quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Peguei um Ita no Norte

Não sei se alguém vai se lembrar de um post que fiz em março deste ano. Claro que não. Eu mesma não me lembrava do mês em que o publiquei... Por este motivo, eis o link para o post a que me refiro “O Dono do Parque Lage”, de 07/03/2011, http://www.elianebonotto.com/2011/03/o-dono-do-parque-lage.html.

Naquele post eu falava da história de vida de um empreendedor do início do século XX, Henrique Lage, aquele que um dia morou no que hoje é o Parque Lage, onde aproveitamos para respirar um pouco de ar menos poluído e olhar o verde agradável nos fins de semana. Pois era exatamente ali a sua residência. Modesta, não?!

O que me chamou atenção naquele post foram outras histórias do Rio de Janeiro e do Brasil que se entrelaçam através da figura de Henrique Lage. Ele era meio que o nosso “Onassis” do início do século XX. Era um armador que, depois da morte de seu pai em 1913, passou a conduzir o que era conhecido como o “Império Lage”.

Com a chegada da República, e as naturais nacionalizações de empresas, o empreendedorismo dos Lage, vislumbrou, em 1891, a fundação, junto com o imigrante português, Luiz Augusto Ferreira de Almeida, da Companhia Nacional de Navegação Costeira. A ‘Costeira’, como era conhecida, tinha todos os seus navios batizados com nomes iniciados pelas três letras “ITA”.


Prédio da Av. Rodrigues Alves 330, RJ, anos 30


O mesmo prédio atualmente... Abandonado

E é aqui que aparecem fatos que misturam-se a outras histórias. Dentre vários navios construídos pela ‘Costeira’, os famosos ‘Itas’, havia os pequenos (paquetes, como eram conhecidos na época) Itatinga, Itaquatiá, Itaimbé, Itaberá, Itapuca, Itagiba, Itapuhy, Itassucé, Itajubá e Itaquara, e os grandes, Itaipé, Itahité e Itapagé, entre outros. Os 'Itas' pequenos tinham cerca de 60 metros de comprimento, os médios chegavam a 90 metros e os grandes em torno de 120 metros. Esses navios ficaram tão conhecidos no Brasil, que inspiraram, em 1945, o lançamento do samba autobiográfico de Dorival Caymmi, "Peguei um Ita no Norte", gravado em disco de 78 rotações pela Odeon. Penso que muita gente nunca viu um disco de 78 rotações em toda a vida.

Peguei um Ita no Norte
Dorival Caymmi

Peguei um Ita no norte
Pra vim pro Rio morar
Adeus meu pai, minha mãe
Adeus Belém do Pará

Ai, ai, ai, ai
Adeus Belém do Pará
Ai, ai, ai, ai
Adeus Belém do Pará

Vendi meus troços que eu tinha
O resto dei pra "aguardá"
Talvez, eu volte pro ano
Talvez eu fique por lá

Ai, ai, ai, ai
Adeus Belém do Pará
Ai, ai, ai, ai
Adeus Belém do Pará


O apogeu da ‘Costeira’ ocorreu entre os anos 20 e 40, quando chegou a contar com uma frota de mais de 30 embarcações. Em 1922, Henrique Lage instalou a primeira refinaria de sal no Brasil, indústria que teve grande êxito, com a consagrada marca ITA; aquela mesma que você vê até hoje nos supermercados do país. Na década de 40, a refinaria de sal foi transferida para o bairro do Caju, no Rio de Janeiro, onde se encontra até hoje.

A incorporação da CNNC ao patrimônio nacional ocorreu em 1942 devido ao falecimento de Henrique Lage. Ele não teve filhos do seu casamento com a cantora lírica italiana, Gabriela Besanzoni. Sem filhos e com a esposa italiana, todo o império Lage foi incorporado pelo governo.

A companhia de navegação dos irmãos Lage operava a frota de maneira exemplar, com horários rigidamente cumpridos, boa alimentação, ordem e limpeza impecável a bordo. Até 1920, os comandantes eram britânicos e mantinham os cascos pretos e as superestruturas brancas, chaminés em preto fosco. A cruz de Malta, emblema da armadora, estava sempre bem apresentada. Na verdade, também na CNNC, era a Cruz Pátea e não a de Malta, a apresentada nas chaminés dos navios. Estou começando a achar que essa história da Cruz Pátea ser confundida com a de Malta deve vir de mais tempo do que imaginamos.


Navio Itaipu e sua 'Cruz Pátea' na chaminé

Entre os numerosos episódios envolvendo a frota da ‘Costeira’, pode-se destacar o Itagiba, construído em 1913 e afundado em 17 de agosto de 1942, pelo U-507 (Harro Schacht), um submarino nazista. O Itapema, incorporado em 1908, vendido para a Marinha do Brasil em 1932, passou a ser o navio hidrográfico José Bonifácio e navegou até 1917. O ex-presidente Itamar Augusto Cautiero Franco nasceu em 28 de junho de 1930 a bordo do navio Itagiba. A delegação brasileira dos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 1932 foi levada pelo navio Itapagé.


