sexta-feira, 29 de abril de 2011

1 Ano do Blog De Tudo Um Pouco

Acho que um blogueiro que se preze sempre sabe quando está se aproximando a data de completar um ano de trabalho no blog.

Alguém vai acreditar se eu disser que me esqueci? Mas foi exatamente isso que aconteceu. Quando eu percebi, já estávamos em 20 de abril, quase um mês após a data a ser celebrada, 22 de março. Em 2010, eu escrevi um texto pequenino saudando a chegada da primavera no hemisfério norte. Foi assim que surgiu a ideia de fazer um blog. Até porque eu era uma das poucas pessoas que não tinha um. No início, cheguei a pensar que eu não fosse ter assunto para escrever algo interessante, que prendesse a atenção do leitor, quase todos os dias. Fiquei pensando em como deve ser dura a vida de um alguém que precisa escrever uma crônica diária num jornal de grande circulação. Deve ser incrível. Muito pior do que pensar no que você fará para o jantar todos os dias. Houve um vez que eu demorei tanto para encontrar um assunto sobre o qual escrever, que fiz um mini post me desculpando e dizendo que me faltava inspiração!

Entretanto, com o passar do tempo, os temas foram brotando como as flores na primavera. E agora... Tenho de rir, não sei como fazer para colocar o ponto final no texto. E ele vai se tornando um monstrinho de tão grande. Então, ainda perco um certo tempo para cortar as sobras.

É isso, pessoal. Deixo aqui o meu agradecimento a todos aqueles que aqui estiveram e "leram meus pensamentos". Obrigada àqueles que deixaram seus comentários elogiosos e o mesmo muito obrigada àqueles que, respeitosa e educadamente, deixaram seus comentários com ideias divergentes. Isso é ótimo! É o mais verdadeiro sinal de que o que ando escrevendo não são meras bobagens para agradar aos amigos, mas, principalmente, para fazer as pessoas refletirem, serem mais críticas em relação as ideias vigentes à nosa volta no mundo. Não estamos globalizados? Pois então, precisamos urgentemente, relembrar Sócrates, o filósofo que disse a célebre frase: "Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo". Então, convido a todos para sair mundo afora, e conhecer novas paisagens, novas pessoas, novos hábitos, novas línguas, novas culturas. Nosso planeta é único. Precisamos ser mais unidos em prol do bem comum e de nos melhorarmos como seeres humanos, em caráter, valores morais etc. Acredito que só assim, teremos, um dia, um mundo mais justo e mais fraterno.

Voltem sempre para saber das novidades. Mais uma vez obrigada a todos e um forte abraço.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ser designer é ter a cabeça aberta

Vejam esta ideia. São pantufas para as meninas que querem dançar a valsa com seu pai. E vice-versa. Em 24/12/2007, Hyvää Joulua e Aamu Song, dois designers da empresa finlandesa Company lançaram um produto com o nome de ‘Tanssitossut’, dancing shoes em inglês. Lembram-se quando éramos crianças e brincávamos de andar “usando” os pés de nossos pais? Pois é, foi “apenas” isso que eles fizeram, um “calçado” que pudesse, confortavelmente, abrigar os pés dos pais e dos filhos para que ficassem estáveis o suficiente para não caírem e, dessa forma, poderem dançar. Incrível, não? Mas foi exatamente isso que aconteceu. Os designers finlandeses criaram algo que "já existia" há décadas, mas foram super inovadores na ideia. Pessoalmente, quando vi os ‘Tanssitossut’, apaixonei-me por eles, justamente por eles me lembrarem de um tempo maravilhoso, minha infância, quando eu adorava brincar assim com meu pai.

Quem não brincou assim quando criança?
Em 16/03/2010, o ‘Tanssitossut’ chegou para ficar. A partir de 2010, eles passaram a ser peça integrante da coleção permanente do Museu Islandês de Design.

Os dancing shoes em detalhe, realmente uma ideia criativa.
A empresa Company atua no segmento de design como designers, produtores, vendedores e administradores de loja. Mundo pequeno, não?! Os dancing shoes são fabricados por Huopaliike Lahtinen em Jämsä, na Finlândia e são feitos de feltro com sola de borracha, em vários tamanhos. Contudo, eles estão disponíveis apenas na cor vermelha.

