terça-feira, 27 de abril de 2010

Isso é o que se pode chamar de inusitado, não?

Twirling Spaghetti Fork porque partir espaguete é pecado
Comer espaguete pode ser uma tragédia para os mais estabanados. A massa começa a escorregar do talher e dá vontade de cortar o macarrão em vários pedacinhos, o que para os italianos é quase um pecado. Para acabar com todos esses problemas, a loja britânica Lazybone colocou à venda o Twirling Spaghetti Fork. Quando acionado, o garfo elétrico enrola e segura o espaguete com facilidade. O talher custa 7 libras e pode ser comprado pelo site da loja.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Favelas, Paternalismo, Sociedade

É isso. A conivência da sociedade que não participa mesmo e que gosta de um paternalismo, bem ao estilo Getúlio Vargas. Gosta, sim.
A sociedade que não participa é a culpada por vivermos numa megalópole na qual quase metade da população vive em favelas, em condições sub-humanas.
Há que se fazer alguma coisa para acabar com isso? Sim, é claro. Se aparece um político que diz que vai colocar muros nas favelas para que não piore ainda mais a situação, a sociedade o crucifica porque isso é segregar as pessoas (e é mesmo) etc etc. Aí, o político, que nós reclamamos que nunca faz nada, nada faz mesmo.
Então, aparece o demagogo, não importa o nome, pois estamos lotados deles, e diz... Pois eu vou urbanizar as favelas com o dinheiro de um tal de PAC. E a sociedade que não participa, aplaude. Por quê? Porque é politicamente correto (será que esse modismo estadunidense chegou para ficar?). A pessoa se sente menos culpada apoiando o paternalismo. Afinal de contas, enfeitar favelas é bem melhor do que removê-las, não?!
Então, precisamos vivenciar uma tragédia, para que a própria sociedade apática, que apenas aperta o botão 'confirmar' na urna e acabou (isso porque é obrigatório, mas aqui já é outra conversa) já aceite ouvir a palavra remoção até na TV.

Favela do Pasmado que foi removida em 1964
O fato é que uma favela esteja ela numa área de risco ou não, é uma ilegalidade. Os terrenos sobre os quais elas estão têm dono. Muitas das vezes, o dono é a União, mas e os outros lugares, os outros bairros do subúrbio carioca? Como os vários galpões de pequenas fábricas e/ou comércios invadidos (ruas inteiras), os empresários literalmente perderam seus patrimônios e nenhum governo fez ou fará nada, pois, afinal de contas, os moradores de comunidades são sempre os coitadinhos, não?! O que eles merecem é que todos nós trabalhemos muito para pagarmos cada vez mais Imposto de Renda, correto? Caso contrário, quem vai pagar as bolsas-família, vale-leite, cheque-cidadão e todas as benesses paternalistas das quais eles vivem?

Interessante é que nos anos 60 um homem chamado Lacerda removeu várias favelas da cidade. Quase todas estavam na zona sul (Praia do Pinto, Catacumba, Pasmado), uma delas, na zona norte, a favela do esqueleto, a atual UERJ. E então, a mesma sociedade apática, que não participa, crucificou o dito cujo e inventou-se toda a sorte de sandices a seu respeito, até porque Lacerda era uma figura polêmica.
Lacerda, governador de 61 a 65
O ponto é que o que um governante faz na sua gestão, nunca prossegue na gestão de outro governante, mesmo que sejam do mesmo partido político, imaginem, então, no caso de serem adversários. Daí que, o que era para ser uma nova “cidade", a Cidade de Deus, por falta de continuidade, manutenção no que já havia sido feito, falta da implantação dos transportes de massa, que era a infra-estrutura mais importante, pelo fato da distância do centro da cidade, transformou-se em pouco tempo em uma enorme e nova favela.
E não se iludam. Construam o que quiserem, seja lá onde for, depois de uns dois anos da entrega à população, teremos uma favela literalmente removida... "Removida de endereço".
A sociedade, mesmo aquela que participa, precisa fazer sua escolha. Ou bem nós queremos viver por entre favelas (com turistas visitando-as do mesmo modo que visitam o Pão de Açúcar) ou bem queremos viver em uma cidade limpa com gente educada, que não urine nos muros da cidade.
Vou repetir o que já escrevi em uma dezena de outros artigos em sites diversos, trata-se apenas de falta de educação, não aquela que se aprende nas reles escolas públicas que temos, mas sim aquela educação vinda de casa, da família.
Por fim, concordo plenamente com a frase dita pelo Francisco Maiolino, em um fórum de debates do qual ambos participamos. Eu, aos 50 anos, "não acredito mais em uma sociedade que muito discute e não age". Não age ela própria, nos pequenos detalhes.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

INCONFIDÊNCIA: MINEIRA OU FLUMINENSE?

