquer absurdo.

Uma análise séria das últimas eleições, de 7 de outubro deste ano, seria reveladora. Dispensem-me de a fazer aqui. Tenham-na por feita. E não percam de vista o espetáculo edificante dos candidatos à presidência da República se acotovelando num concurso de pernas ideológicas, vestindo o maiô socialista para tentar ganhar a coroa de Rei da Esquerda, que o Sr. Jânio Quadros arvorou a três pancadas e deixou rolar da cabeça.

Vejamos, de outro lado, o povo. Na medida de suas forças, desajudado pela falta de escolas, que os donos do Brasil têm o cuidado de lhe não proporcionar; pela falta de universidades autênticas, que são incipientes e quase todas transviadas; pela incompreensão de que a distribuição da riqueza é função da criação da riqueza, e esta depende muito mais do aumento da produção do que as leis generosas que distribuem o que não existe; exasperado pela ação exaustiva da inflação sobre seus sentidos e sua razão; tomado de surpresa por fenômenos como a renúncia de Jânio e o imbróglio presidencialismo-parlamentarismo que é um debate intramuros em Brasília, entre um Parlamento indefeso e um Presidente indefensável; mistificado por uma propaganda que comercializou a política, ainda assim o povo se recusa à subversão a que o convidam. O povo resiste à sedução do desespero.

E, creio, ainda não desanimou.

É o que me anima, também, a propor à sua consideração estas ideias para soluções básicas, pontos de partida da Reforma Democrática do Brasil.

A começar logo, sem prejuízo de qualquer medida, é urgente promover o Balanço Econômico nacional. Não pode o Brasil prosseguir sacando sobre o futuro sem saber com que conta no presente, para esse arranco. Que se sabe da riqueza e das disponibilidades nacionais? Pouco mais do que nada. Dos swaps do Banco do Brasil à atividade predatória da casta dominante sobre a Petrobrás, tudo o que se faz no Brasil é no escuro. O conhecimento da realidade sobre a qual operam os políticos e os administradores é essencial.

Entretanto, as outras medidas são:

1. Reforma Agrária, imediatamente iniciada, usando a legislação vigente e aquela há pouco aprovada pelo Congresso. Instituição de um Fundo de Resgate para a indenização das terras que tiverem de ser desapropriadas, por meio de pagamento em ações de empresas estatais (como Volta Redonda, Vale do Rio Doce, etc.), cotadas em Bolsa. A exigência constitucional do pagamento prévio e em dinheiro não impede essa modalidade, antes a indica. Não sendo a Reforma Agrária, como não é, Unicamente questão de propriedade da terra, as outras providências são: crédito agrícola intensificado, diversificado, disseminado, conforme planos regionais, de acordo com o gênero de produção, capacidade de produzir, etc. Formação de uma entidade nacional para planejamento, mas entrega da execução a órgãos locais, ligados aos Estados e Municípios, mediante cautelas contra a utilização política dessa arma que é a desapropriação. Financiamento da produção de produtos de alimentação. Promoção de convênios entre regiões produtoras e consumidoras, para reduzir o número de intermediários. Crédito à rede privada de abastecimento, para racionalizar os seus métodos e assegurar, por meio de armazéns gerais, os preços na entressafra e um fluxo contínuo de produtos no mercado consumidor.

2. Reforma da Marinha Mercante, estabelecendo um regime de justiça para com o resto do povo e de exploração econômica das empresas. Abertura dos portos, literalmente, pela dragagem e aparelhamento, de modo a utilizar a costa do Brasil; formação do Porto Livre do Atlântico Sul, no Rio. Planejamento do transporte terrestre, aquático e aéreo.

3. Programa de educação primária intensiva, com a concentração de recursos em projetos específicos, entregues à execução de órgãos locais. Considerar a Educação do povo como o principal problema econômico-social do Brasil. Programa de empréstimo interno e externo para investimento maciço na educação do adolescente para o aumento da produtividade. Reforma da Universidade, com aplicação ampla da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

4. Libertação do movimento sindical de qualquer tutela, para formação de um movimento sindical autônomo. Esforço pelo aumento da produtividade para melhoria real do padrão de vida do trabalhador.

5. Universalização do concurso e do contrato no Serviço Público, com formação de especialistas e de pessoal habilitado. Funcionalismo de carreira, rigorosamente independente da política de clientela. Racionalização do serviço público.