A produção dos dancing shoes na Finlândia
Dancing shoes, 95 €
Taxa de entrega:
Na Europa, 15 €
Outros países, 25 €
Pedidos através do site: www.com-pa-ny.com

A Company tem vários produtos interessantísmos, inovadores e cheios de criatividade, que postarei aqui em breve.
Espero que gostem.


sábado, 23 de abril de 2011

Livros impróprios para crianças

Tudo aconteceu no final de março na Escola Municipal Benedito Ottoni, no Maracanã, Rio de Janeiro. A mãe de um aluno do 6º ano ficou revoltada com o fato de um livro, que fala sobre sexo, drogas e prostituição e é recheado de palavrões, ter sido dado a seu filho, uma criança de 11 anos, na sala de leitura. O estudante fez uma pergunta à mãe sobre sexo anal, depois de ter lido trecho do livro em que um traficante revela o seu medo de ser espancado por desviar dinheiro que seria destinado ao pagamento de propina a policiais. A mãe do estudante escreveu carta aos dirigentes da escola, pedindo que o livro fosse retirado da biblioteca. Mas a direção só agiu quando o assunto parou na delegacia. Esse é o trecho de uma reportagem publicada no Jornal Extra Online de ontem, 23 de abril.

Caça às Bruxas
Eu não começo pela escola. Ela tem, sim, sua parcela de culpa nisso tudo. É óbvio. Mas antes disso, muito antes disso, há toda uma cadeia de inversão de valores reinando país afora. Quando eu digo que, hoje em dia, qualquer um escreve livro e grava CD, não é à toa. Eu começo pela autora do livro. Então, quer dizer que a senhora Paula Mastroberti, a escritora, estava sem inspiração para escrever um livro, caminhou até sua estante, pegou a obra de ninguém menos que Miguel de Cervantes e, simplesmente, destruiu-a? E mais do que isso, teve a cara de pau de dizer aos jornais que o livro é uma “recriação” (seria uma dessas famigeradas releituras?) feita a partir da obra de Miguel de Cervantes y Saavedra?

A autora do livro Paula Mastroberti
 

Vou um pouco mais a frente, quer dizer que a Editora Rocco, leu o original deste “lixo”, dotado de conteúdo inconveniente, que não agrega nada a ninguém, e publicou-o? Que vergonha, Editora Rocco!
E vamos colocar mais lenha ainda na fogeira. O lixo... Digo, livro “Heroísmo de Quixote”, ficou em segundo lugar na categoria melhor livro juvenil do Prêmio Jabuti em 2006? Que diacho de júri avaliou esse prêmio?
Antes de a “bomba” estourar nas mãos do aluno da Escola Municipal Benedito Ottoni e do delegado da 18ª DP do Rio de Janeiro, foi a sociedade brasileira (não foi o povão, não), que preparou todo um sortilégio de atitudes que expõem, em última instância, as nossas crianças à essa total inversão de valores que temos vivido nas últimas décadas. Foi exatamente essa mesma sociedade, a que a mídia chama de “intelectual” e “formadora de opinião”, que deu partida no motorzinho da fábrica de perda de valores morais, de respeito ao próximo, de sexualização precoce da juventude, do consumir por consumir e por aí vai.


E quem são esses intelectuais? No dicionário Aurélio, intelecto é sinônimo de inteligência. Penso que na prática não funcione bem assim. Não posso falar em relação à “escritora” gaúcha, pois desconheço o habitat dos intelectuais no RS. Mas posso falar sobre os intelectuais cariocas. Seu habitat são as praias da zona sul, onde fazem suas passeatas dominicais pela paz, onde depois vão fumar seus baseados, falar mal de qualquer coisa que possa ser chamada “de direita”, até porque aquele modismo rançoso de ser de esquerda, do início dos anos 60, ainda persiste em pleno século XXI. À noite, algumas cervejas nos bares, de preferência pés-sujos, que eles transformam em “point” no Leblon. Sempre me perguntei do quê vivem tantos intelectuais cariocas, já que não têm empregos (coisa do demo do capitalismo). Lá pelos anos 70, sinceramente, eu não sei (ainda tenho de me informar), mas atualmente, a maioria esmagadora desse espécime vive de fundações e ONGs, a última moda em termos de ganhar dinheiro fácil. E o pior, rigorosamente dentro da lei. Enfim, esse é o perfil de um “intelectual” carioca. O problema dos intelectuais de plantão (aqueles que dão suas opiniões de “especilistas” na TV Globo e na GloboNews) em vários segmentos, vêm se tornando um caso sério e que precisa ser olhado mais de perto. Exemplo disso é a opinião dos pedagogos sobre a retirada do livro da discórdia das estantes das escolas. As opiniões estão divididas, há educadoras que criticam a postura da escola ao retirar o livro das bibliotecas.