Navio Itagiba no qual nasceu o ex-presidente Itamar Franco

No início dos anos 60 chegaram os famosos Cisnes Brancos, os navios veleiros da Marinha do Brasil: Rosa da Fonseca, Anna Nery, Princesa Isabel e Princesa Leopoldina. Em novembro de 1966, por meio de decreto federal, a frota foi incorporada pela Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, encerrando de vez as atividades da CNNC.

Será que você sabia que o “ITA” que Dorival Caymmi pegou no Norte era um dos navios da ‘Costeira’?

Fonte: Jornal A Tribuna, Santos, em 26/11/1998

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Tenho um "neto" Labrador !

Por pura e total falta de tempo, hoje deixo para vocês a foto da grande paixão da minha vida atualmente. Meu "netinho" Labrador, Gaio. Apreciem, com moderação, é claro. Alguém vai dizer que isso não é pose de "vejam como eu sou blasé"?!




domingo, 28 de agosto de 2011

O Clube “Cruzmaltino”


A mais nova camisa do clube de futebol Vasco da Gama, apresentada em 10/05/2011, corrige um equívoco histórico, divulgado como verdade inconteste, e que ultrapassou as fronteiras da cidade do Rio de Janeiro, há mais de um século. Com a nova camisa, a “Cruz de Malta”, tida desde a fundação do clube como o seu principal símbolo, perde espaço para a Cruz da Ordem de Cristo, símbolo que os vascaínos deveriam ter ostentado em seu uniforme desde a criação do Vasco. A direção do Vasco afirma que o objetivo é usar, cada vez mais, a Cruz da Ordem de Cristo (ou Ordem dos Cavaleiros de Cristo). Com isso, a direção admitiu, mesmo que indiretamente, o equívoco histórico, ao dizer à imprensa que “o elemento histórico foi ferido”. Quem fez essa afirmação foi o diretor de Patrimônio Histórico do Vasco da Gama, João Ernesto da Costa Ferreira.

A verdadeira Cruz de Malta


A Cruz Pátea que foi usada pelo Vasco da Gama e ainda confundida com a Cruz de Malta


Cruz da Ordem de Cristo

A primeira bandeira brasileira utilizada de fato surgiu apenas quando foi constituído o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

Bandeira Real, a 1ª brasileira
Bandeira da Ordem de Cristo

Anteriormente, não tínhamos uma bandeira exclusivamente nossa: fazíamos uso de bandeiras e símbolos portugueses, utilizados tanto na metrópole como em outras colônias. O primeiro pavilhão da nossa história, considerando-se que os nativos não usavam bandeiras nem flâmulas, foi a bandeira da Ordem de Cristo (1332 a 1651). A Cruz da Ordem Militar de Cristo estava pintada nas velas das embarcações que chegaram ao Brasil no dia “22 de abril de 1500”, e seu estandarte esteve presente nas duas primeiras missas. A Ordem Militar de Cristo era a sucessora portuguesa da Ordem dos Templários e foi criada pelo Rei de Portugal, Dom Diniz em 1319. Como sucessora dos Templários, a Ordem de Cristo era rica e poderosa. Patrocinou as grandes navegações lusitanas e exerceu grande influência nos dois primeiros séculos da vida brasileira.

Fato é que a tal nova camisa do clube de futebol Vasco da Gama traz à frente uma Cruz de Cristo reestilizada, em tamanho grande, com a Cruz de Cristo original, menor, ao centro. A histórica cruz da Ordem de Cristo (ou Ordem dos Cavaleiros de Cristo) de Portugal, tornou-se um símbolo daquele país, a ponto de ser usado nas velas das embarcações à época dos descobrimentos. A Cruz de Cristo grande à frente da camisa foi, de fato, reestilizada, visando a tornar a camisa mais bonita, segundo o pessoal ligado ao clube. O distintivo, propriamente dito, é a Cruz de Cristo original, em tamanho menor na camisa dos jogadores.