Vou permitir-me, neste 21 de abril de 2010, publicar no meu modestíssimo blog, um artigo escrito por um grande amigo e, assim como eu, um amante da História, nos mostrando que a tão proclamada Inconfidência Mineira não é tão Mineira assim.
Deixo para vocês e como forma de homenagem, não a Tiradentes, posto que ele já as tem em quantidade suficiente, até em forma de um feriado, mas sim ao Dr. Zanon de Paula Barros, a quem eu tenho a honra de poder chamar de amigo.
Regalem-se com este texto, pois ele não consta de nenhum livro (até agora), tampouco encontra-se na Internet.
Joaquim José da Silva Xavier

Inconfidência: Mineira ou Fluminense?
No mês em que se homenageiam os heróis da Inconfidência Mineira, mais especificamente o Tiradentes, é interessante lembrar alguns fatos ocorridos na ocasião e que, apesar de estarem documentados no processo que levou à condenação dos inconfidentes, apagaram-se da história.
São fatos intrigantes que demonstram que a chamada “Inconfidência Mineira” nasceu na Capitania do Rio de Janeiro, extravasando-se para a Capitania de Minas Gerais, onde morreu. Entretanto, não sei por que razão, quando se fala na Inconfidência, nada se diz do Estado do Rio.
Examinando-se os Autos da Devassa que apurou a culpa dos inconfidentes, vê-se que João Dias da Mota, Capitão do Regimento de Cavalaria Auxiliar da Vila de São José (hoje Tiradentes – MG), em depoimento ao Desembargador Pedro José Araújo de Saldanha, relatou que encontrara com o Alferes Joaquim José da Silva Xavier – o Tiradentes – que lhe havia dito:
“Vossa Mercê não sabe o que vai? Pois está para haver um levante tanto nesta Capitania, como nas do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Pará e Mato Grosso, etc. E já temos a nosso favor França e Inglaterra, que há de mandar naus.
O que ouvindo ele testemunha, absorto do que escutava, lhe perguntou: “Pois quem tem Vossa Mercê para esse levante?” Ao que respondeu o mesmo Alferes: “Temos pessoa muito grande.”
Também no depoimento do Coronel da Cavalaria Auxiliar de São João del Rei, Francisco Antonio de Oliveira Lopes, este, respondendo às perguntas sobre a sedição, disse:
“Que a tropa paga estava já falada pelo dito Alf. Tiradentes, o qual tinha vindo do Rio de Janeiro mandado por certos comissários a ver se cá se queriam unir”.
Em novo depoimento, em 23.07.1789, na cadeia da Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto, Oliveira Lopes respondeu que:
“o Vigário (Carlos Correia de Toledo) foi quem lhe contou a ele, Respondente, que – em uma das ditas palestras em casa do Ten. Cel. Francisco de Paula (Freire de Andrada) – se manifestou que o dito Alferes vinha apalpar os de Minas, a ver se queriam se unir aos do Rio que estavam prontos. E foi nessa mesma conferência que se deliberou sobre a primazia que, nesta ação, se resolviam a ter os de Minas. Mas se não lhe contou nem quais eram os confederados do Rio de Janeiro, nem quais diligências se tinham ali praticado”.
Em novo depoimento, em 08.07.1789, Oliveira Lopes relata conversa que tivera com seu primo, Domingos Vidal Barbosa;
E perguntando-lhe ele Testemunha o que era, lhe tornou o dito seu primo: - “que andando nos estudos em Montpellier, conhecera dois sujeitos que se diziam enviados. Um deles, filho do Rio de Janeiro, ao pé da Lapa. E que estes foram mandados por certos comissários daquela cidade a tratar com o embaixador da América Inglesa um levante na dita cidade do Rio. E que falando com o referido embaixador, este lhe respondera que ele escrevia à sua nação a este respeito ...”
Tal encontro realmente existiu e um dos enviados do Rio de Janeiro era José Joaquim da Maia, estudante de medicina que, em Montpellier, em outubro de 1786 (alguns anos antes do início do movimento em Minas), contatou o embaixador americano Thomas Jefferson. Este, em relatório ao Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Jay escreveu:
“O meu informante é natural do Rio de Janeiro, a presente Metrópole, onde ele mora e que conta 50.000 habitantes. Ele conhece bem São Salvador, a antiga capital, assim como as minas de ouro que se acham no centro do país. Todas essas partes são favoráveis à revolução, e como formam o corpo da nação, as demais partes hão de acompanhá-las.”