A pedagoga Leda Farguito, que trabalha com crianças com dificuldades de aprendizagem, considera a linguagem do livro inadequada para crianças de 11 anos. Por outro lado, defende o uso da obra em sala de aula, desde que o trabalho seja orientado. “Eu não usaria esse tipo de livro, porque a linguagem não está adequada à idade e ao conhecimento de mundo do aluno. Mas não criticaria se um professor apresentasse o livro com uma intenção. Quando um professor distribui um livro sem saber do que se trata, não está agindo de forma pedagógica. Isso é grave. A educação precisa ser intencional.”
Ontem, 22/04, no seu blog Papo de Professor, a Profª Maria do Socorro sentenciou: ”A questão da intencionalidade pedagógica na sala de leitura precisa ser (re)discutida nas escolas... Colocar livros nas mãos dos alunos não garante o hábito de ler.” Apoiada professora !

Voltando ao assunto do “livro-bomba”, no ano de 2005, o mesmo em que o livro quase ganhou o prêmio Jabuti, foi doado pela Editora Rocco à Secretaria Municipal de Educação. Esta mesma Secretaria reconheceu que o livro foi colocado à disposição dos alunos por engano e que, ao tomar conhecimento do conteúdo do livro, mandou retirá-lo imediatamente dos acervos das escolas, uma vez que a obra possui conteúdo impróprio para os alunos do Ensino Fundamental. Como assim, meus Deuses?! Tudo começa lá de trás mesmo. A própria Secretaria não lê os livros que disponibiliza para as escolas sob sua responsabilidade. Então, a professora responsável pela distribuição dos livros na escola em questão, admitiu que não conhecia a obra. A professora disse que, ao ler a orelha do livro, não imaginou que o conteúdo fosse impróprio.
Ai, ai, ai, senhores professores, é assim que a classe quer ser valorizada? Os salários dos professores brasileiros são indecorosos, mas isso não justifica, dentro de uma escola, apenas uma professora ser a responsável por analisar os livros, e ainda se dar ao luxo de apenas ler a orelha do livro. O mais interessante nesta situação é o fato de um aluno ter acesso a um dos exemplares da biblioteca da escola e levar o livro para ler em casa, e é o que todos desejamos para todas as crianças brasileiras, que elas leiam cada vez mais. Nesse caso, como o aluno parece ter uma boa estrutura familiar, perguntou a sua mãe sobre suas dúvidas. Fico imaginando se ele tivesse “guardado” as perguntas para sua professora. Como ela reagiria? O que poderia ter acontecido? Obviamente, não estaríamos todos aqui discutindo o tema, pois o caso teria sido amortecido e abafado entre as paredes da escola. Pior ainda, seria se o menino guardasse a dúvida para si e nada perguntasse a ninguém, ou perguntasse a algum coleguinha que poderia saber tanto quanto ele. E teríamos, então, duas crianças de 11 anos que tiveram acesso ao tal conteúdo inadequado. E depois ainda dizem que o culpado é ele, Monteiro Lobato!

Só Monteiro Lobato salva!

Na minha opinião, a história toda poderia ter o título de “Heroísmo de Uma Mãe”. Achei fantástica a atitude desta mãe ao ir até a delegacia de polícia para registrar uma queixa contra a escola. Eu mesma não teria pensado nisso. Logo eu que vivo dizendo que precisamos exercer nossa cidadania. Pois esta mãe nos deu um baita exemplo do que seja exercer a cidadania, verdadeiramente. Gostei mais ainda de saber que o acontecido foi numa escola pública. Não foi uma mãe indignada porque paga uma mensalidade caríssima no colégio particular de seu filho. Digo, e repito, só assim vamos conseguir, um dia, mudar a sociedade para melhor. É cada um começando a mudar por dentro de si mesmo. E expressando a mudança através de uma atitude irrepreensível, como a desta mãe. Ela foi primorosa. Fez barba, cabelo e bigode. Isso porque com sua atitude fez não apenas as pessoas, mas as instituições de ensino, pararem para pensar. Mesmo que tudo volte ao que era antes. Ela fez a parte dela. Ahh... Se todas as mães fossem afetuosamente ousadas assim!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sapatos confortáveis, e a elegância?

Agora as mulheres não precisarão mais usar tênis para caminhar à vontade e com conforto. Pela primeira vez, a CAMiLEON Heels inovou totalmente ao lançar sapatos femininos com salto de altua ajustável. Essa tecnologia torna possível a transformação de um elegante salto 7,5cm em um também elegante sapato com um salto de apenas 1cm de altura, e vice-versa, em questão de segundos. Detalhe: sem nenhuma parte removível. Os sapatos CAMiLEON Heels são manufaturados na Itália com couro do país que faz os melhores e mais luxuosos sapatos de couro no mundo. O design, entretanto, é da equipe da CAMiLEON Heels, nos EUA.