6. Revisão da política exterior do Brasil, retomando a sua linha tradicional e ativando-a para que se torne mais efetiva e mais presente. Abandono urgentíssimo das recentes leviandades que fizeram do Brasil objeto de escárnio internacional e de justa desconfiança dos seus aliados.

7. Reforma Bancária com autonomia do Banco do Brasil e formação do Banco Federal de Reservas, para sustentar o mercado de crédito e, caso necessário, regulá-lo. Política enérgica de sustentação da moeda. Rigorosa amputação de todas as despesas supérfluas ou adiáveis.

8. Uma alternativa a ser decidida com urgência: volta de Brasília ou concentração da administração superior em Brasília. O sistema híbrido é que não funciona. Depois de bem pesar as vantagens e desvantagens, considerando Brasília um fato consumado, lá permanecer ou, vendo que ela ainda vai absorver o que a Nação não pode pagar, adiar essa mudança para mais tarde — e voltar. Rigoroso critério técnico nessa decisão, à luz da conveniência do país nos próximos anos.

9. Revisão imediata de todas as leis, regulamentos, circulares, mandamentos, mentalidades que visam a impedir o afluxo de capital para o Brasil. Cumprimento dos compromissos legítimos assumidos no exterior de modo a restaurar o crédito brasileiro no mundo, completamente destruído. Pelos mesmos motivos, negociações para financiamentos e entrada de capital, privado e público, no Brasil, mediante medidas simples e claras, de defesa do interesse nacional. Sem dinheiro o país não progride. Não há dinheiro bom, suficiente, no Brasil. Medidas para impedir a saída de capital brasileiro para o exterior, pela defesa do crédito interno e pelo confisco das fortunas ilicitamente acumuladas.

10. Revisão imediata de todos os contratos de companhias concessionárias de serviços públicos, de modo a democratizar o seu capital forçando a venda de ações aos usuários, consumidores de seus serviços, para financiar desse modo a atualização e expansão de tais serviços (telefones, transportes, energia, etc.), inclusive a atualização das tarifas.

11. Normalidade na vida da Petrobrás, encerrando o capítulo ruidoso — mas não tanto quanto devia, pelos escândalos que lá são abafados — da ocupação política da empresa estatal de petróleo por grupos da casta de donos do Brasil. Política agressiva de procura e exploração de petróleo pela Petrobrás, fixando prazos razoáveis ao fim dos quais, se não tiver êxito, a exploração do petróleo será livre no Brasil. Mas o preferível, e o desejável, mesmo o economicamente mais provável, é que a Petrobrás sozinha, desde que decentemente administrada, possa resolver o problema brasileiro do petróleo.

12. Crédito à construção civil e às cooperativas, a serem fomentadas, de construção de casas populares, mediante diversos projetos específicos, a serem aplicados com plena liberdade, em cada região e em cada grupo social conforme as suas características e preferências.

13. Completa descentralização administrativa, dando tempo ao Presidente, Ministros, etc., de governarem em vez de apenas confabularem e assinarem papéis.

14. Prestígio à iniciativa privada e, ao mesmo tempo, não só por serem incompatíveis, mas por serem complementares, planejamento nacional com prioridades bem estabelecidas para a solução dos problemas.

15. Estatuto dos Partidos Políticos, para diminuir-lhes o número e garantir, num sistema bipartidário, a livre existência de várias correntes. Reforma interna do Congresso para assegurar melhor rendimento ao trabalho parlamentar e à elaboração, votação e fiscalização do Orçamento.

16. Medidas gerais de moralização da vida pública e da atividade política e administrativa.

Sobre esse quadro de providências básicas, inclui-se uma série de soluções para os problemas específicos de cada região, como o Norte, o Nordeste, de cada produto, como o café, a madeira, de cada setor, como a Previdência Social, o Turismo, etc. Mas o que urge é tornar as providências básicas.

A principal espoliação de que está sendo vítima o povo brasileiro é aquela que lhe causam os próprios brasileiros. Fomos habituados a sonhar com a riqueza fácil, de um subsolo rico, de uma terra fértil, de um clima favorecido, até de um céu privilegiado. Dificilmente nos habituamos com a ideia de uma luta severa contra a adversidade, as deficiências do meio, a carência de conhecimentos, a crise de quadros dirigentes. Crismamos o nosso atraso de "subdesenvolvimento" e com isto fizemos regredir o Brasil, cuja ambição, hoje, se ouvirmos os seus atuais porta-vozes, é igualar o Congo ou assemelhar-se ao Yemen.