Não há nos autos qualquer referência a contatos de José Joaquim da Maia com autoridades francesas mas não é razoável supor-se que, estando ele na França com a intenção de buscar apoios para um levante, como o fez com Thomas Jefferson, não o tentasse também com os franceses, especialmente porque estes eram adversários dos ingleses, que apoiavam Portugal.
Por outro lado, na Cidade do Rio e em seu entorno passaram-se alguns fatos no mínimo também intrigantes.
O Tiradentes, estando no Rio, pelo que disse, para tratar de uma licença, percebeu que estava sendo seguido. Auxiliado por Inácia Gertrudes de Almeida (tia do inconfidente mineiro Alvarenga Peixoto), conseguiu uma casa, na Rua dos Latoeiros (atual Gonçalves Dias) para esconder-se. Recebeu aí, de Francisco Xavier Machado, duas pistolas e, de Matias Sanches Brandão, um bacamarte para defender-se. Manoel José de Miranda, morador do Engenho de Mato Grosso, em Nova Iguaçu, lhe entregou uma carta endereçada ao Mestre-de-Campo Inácio de Andrade Soutomaior Rendon. Este, nascido e morador em Nova Iguaçu, onde era senhor do Morgado de Marapicu – constituído por vastas terras, incluindo os engenhos Santo Antônio e Mato Grosso – deveria providenciar para que o Tiradentes fosse encaminhado escondido para Minas Gerais, sem passar pela estrada principal, que se achava vigiada.
Estando escondido na Rua dos Latoeiros, no Rio, Tiradentes solicitou ao padre Inácio Nogueira Lima (também nascido em Nova Iguaçu e sobrinho de D. Inácia Gertrudes de Almeida), informações sobre o andamento da revolução. O padre procurou, então, obter informações do Coronel Silvério dos Reis, sem saber que este já havia traído o movimento e feito a delação ao Vice-Rei. Silvério passou a informação ao Vice-Rei que mandou prender o padre, obtendo dele a informação de onde se escondia o Tiradentes. Com isto, o padre iguaçuano, causou, involuntariamente, a prisão do Tiradentes.
Preso, o Alferes em princípio tudo negou sobre o movimento sedicioso. Entretanto, confrontado com os depoimentos já tomados das testemunhas e acareado com elas, sua memória foi-se aos poucos aclarando e as confissões se sucederam. É verdade, porém, que em todos os seus depoimentos – diferentemente de vários outros inconfidentes – assumiu toda a culpa, sem denunciar quem quer que fosse.
No depoimento, tomado na fortaleza da Ilha das Cobras, em 22.05.1789, reconheceu que sua mala já estava na casa do Mestre-de-campo Inácio de Andrade Soutomaior, em Nova Iguaçu (que o ajudaria na fuga).
“E sendo mais instado, que tanto fazia conta de fugir, que logo que saiu de casa tirou dela em uma mala os trastes do seu uso, como ele Respondente não negaria.”
“Respondeu, que era verdade ter tirado a mala com os trastes do seu uso na mesma noite em que se tinha retirado de casa, que foi a seis do presente mês, e que a dita mala a pusera na casa do Mestre-de-Campo Inácio de Andrade, entregue ao Capitão Manuel Joaquim Fortes.
Na inquirição a Manuel José de Miranda, em 29.05.1789, este confirmou que o Tiradentes pretendia que o guiassem até Marapicu, em Nova Iguaçu, “onde mora o dito Mestre-de-Campo”. E perguntado “que dizia o dito alferes do governo de Minas. ou qual era a razão, que dava para afirmar que vexava os povos, como também, que razão tinha para falar do governo do Ilmo. e Exmo. Vice-rei?”
“Respondeu, que o dito alferes não deu razão particular; porque o Ilmo., e Exmo. Visconde vexasse os povos, nem também a deu por que se pudesse falar mal do governo do Ilmo., e Exmo., Vice-rei nem ele Respondente lha perguntou, e só dizia que por assim ter falado de um, e outro se queria retirar desta cidade, e estar uns dias em Marapicu.”
Também no depoimento do Capitão Rego Fortes em 28.05.1789, constou:
“E sendo-lhe perguntado para que o dito alferes procurava a carta de proteção, e se lha tinham dado tanto ele como o dito Manuel José.”
“Respondeu que a procurava para que o referido Mestre-de-Campo o favorecesse, e lhe mandasse ensinar o caminho para as Minas, para onde ele se pretendia retirar por aquele sítio, e com efeito tanto ele Respondente como o dito Manuel José lhas deram.