Pode até ser prático, mas é feio de doer.

A ideia dos saltos retráteis em sapatos femininos surgiu dentro de um táxi de Nova Iorque, num dia ensolarado de 1989, diz a CEO da empresa, Lauren Hendel. “Meu irmão David Hendel descia a 5th Avenue em Manhattan e, do táxi, ele notou que muitas das mulheres impecavelmente vestidas a caminho do trabalho usavam sapatilhas nos pés. Na época, David tinha dois filhos pequenos que brincavam com "Transformers - Robots in Disguise". Enquanto observava as mulheres caminhando pela calçada, David se perguntava: "Se podem transformar aqueles robôs em veículos de alta performance, deve haver uma maneira de transformar um sapato de salto alto em uma versão mais confortável, de salto baixo, no mesmo sapato." Palavras da CEO da empresa.

Por que esse "elástico" nas bordas?

Portanto, se você caminha léguas pelas cidades brasileiras em saltos altos, vai adorar a tecnologia da CAMiLEON Heels. Os sapatos têm mecanismos de bloqueio no calcanhar para proteger a usuária, em ambas as alturas. Isso significa que os saltos não cairão ou fecharão, acidentalmente, enquanto você estiver usando-os. Os saltos são presos ao sapato com parafusos e não com pregos ou cola. Isso significa que eles são menos propensos a quebrar. Não há nada pior que um salto quebrado para arruinar o dia de qualquer mulher! Ahh... E não precisa nem tirar o sapato do pé para ajustar a altura do salto. Os sapatos CAMiLEON Heels estão disponíveis em 16 modelos e custam entre US$ 250 e US$ 325. Uma bagatela, não?

Na verdade, eu achei os modelos desta tecnologia dos Jetsons meio feiosos, apesar de todos terem desenhos clássicos. Mas não consegui entender porque os scarpins têm de ser maleáveis na borda, como se tivesse algum elástico ou coisa parecida. Pelo menos foi o que percebi nas fotos. Isso tira toda a elegância de um bom sapato. Como todo sapato italiano que se preze, este também não possui costuras nas laterais. Apenas a costura que “fecha” o sapato no calcanhar.


Eis a famigerada costura lateral que determina um sapato sem qualidade.

É interessante observar que as mulheres brasileiras pagam pequenas fortunas para comprar sapatos com costuras nas laterais. E essas costuras são quase sempre na lateral voltada para dentro. Quando se entra em sites de algumas marcas conhecidas no Brasil, todos os sapatos, sem exceção, são fotografados com a parte de fora voltada para a câmera. Conveniente, não?! Depois de muito procurar, encontrei umas fotos que denunciam a costura lateral. Portanto, meninas, fiquem atentas, scarpins de qualidade não têm costuas laterais. Não vale a pena pagar em média R$ 200,00 por um par de sapatos como os vermelhos da foto. Acreditem, é preferível pagar R$ 300,00... Ahn... Está bem, um pouco mais do que isso, num sapato de qualidade que, além de confortável, permanecerá com carinha de novo por muito tempo. Lembrem-se do velho ditado: “O barato sai caro”.

Isso é um sapato de verdade...

Quanto aos CAMiLEON Heels, eu não usaria nem que fossem gratuitos. Fala sério!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Você conhecia esse pássaro? Eu não...

O Diamante-de-gould é um pássaro da ordem Passeriformes, cujo nome científico é Chloebia gouldiae. É originário da Austrália. É um pássaro muito procurado para animal de estimação por ser muito colorido. Normalmente o macho tem o brilho mais forte. Quando adulto, sua altura média é de 12 a 14 cm.
É uma ave originária do norte da Austrália e que foi levada para a Europa em meados do século XIX pelo ornitólogo John Gould, de quem herdou o nome. Desde então, conquistou admiradores em todo o mundo, devido à profusão de cores que apresenta. Sua reprodução é bastante difícil. Existem ainda determinados fatores da recessão da espécie, que tornam a criação de Diamantes-de-gould um trabalho ingrato, já que um mau cruzamento leva à morte de muitas das crias. Para cortejar a fêmea, o macho faz uma dança impressionante de ver. Ele curva-se perante ela, balança a cabeça por uns 10 segundos e logo após, começa a saltitar com o peito estufado e com o olhar fixo na fêmea. No período de acasalamento é comum o bico do macho tornar-se mais claro e o da fêmea mais escuro.