Fala-se de reformas de base. Não se faz nenhuma. Proponho estas, que são realmente de base, porque são pontos de partida. Com elas mudam os anacronismos da estrutura sem que mude, propriamente, a estrutura, que fundamentalmente é sólida e boa, tanto que resistiu a todos os descasos e abandonos.

Nego que a luta de classes seja inevitável, ou seja, mais do que uma fase da história do Trabalho. Recuso-me a dividir o meu país, na vertiginosa segunda metade do séc. XX, no limiar da automação e das viagens pelo cosmos, entre as ideias de Adam Smith, no século XVIII, e de Karl Marx, no século XIX. Considero os comunistas uns atrasados e os que descobriram, agora, que "o mundo marcha para a esquerda", uns tolos. Em lugar nenhum do mundo, a não ser pela força e pela traição, o mundo atual marcha para a esquerda. Nem na Rússia. O Partido Comunista é, hoje, o mais conservador do mundo, embora muitos comunistas ainda não saibam. O mundo apenas marcha. Até o Brasil anda, pelo trabalho dos brasileiros, apesar de todas as dificuldades que lhe têm sido criadas por tantos protetores e salvadores.

Quanto mais penso nesses assuntos mais os vejo com simplicidade. Será porque me estou despedindo depois de cumprir a minha obrigação, o que sei é que o problema básico deste país me parece de uma extrema singeleza. Não é uma questão de ideologia, é uma questão de vergonha na cara. Não é tanto uma questão de sabença, é mais uma questão de bom senso. Ninguém, penso, me fará a injustiça de supor que digo assim por ignorar as ideologias. É porque vejo quanto carece de vergonha a gente que domina este meu país.

Com a mesma desenvoltura com que se agarraram ao rabo da direita, quando para lá sopravam os ventos, agarram-se hoje Da esquerda. São novos Mussolinis — em versão para iletrados. Na prática, não são uma coisa nem outra. Não são estadistas. São parasitas. Montaram indevidamente, mercê da ignorância da maioria, da demagogia e da covardia, da excessiva tolerância e da displicência, da cobiça e da falta de visão que dominam o panorama nacional, uma rendosa máquina de explorar o Brasil.

E o exploram.

Pensávamos, com o Sr. Jânio Quadros, formar um precipitado de forças capazes de acabar com essa exploração. Foi-se ver, ele não era o que diziam. Estava muito abaixo da sua missão. Não soube cumprir a sua parte. Saiu — como quem se vinga na carne dos inocentes. Quase desanimamos, todos. Nos desorientamos, muitos. Nos separamos, alguns.

Mas, aos poucos, todos se vão convencendo de que afinal, Jânio Quadros é um episódio, apenas. Uma página virada. A luta que ele não soube levar por diante não começou com ele, vem de muito antes, e não acaba com ele, prossegue.

Tem os seus momentos de desânimo, de maré baixa. Mas tem conquistas sérias, pontos e postos decisivos já tornados. Conta com urna opinião pública crescente, que cada dia mais se esclarece, enquanto do lado oposto, também. Conhecemos partidários dos demagogos, que se desiludem. Não conhecemos partidários nossos, desiludidos. Alguns ficam, quando muito, amuados. Mas, sabem, de coração, que não os decepcionamos.

Porque nunca lhes faltamos, nem agora, com o dever da verdade. Só adula o povo quem o despreza, quem não confia na sua capacidade de se esclarecer e se informar.

No fundo, não há nada mais anti-povo do que esse "populismo" interesseiro e embusteiro que tomou conta do Brasil, enlouqueceu políticos gaiteiros, liberalões que fazem cirurgia plástica nas suas convicções, oportunistas impacientes, traidores que esperavam apenas uma oportunidade para valorizar a traição.

Tudo isto compõe uma farândola. Mas, não forma um corpo dirigente. A Democracia exige a formação de uma elite dirigente, porque ela é ou deve ser o governo dos melhores, escolhido pela maioria. Ela exige que a maioria seja capaz de escolher os mais capazes. Por isto é que ela é lenta para se estabelecer e se aperfeiçoar. Mas, não cessa nunca o seu processo de melhoria. Por isto, ainda, é que ela não cabe numa ideologia, transcende os quadros, por mais amplos, de uma doutrina.