No próprio acórdão de 18 de abril de 1792, os juízes citam expressamente que o Mestre de Campo iguaçuano iria dar fuga ao Tiradentes:
“E sendo o vice-rei do Estado já a este tempo informado dos abomináveis projetos do réu, mandou vigiar-lhe os passos, e averiguar as casas onde entrava de que tendo ele alguma notícia ou aviso, dispôs a sua fugida pelo sertão para a Capitania de Minas, sem dúvida para ainda executar os seus malévolos intentos se pudesse, ocultando-se para este fim em casa do réu Domingos Fernandes, onde foi preso, achando-se-lhes as cartas dos réus Manuel José de Miranda e Manuel Joaquim de Sá Pinto do Rego Fortes, para o Mestre-de-Campo Inácio de Andrade o auxiliar na fugida.
As Ordenações Filipinas, então vigentes, incluíam no Título VI, do Quinto Livro, as hipóteses em que se punia o “crime de Lesa Magestade”, entre eles os seguintes:
5. O quinto, se algum fizesse conselho ou confederação contra o Rey e seu Stado, ou tratasse de se levantar contra elle ou para isso desse ajuda ou favor.
6. O sexto, se ao que fosse preso por qualquer dos sobreditos casos de traição, algum desse ajuda, ou ordenasse como de feito fugisse, ou fosse tirado da prizão.
................................................
9. E em todos esses casos, e cada hum delles He propriamente commettido crime de Lesa Magestade, e havido por traidor o que o commetter.
E sendo o commettedor convencido por cada um delles, será condenado que morra morte natural, cruelmente; e todos os seus bens, que tiver ao tempo da condenação, serão confiscados para a Coroa do Reino, postoque tenha filhos, ou outros descendentes, ou ascendentes, havidos antes, ou depois de ter commettido, tal malefício.
Da mesma forma que todos os suspeitos de Minas Gerais, no Rio também foram presos todos os que colaboraram com Tiradentes, como Manuel José de Miranda e o Capitão Rego Fortes; Domingos Fernandes; D. Inácia Gertrudes de Almeida e seu sobrinho o padre iguaçuano Inácio Nogueira Lima, etc. Diferentemente, porém, dos mineiros, que foram todos condenados, os fluminenses foram todos absolvidos, (com exceção de Salvador do Amaral Gurgel, que, embora nascido em Parati, vivia em Minas), tendo os juízes considerado que foram enganados pelo Tiradentes.
E o iguaçuano Mestre-de-Campo Inácio de Andrade Souto Maior, tantas vezes citado nos depoimentos e em cuja casa, em Nova Iguaçu, já estava a mala do Tiradentes para quando este, sob sua proteção, fosse encaminhado para a Capitania de Minas? Os desembargadores, apesar de reconhecerem que a mala do Tiradentes já estava em Nova Iguaçu, para o Mestre Campo “o auxiliar na fugida”, ignoraram totalmente a determinação das Ordenações Filipinas. Inácio de Andrade Soutomaior, além de não ter sido preso, não foi em nada incomodado. Não foi chamado para depor nem mesmo como simples testemunha.
E quem era ele? Inácio de Andrade Soutomaior Rendon, grande senhor rural, era irmão do também iguaçuano Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, Conde de Arganil, bispo e reitor da Universidade de Coimbra e Deputado ao Santo Ofício (a Santa Inquisição) em Portugal. Seu outro irmão, também iguaçuano de Marapicu, João Pereira Ramos de Azeredo Coutinho, era Deputado à Real Mesa Censória, desembargador da Casa de Suplicação de Lisboa e procurador da Santa Igreja de Lisboa. Seu filho, o iguaçuano Manuel Inácio de Andrade Soutomaior, Marquês de Itanhaém, veio a ser tutor de D. Pedro II e das princesas suas irmãs, substituindo José Bonifácio.
Ele próprio, após o processo que resultou na morte do Tiradentes e no degredo dos réus mineiros, e apesar de tantas vezes referido nos autos, veio a ser promovido, falecendo como Brigadeiro Reformado dos Reais Exércitos, sendo sepultado em Nova Iguaçu, na igreja de Nossa Senhora da Conceição de Marapicu (construída em 1737) e ainda existente. A capela de Nossa Senhora de Guadalupe, construída por ele em suas terras em 1750, foi restaurada não há muito tempo mas infelizmente já se haviam perdido (com certeza obra dos ladrões de antigüidades) seu belo altar barroco e o belíssimo frontão de mármore que ainda existiam no início dos anos 60).
Seria o Mestre de Campo iguaçuano a “pessoa muito grande” a que se referia o Tiradentes?