O Vasco da Gama foi fundado em 21 de agosto de 1898 por trabalhadores do comércio (em sua maioria descendentes de portugueses ou portugueses recém-chegados ao país). O intuito do clube era o de homenagear, logo em sua primeira bandeira, o navegador português Vasco da Gama. Naquele ano, completavam-se 400 anos do descobrimento do chamado “caminho para as Índias”, em 1498. Para isso, a intenção era utilizar na bandeira a Cruz da Ordem de Cristo, utilizada nas velas das caravelas que percorriam os oceanos em busca de novas rotas marítimas. Lembrando a história do Brasil e de Portugal, a primeira bandeira brasileira utilizada de fato surgiu apenas quando foi constituído o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Anteriormente não tínhamos uma bandeira exclusivamente nossa: fazíamos uso de bandeiras e símbolos portugueses, utilizados tanto na metrópole como em outras colônias. O primeiro pavilhão da nossa história, considerando que os nativos não usavam bandeiras nem flâmulas, foi a bandeira da Ordem de Cristo (1332 a 1651).

Time do Vasco em 1921. Em pé: Palhares, Carlos Cruz, Nelson, Ernani Van Erven, Adão Brandão e Alfredo Godói. Agachados: Leão, Dutra, Torteroli, Negrito e Fernandes.

O engano
Por um engano, os fundadores utilizaram na bandeira do clube um outro tipo de cruz, a chamada Cruz Pátea. Para completar a confusão, a Cruz Pátea usada na bandeira do clube foi chamada, também por engano, de Cruz de Malta. E foi a partir dessa denominação que o clube Vasco da Gama, ao longo de mais de um século de história, ficou conhecido como o clube cruzmaltino. Por que o clube manteve, por mais de um século, esse engano? Não sei. Diz a sabedoria popular que uma mentira repetida muitas vezes por muito tempo, acaba por se tornar uma “verdade”. O Vasco da Gama é conhecido como o clube cruzmaltino há tanto tempo, que será difícil, senão impossível, reverter a situação. No entanto, se ele continuar sendo chamado de cruzmaltino para todo o sempre, que diferença fará no coração de seus torcedores? Penso que futebol é paixão, e paixões não se explicam. Elas existem para serem vividas, principalmente a cada gol ou campeonato.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A Beleza dos Cães Adotados

Recebi este texto e as fotos através de um desses emails que o pessoal costuma repassar pela internet. Sempre os leio antes de deletar a maioria esmagadora deles. Os que têm aquela frase sentenciosa “repasse para x pessoas etc...”, são deletados pelo meu “piloto-automático”. Outros me prendem a atenção e eu não os deleto, mas repassar não; não consigo. No caso deste email, resolvi compartilhar com vocês, não exatamente as fotos, que são fofinhas, apesar de não poder garantir sua fonte, mas sim a ideia passada por elas. Até porque essa é uma causa que eu defendo. Haja vista a sidebar deste blog. O texto é pequeno e conciso, alertando para a adoção de animais. Eu não defendo a adoção só de cães, mas de todos os animais. Mesmo que seja um elefante, eu torço para que algum zoo o adote, já que ele requer um pouquinho mais de espaço do que o que temos em apartamentos nas cidades. Vamos ao texto:

O que mais impressiona nas fotos abaixo, não é a beleza que eles ficaram, mas sim a mudança do olhar de cada um deles. Percebam o que o amor que se dedica a um animal abandonado é retribuído com seu olhar de felicidade e gratidão eterna. No Brasil, embora não haja uma estatística oficial, o número de animais deve ultrapassar 300 mil, simplesmente “jogados fora” e abandonados à própria sorte. E o que é pior: 85% deles morrem nos primeiros 20 dias, a maioria por acidentes de trânsito.


O 'antes' e 'depois' em cada foto
























A diferença é incrível. Todo animal tratado com carinho e respeito fica simplesmente lindo. Apoia a campanha de adoção. Não compra animais, adota-os. Adota um amigo. Adotar faz bem, talvez até mais para quem adota do que para o animalzinho que está sendo adotado.

Por que não você?


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A Mágica do Saber

Logo que, no mundo virtual da internet, meus olhos bateram na capa do livro que me acompanhou pelo antigo curso primário durante os 5 anos que ele durou, lembrei-me do nome de uma das suas autoras: Icles Marques Magalhães. Não sei porque lembrei-me do nome dela em particular. Talvez porque “Icles” é um nome super diferente. Depois, vi que eram duas autoras. Havia também a Profª Thereza Neves da Fonseca. Dentre as lições de língua portuguesa e de matemática da "Mágica do Saber", havia textos, que eram usados pela professora para nos ajudar na interpretação. Jamais esquecerei-me do último texto do livro. Era uma crônica de Sérgio Porto, conhecido por “Stanislaw Ponte Preta”. Depois de lê-lo, caí de amores pelos textos desse tal de “Lalau”. O nome da crônica era “A Velhinha Contrabandista”. Na época, não me lembro bem em que ano, eu achei o título sensacional. Adorei. Hoje, passados mais de 40 anos, publico a crônica da “velhinha” neste espaço para compartilhar com vocês o quão gostoso pode ser aprender a nossa língua e também... Ler.