É um estado de espírito que se traduz por providências e medidas, antes que por formulações abstratas. É urna doutrina, mas só se define em ação. Se chegasse a ser uma filosofia, seria inteligível apenas pela sua aplicação prática. Isto não a humilha nem a destrói. Ao contrário, é o que lhe dá grandeza.

Ao contrário dos totalitários, que amam as fórmulas porque se alimentam dessas fórmulas intoxicantes, o democrata se nutre de exemplos e de análises — e foge ao perigo das sínteses e das generalizações teóricas. Em certo sentido, o verdadeiro idealista — na Democracia — é pragmático. Não se deixa aprisionar nem pelas fórmulas nem pelas prevenções, pessoais ou doutrinárias. Mas, isto exige maturidade, força de convicção, capacidade de ação.

Reforma de base? Aí a têm. Fora da mistificação e da provocação que visam a esconder um fato capital: a destruição do Brasil por uma casta de brasileiros que se apossou do país, e, não sabendo fazer outra coisa, prospera — em todos os sentidos — à custa do empobrecimento nacional — em todos os sentidos.

Carlos Lacerda, Manifesto pela Reforma Democrática, 24 de novembro de 1962.


domingo, 3 de março de 2013

As Aventuras da Mágica do Saber


Dedico este post ao Sr. Carlos Dodl, um dos editores de A Mágica do Saber.

Em 24 de agosto de 2011, publiquei um post chamado “A Mágica do Saber”, que foi o livro didático que usei durante os meus cinco anos de curso primário. Fiquei surpresa em ver que aquele post gerou mais de dez comentários, o que, para o meu modesto blog, é um recorde.

O último comentário recebido foi do Carlos Augusto Dodl em 14 de fevereiro de 2013. “Eu fui entre 63 e 71 o gerente da editora que lançou este título e muito calaborei em seu lançamento, bem como ‘Meu companheirinho’ e ‘Minhas fichas de férias’ e a cartilha Pompom meu gatinho todos da Thereza e Icles. Lancei tb outros títulos de outras autoras.”

Fiquei super contente e respondi-lhe: “Olá, Carlos. Meu Companheirinho! Que saudade. Você teria ideia de como podemos fazer para encontrar a Mágica do Saber? Já tentei de tudo que conheço. As profas. Tereza e Icles eram muito boas no que escreviam. Não conheci 'Minhas fichas de férias' nem o 'Pompom'. Se você quiser contar um pouco mais da sua experiência de editor, está, desde já, convidado a publicar um (ou mais) post(s) no meu humilde e meio 'negligenciado pela dona' blog. Se preferir me mandar um email, será um prazer enorme conhecer outros bons títulos. Obrigada pela visita.”

Então, neste sábado, 02 de março de 2013, recebi um lindo email do Sr. Carlos Dodl contando, como eu pedira, um pouco mais sobre sua grande aventura pelos meandros da história da educação brasileira. Não resisti ao seu texto e pedi-lhe autorização para publicá-lo aqui. Como fui prontamente atendida, aqui vai o relato de um dos Editores de “A Mágica do Saber”. Mesmo assim, infelizmente, ainda não foi desta vez que conseguimos saber onde encontrar um exemplar deste livro mágico. Acreditem, ainda não desisti.

“Olá Eliane. Um bom dia. Tomara que hoje esteja um lindo dia, como está aqui nas proximidades da Praia do Rosa onde moramos. Mas tomei conhecimento do seu blog e da sua admiração pela Mágica do Saber através de um comunicado do meu filho caçula, que sabendo da importância que este livro representa para mim e todo meu passado, deu-me a direção do seu blog. Perdão pelo atrevimento de me dirigir a seu blog sem ser convidado. Quanto a onde você poderia conseguir exemplar da Mágica do Saber e demais livros da Tereza e da Icles, infelizmente, não tenho a mínima ideia. Mas você me pede alguma experiência do tempo da Editora e o que vou te narrar se passou há 50 anos.