Dr. Zanon de Paula Barros

domingo, 18 de abril de 2010

Belo Monte converteu-se num divisor de águas... Qual seu comentário sobre o tema?

Apesar de o projeto prever a capacidade instalada de 11.233 MW, a oferta média de energia não passará de 4.500 MW médios. A relação entre potência instalada e geração firme que poderá ser extraída da usina será de 40% do poder das turbinas que receberão as águas do Xingu. É uma das piores relações potência/energia firme do sistema elétrico brasileiro.
Além disso, seu papel no processo eleitoral é de peso. Se o leilão resultar na concessão do projeto a menos de R$ 83 por MW/h (tarifa-teto prevista no edital), Dilma terá um trunfo importante para usar na eleição. Todavia, um fracasso do leilão dará aos concorrentes, munição para contra-atacar.
Mas e as outras opções de energia? Por que, apesar de este projeto estar há quase 20 anos no papel, não houve um debate maior e mais aberto sobre o modelo energético brasileiro?
Será que a opção nuclear não seria melhor? Até onde eu sei, apesar dos riscos, a energia nuclear não polui o ambiente, não destrói florestas, não mata plantas e animais, não muda o modo de vida das pessoas locais.
Por enquanto, só estou colocando aqui a questão em si. Logo, farei um post com mais informações e pesquisa sobre o assunto.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Ler está na moda

O vídeo abaixo é um dos melhores exemplos que há muito não via sobre a verdadeira criatividade e inovação de idéias. Assistam, pois não há palavras que substituam a mensagem passada no vídeo.

O Meu Mediterrâneo

Esta manhã, não estou no Rio de Janeiro. Esta manhã, despertei em Amalfi, na costa sudoeste da Itália, entre Salerno e Napoli. As possibilidades de descoberta de praias recônditas, de grutas e de mirantes debruçados sobre um mar sempre transparente e convidativo, são quase infinitas.
As águas serenas do Mar Tirreno formando uma praia em Amalfi
Alugar um barco é uma forma de poder explorar melhor a costa. A natureza áspera e bravia da costa, minuciosamente recortada, a desfiar fiordes, grutas e altíssimas falésias em mergulho constante sobre o Mar Tirreno.
O esplêndido maciço montanhoso quase impenetrável de tão profusamente acidentado, é bem mais do que um simples cenário a dar ensejo a um leque de paisagens de cartão-postal. O clima doce e a cálida tranqüilidade do mar tudo devem ao impressionante colosso de pedra que é a Península de Sorrento.

Amalfi, a cidade às margens do Mar Tirreno, no azulíssimo Mediterrâneo
Esta manhã, refugiei-me neste meu Mediterrâneo azulíssimo e sereno. Daqui não sairei até que o dia termine. É nestas paisagens mediterrâneas que vou ao encontro do inesperado (esperado?), dos sorrisos, dos códigos que prescindem de palavras, de dádivas que me são trazidas do mar, de um mar sempre calmo.
Não estou no Rio hoje, apenas meu corpo, pois minha alma está aqui em Amalfi a esperar, esperar, esperar o mar, o meu Mediterrâneo.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Dia do Beijo??!!

Como eu não sou muito chegada a efemérides, fiquei surpresa com mais esse "dia de alguma coisa" que criaram.
Hoje, dizem as más línguas, é o "Dia do Beijo". Então vou deixar um beijo para todos saberem que o mundo mudou muito, a tecnologia não pára, mas os beijos e os casais enamorados (OK que ninguém mais usa esta palavra) não mudaram... Que bom.