A Mágica do Saber
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava na fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha. Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela: 
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco? 
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu: 
- É areia! 
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás. Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com moamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Diz que foi aí que o fiscal se chateou: 
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista. 
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. 
E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs: 
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias? 
- O senhor promete que não "espía"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal. 
- É lambreta. 
Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Blogueira de férias

Caros leitores, há pouco mais de uma semana que estou de férias e o aviso oficial não aparecia. Pois hoje (antes tarde do que nunca, desculpem-me), cá está ele. Estou de férias. Mas férias de quase dois meses. Ôba!!! Essas eu posso chamar de férias-dobradinha, mas sempre que eu tiver um tempinho, passo por aqui para postar alguma novidade. Combinado assim?




E por falar em férias, gostaria de comentar esse assunto com vocês, pois isso não me sai da cabeça. Eu realmente não consigo entender o motivo de as pessoas terem implantada no cérebro a ideia de que férias são aquelas que se tiram no verão e, de preferência, na praia.

Pensem comigo, se as férias são algo concebido para nosso descanso, em outras palavras, para darmos uma diminuída no ritmo frenético do trabalho etc, por que temos de ir para a praia? Durante as férias, sempre sonho em fazer algo que me proporcione paz, tranquilidade, nada de correrias, estresses, barulhos, inconvenientes, nada do que eu tenho durante o resto do ano.

Talvez eu esteja ficando velha muito rapidamente, mas alguém consegue imaginar aquela época de sol escaldante, suor por todos os poros, nervos a flor da pele, e você juntamente com sua família, sentirem aquela vontade irresistível de ir à praia? OK, foi uma vontade súbita. Ninguém pensou em praia no verão. Mas... Já que ficou combinado assim após o jantar, no dia seguinte a família pega as chaves da casa de praia (sempre localizada numa calma cidadezinha estrategicamente sem infraestrutura para receber mais do que uma única dezena de habitantes a mais), acordam de manhã cedinho para pegar a estrada. E é aqui que começa o que chamo de "o maior de todos os programas de índio". Incrível é que muitos concordam que isso é realmente um horror. Contudo, seguem o mesmo ritual todos os anos durante as férias. Ao que se deve essa insanidade? Inconsciente coletivo? Sei lá. Mas que é assim, é.

Não entra na minha cabeça, alguém usar seu tempo de férias para fazer algo que vai deixá-lo sabidamente com o pavio mais curto do que nunca, estressado, nervoso e, assim, carregando suas baterias para a volta ao trabalho ou às aulas com esta energia de primeira linha. A careca mais vermelha do que um pimentão, crianças com desidratação, pois tiveram de beber água do poço de algum vizinho prestativo (cidade sem infraestrutura é assim mesmo), braços e pernas marcados por uma "festa" dada pelos pernilongos tropicais, ávidos pelas férias de verão, puto porque gastou um horror de dinheiro em pedágio e passou umas 5 horas em engarrafamentos infindáveis, assistindo sua mulher brigando com as crianças que se estapeavam no banco trazeiro, enquanto os pneus com altíssima tecnologia, do seu moderno veículo, insistiam em não sair do seu estado de total inércia e, desse modo, fazendo com que você durante esta longa cena dantesca, poluísse o ar e contribuísse significativamente para o aquecimento global, sem contar o seu bolso, com os atuais preços dos combustíveis.

Legal mesmo é quando eu ouço esses relatos de pessoas que passaram por esta experiência de "quase morte", jurando por tudo o que há de mais sagrado, que jamais passará por isso outra vez. Nem sei se é pra rir mesmo, mas é o que faço, pois penso que todo esse processo delirante é feito pela maioria esmagadora das pessoas, inconscientemente, ou seja, elas fazem tudo isso durante vários dias como se estivessem com seus pilotos automáticos ligados. Talvez por isso, nem se dão conta do que estão fazendo, menos ainda pelo que estão passando.

Por que as pessoas não podem pura e simplesmente passarem seus dias de férias apenas SENDO FELIZES? Só isso. É muito mais barato, nada cansativo, incrivelmente ecológico, tem efeito imediato e total de relaxamento de corpo e mente, ao mesmo tempo que enrriquecedor para a alma, o espírito.



Que diacho de sociedade é essa que nos obriga a sermos e fazermos tudo padronizadamente? De uns anos pra cá, quem não viaja durante as férias (e até no feriados prolongados) é tido como fora do padrão. Que padrão, que rótulo? Quem os criou? Provavelmente alguém doente. Alguém que sofre do mal da falta de carinho, de amigos, de envolvimento com a natureza, de paz.



Que tal nas próximas férias você pensar mais em você mesmo do que naquilo que os outros pensarão de você? O planeta e seus habitantes (mesmo que muitos deles ainda não o saibam) agradecem.


Boas Férias !