Toda editora de livros didáticos, já que o maior volume de suas vendas acontece de janeiro a março, começa a preparar e imprimir seus títulos logo que começa o segundo semestre do ano anterior. A Tereza e a Icles eram professoras de turma na Escola José de Alencar, onde estudavam dois dos filhos de um dos donos da Editora Série Cadernos Didáticos, Livros-Cadernos Ltda., que nesta época só faziam uns cadernos de geografia, que vendíamos para todo o Brasil, pelo serviço de reembolso postal. Eu há pouco começara a trabalhar nesta doméstica editora (doméstica porque funcionava na casa de um dos sócios). Fui convidado para ajudar, nos três primeiros meses do ano de 1961, sem carteira assinada e nenhum contrato. No final fiquei onze anos. E íamos assim, vendendo nossos cadernos de geografia (que também você deve conhecê-los), quando um dos alunos da Icles levou-nos um estudo sobre o que seria mais tarde a Mágica do Saber. Todos nós ficamos encantados e admirados pela qualidade didática da obra saindo das mãos de duas simples professoras primárias. E aceitamos fazer uma tentativa de editar a obra. Era a Mágica do Saber para a quarta série. Assim era chamada na época. Só tinha um detalhe muito importante. Não teríamos tempo (principalmente porque era, para nós, uma verdadeira aventura) já que precisaríamos ter o livro antes do final do ano para poder divulga-lo nas escolas. Mas naquela época, não contávamos ainda com toda a tecnologia que hoje existe em matéria editorial. Era tudo muito manual e ainda tínhamos que conseguir um bom desenhista para ilustrar. Para encurtar toda nossa aventura: O livro ficou pronto em meados de fevereiro. Como divulgá-lo em tão pouco tempo? Tive, na minha alma ainda juvenil, uma ideia que, se não era brilhante, era um complemento da aventura que havíamos decidido tocar adiante. A editora, nesta época, tinha três funcionários: um motorista, uma auxiliar de escritório e eu. Como a editora funcionava numa casa de família, o motorista e a moça, também atendiam a família fazendo alguns serviços domésticos. Pois bem, enchi a kombi de livros da Mágica do Saber e saí com o motorista pelas ruas do Rio, com um mapa de todas as escolas. Eu ia na frente da kombi, ao lado do motorista e quando passava pelo portão principal de uma escola jogava com toda a minha força, um exemplar. Era tão grande a confiança na qualidade didática que o livro possuía que eu tinha como que uma certeza de que este livro no chão iria parar na mão de alguma professora, e aí não precisava mais nada. O livro falaria por ele mesmo.

O resultado foi que nos primeiros dias de março, quando as escolas já estavam abertas (e eu continuava a aventura de jogar livro pela janela da kombi), foi chovendo pedidos de todos os lados. A primeira edição se esgotou em dez dias e tivemos que rodar, aí sim, uma tiragem dez vezes maior. Daí em diante, a editora começou a crescer e as autoras se animaram e fomos lançando para outras séries, e depois de completada, fomos lançando outros títulos como ‘Meu Companheiro’ e ‘Meu Companheirinho’, a cartilha ‘Pompom, Meu Gatinho’ e as ‘Fichas de Férias’, todos com enorme sucesso junto ao professorado, aí então, de todo o Brasil.

A editora deixou de ser uma editora doméstica e passou a ocupar dois enormes edifícios, que adquirimos em 1964 e 1967. Trabalhei, até 1971, como gerente da editora. Fui convidado por diversas editoras, como a Block Editora, a Abril Cultural etc., mas não tinha coragem de trabalhar em outra editora, fazendo concorrência com minha grande ‘aventura’. Fui regiamente indenizado e me dediquei a outra função bem diferente. Infelizmente, dois ou três anos depois de sair da editora ela faliu e não soube mais como estavam as autoras e seus livros. Hoje, com 72 anos de idade, já aposentado, e vivendo em nossa casa de praia, em Ibiraquera, nas proximidades da Praia do Rosa, em Santa Catarina, minha memória já falha para eu te dizer outras obras da editora. As que me lembro, são: ‘A Festa do Idioma’ (para ginásio), ‘O Palhacinho Brilhante’, ‘Meu Caderno de Redação’, ‘O Mundo encantado dos Números’. Não me peça os autores porque não me lembro. Inesquecíveis mesmo são a Mágica do Saber, a Tereza e a Icles. Desculpe me ter alongado demais. bjo”