O casal acima, desconhecido, pelo menos por mim, está no Baile de Carnaval do Hotel Glória em 1957

sábado, 10 de abril de 2010

Voltaremos à língua do “goo goo daa daa”?


É exatamente isso que está acontecendo. Eu arriscaria dizer há uns vinte anos, aproximadamente. É que a coisa vem num crescente exponencial e já está beirando às raias do ridículo em alguns casos.
Por que diabos a linguagem no mundo dos negócios se transformou num caso patológico? O que me parece mais interessante nisso tudo, é que recém-formados, sem que se dêem conta, estão usando e abusando de expressões em inglês, repetidas a esmo, como o fazem os papagaios. Eu tenho uma teoria. Não sei se é interessante ou apenas mais um pensamento meu que não vai auxiliar (não deveria ser agregar valor?) em nada.
A minha teoria é a de que os professores universitários lêem verdadeiras avalanches de "teorias" financeiras, administrativas, de marketing etc, que vêm proliferando mundo afora, notadamente nos EUA, país onde até recadinho para o colega se transforma em material a ser vendido, basta ter um bom marketing por trás, é claro.
A minha teoria é que, atualmente, qualquer pessoa escreve um livro. Basta ser graduado em alguma destas áreas, e pronto. O próximo passo é encontrar um "ghost writer" e qualquer pessoa está apta a encher lingüiça, ou seja, falar muito sem dizer rigorosamente nada. Então, vem a fase de fazer uma capa atraente com um título instigante, de preferência com pelo menos uma palavra rebuscada, e achar uma editora que queira publicar e distribuir mais um "best seller" da família das Cucurbitaceae (abóboras para os íntimos).
Sinceramente, acho que, hoje, qualquer pessoa mais "espertinha", se é que me faço entender, “cria uma teoria prodigiosa” e ainda encontra um bando de gente que vai comprar o livro, aplaudir o autor e sair repetindo todos os jargões que ele criou no seu mais novo best seller, mesmo sem ter entendido bulhufas do que significa a tal "teoria". E assim, uns seis meses depois, esse mesmo “autor” escreve outro livro, com outras tantas palavras que, se ainda não são jargões na área, se transformarão rapidamente. Afinal, o “autor” já escreveu um livro anteriormente e saiu-se muito bem com suas expressões. E depois desse embuste todo, ele já não é mais apenas um economista, um administrador etc... Não. Ele é agora um escritor! E todos repetem suas palavras como um papagaio. E eu posso jurar que ninguém, jamais, questionará nenhuma "teoria" desses "autores". Será que vocês conseguem me entender?
E assim acabamos de lançar mais um “guru” no mundo editorial. Tão simples quanto isso.
Eu estive conversando com um grande amigo sobre isso. Sempre que eu escrevo alguma coisa, seja no meu blog, seja em algum fórum, ou qualquer lugar na grande rede, muitas pessoas me mandam e-mails dizendo que gostaram muito do que eu escrevi e tecendo elogios além do normal. Eu fico deveras surpresa. Porque, na maioria das vezes, eu apenas descrevi uma indignação minha a respeito de algo, nada mais. E as pessoas gostam porque não estão acostumadas a questionar, a analisar os fatos. Nós chegamos a esta conclusão, pois eu havia dito que estava quase pegando alguns fins de semana para "escrever um livro" sobre uma teoria que eu ainda iria criar. Imaginem, com um bom coquetel de lançamento, quiçá em São Paulo, nos Jardins, bastaria que algumas pessoas como nós (que também somos formadores de opinião, mesmo sem perceber), fizéssemos alguns elogios... Aí, uma notinha plantada numa coluna social e... Voilà. Tem-se um best seller de 300 páginas com facilidade. Só que o título teria de ser algo como "A Teoria das Cucurbitaceae", infelizmente.
Prezados, definitivamente, as pessoas perderam o senso crítico. Estamos diante de papagaios que repetem o que o líder do bando disser. Será que ninguém percebe que isso tudo é um monte de jargões rotos, palavras vazias que não fazem o menor sentido??? O ponto é que esse tipo de coisa me deixa pra lá de indignada. E pior, com um sentimento de impotência tamanho família.
Não agüento mais os “gerentes hands on”, os “projetos as built”, “think out of the box” (essa é de matar), temos ainda as expressões em português que não significam exatamente nada, mas que precisam ser escritas nos seus e-mails sob pena de vocês serem confundidos com seres alienígenas.
A Revista Exame publicou há um tempinho um comentário interessantíssimo do Max Gehringer. O artigo dizia o seguinte: Leia com atenção o diálogo a seguir: “Precisamos adotar as melhores práticas. Mas com foco no cliente? É claro! Sem isso, perderíamos nossa vantagem competitiva, afetando o bottomline no longo prazo. Mas, se não nos alinharmos aos stakeholders, vamos deixar de estar agregando valor ao negócio.”
Agora, voltando ao âmago da minha teoria, leiam, por favor, este micro glossário do todo poderoso, Jargão.
1. Alinhar: “Sua estrutura de TI precisa estar alinhada com o plano de negócios”.
2. Aderente: Esta pode ser perfeitamente utilizada na frase anterior, pois não muda em nada o seu sentido e também faz parte do mesmo rol. “Sua estrutura de TI precisa estar aderente com o plano de negócios”.
3. Holístico: “O processo holístico de gerenciamento visa a integrar as múltiplas funções da organização”. Esse seria traduzido por algo como “Não conseguiu identificar a origem dos problemas da empresa? Tente um approach holístico”.
4. Agregar Valor: “Se queremos que paguem mais por nossos produtos, precisamos agregar valor."
5. Soluções: “A estratégia da empresa é oferecer soluções fim-a-fim com mais destaque no mercado." Ou seja, não se vendem mais produtos e serviços, isso é coisa do passado, agora, disponibilizam-se soluções.
Isso tudo sem contar a grande sopa de letrinhas que são as trocentas siglas (todas em inglês, é claro) que são ditas ad nauseam para demonstrar conhecimento do negócio e bastante poder. Lá vão algumas. CPM, RGP, ERP, PMP, ITIL, BSC, Análise SWOT, e os famosos CPO, CFO, CIO, CEO, CTO, CSO, CCO, CKO etc etc etc. Tudo bem americanizado.
E as pérolas que são os verbos mais utilizados no mundo das grandes corporações? Coisas como os verbos upgradear, deliverar, performar. Tentem conjugá-los em pelo menos um tempo de um modo qualquer que seja. Parece uma piada? Mas é triste, é lamentável, pois os empregados... Ooppss... Não, não, isso é politicamente incorreto. Eu ia dizendo, os colaboradores das grandes empresas nunca foram tão evasivos em suas falas. E isso já nos custou um adeus à língua portuguesa (escrita e falada) há, pelo menos, duas décadas.
Para terminar, gostaria de perguntar a vocês. Vocês se subscreveriam assim? Conrado Morlan MBA PgMP® PMP® IPMA Level C®
Quero ressaltar que não conheço este senhor, apenas sei que ele é um diretor de TI em Dallas, nos EUA. Já dizia René Descartes, nas primeiras páginas do seu Discurso do Método, que bom senso é aquilo que todos acham que têm na quantidade suficiente.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Uma Mesóclise à Trois... Só pra descontrair um pouco...

A despeito da conotação maliciosa, este texto foi atribuído como conteúdo da redação de uma aluna do Curso de Letras da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), que ganhou um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa. A autora e a data da redação são desconhecidas. Como este texto me foi passado por uma pessoa que o leu na Internet, devemos guardar as devidas proporções, ou seja, este texto pode ter sido escrito por outra pessoa. Entretanto, como eu o achei muito divertido e bem feitinho, vou postar aqui para o deleite dos amantes da nossa língua portuguesa.

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversa.

O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.

Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula, ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa.

Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta dela inteira. Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso, a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise à trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Falta de tempo? Não, falta de inspiração

Caros leitores,
Há exatos oito dias não faço uma postagem neste blog. Falta de tempo? Também. Mas o pior é quando você tem muitos assuntos para debater e não pode. Não me perguntem porque, pois essa pergunta eu não posso responder.
Entretanto, há vários assuntos sobre os quais posso falar à vontade. Só que estes são enfadonhos, sem sal, não dá tesão de ler e ficar louco de vontade de já sair respondendo e opinando.
Portanto, meus caros e ainda poucos leitores, não vou escrever nada formal no dia de hoje também. Mas não se preocupem, contudo, pois já estou providenciando um assunto super, ultra, mega interessante para que vocês possam deleitar-se com a leitura.
Afinal, meus leitores são especiais e, por isso, merecem o que há de melhor. Ninguém vai perguntar por que os meus leitores são especiais? Ora, porque são meus leitores. Precisa mais?

Até Breve.