A profusão de cores vivas nesta espécie é impressioante

São pássaros muito sociais, podem ser encontrados em bandos e, na época da ninhada, pode haver mais de um ninho numa mesma árvore. Os filhotes deixam os ninhos com 3 semanas de idade. São pássaros quietos, e vivem normalmente longe dos homens. Seu canto não é ouvido em longas distâncias mas é bastante melodioso, apesar de alguns criadores não acharem belo o seu canto. Eles gostam de pegar os primeiros raios de sol da manhã. Se você tiver possibilidade, arranje um local sem correntes de ar para onde esteja voltado o nascente. Tal como o canário, o Diamante-de-Gould gosta de mudar de poleiro permanentemente. É aconselhável, portanto, vários poleiros na mesma gaiola, para a ave se exercitar.

Espécie com status de "em perigo"

O número de pássaros dessa espécie, foi reduzido drasticamente na natureza durante o século XX. Seu habitat foi reduzido e alterado. E também foram consideravelmente reduzidos por uma espécie de ácaro, que os levava à morte. Sua coloração muito colorida, chama atenção dos predadores, ficando fácil sua identificação na hora da caça.

Ordem: Passeriformes
Espécie: Chloebia gouldiae - Gould, 1844




domingo, 17 de abril de 2011

BB, Música de qualidade raríssima

Conheci a música de Burt Bacharach aos 14 anos e adorei. Em 1974, ninguém da minha idade conhecia esse nome. Isso nunca foi problema para mim. Eu tinha (tenho até hoje) quase todos os seus discos, em vinil, é claro. Desde que ele lançou ‘Woman’, um álbum impecável em qualidade musical, nunca mais soube de nenhum outro álbum seu. Por isso ‘Woman’ era, até semana passada, o último álbum dele que eu tinha, sem contar com um único CD de seleção de hits.

Quando em fevereiro, descobri na Amazon seu mais recente álbum, lançado depois de ‘Woman’, o CD ‘At This Time’, compreio-o imediatamente, até porque era o dia do meu aniversário. O CD não decepcionou, ao contrário, só comprovou o apurado senso melódico de Burt Bacharach, que capta de forma elegante sua busca pela perfeição. Irretocável.
Infelizmente, ainda existe o estigma de “um dos maiores compositores da música pop do século XX”. Por isso não gosto de rótulos, eles aprisionam as pessoas. Quem o considera apenas um “compositor pop” desconhece o melhor de sua música, desconhece sua formação musical. Quando criança, estudou violoncelo, bateria e piano. Mais tarde, estudou teoria musical e composição na Escola Mannes, em New York, no Berkshire Music Center, na New School for Social Research (com Darius Milhaud), na McGill University em Montreal, e na Academia de Música do Oeste de Santa Barbara, CA.
Hoje, Burt Bacharach é um compositor e maestro atemporal. Sua música, de qualidade raríssima, permanecerá, assim como a de Cole Porter ou Irving Berlin. Burt Bacharach conseguiu transcender os hits dos anos 60 que fizeram dele um compositor conhecido no mundo inteiro. No início dos anos 70, após o estrondoso sucesso de ‘Close to You’ gravado por The Carpenters, seus três parceiros mais próximos o deixaram: o letrista Hal David, ‘a voz’ da sua música, Dionne Warwick, e sua esposa, Angie Dickinson. Burt Bacharach conseguiu mostrar, entretanto, que nem tudo neste planeta é descartável. Sem estrelismos, ele ainda faz turnês pelo mundo, levando sua música, não aquela que o consagrou há 40 anos, mas sua melhor música, aquela feita com o frescor dos seus 82 anos.

At This Time, Burt Bacharach, Columbia Records, 2005
Para aqueles que pensam que, assim como todos os astros da música internacional, Burt Bacharach só veio tocar no Brasil em final de carreira, digo que tive o privilégio de assisti-lo no Rio de Janeiro, no Canecão, em 1978, justamente para o lançamento de seu álbum ’Woman’. Um show sóbrio, de produção sofisticada, no qual ele mostrou como consegue tirar de sua orquestra o mais puro e “brezzy” som. Jamais me esquecerei daquele show. No auge dos meus 18 anos, ninguém da minha idade pagaria um único centavo para assisti-lo, alegando que era coisa de “velho”. Melhor para mim, meu pai me acompanhou. Não poderia ter encontrado companhia melhor. Que bom que, desde os 18 anos, eu sou uma “velhinha” de muito bom gosto. Assim que o box set ’Something Big’ chegar, falo nele. Ahhh... Não deixem de conferir o CD!

Para os curiosos, a prova do crime, meu pai e eu no Canecão no show de BB em 1978. PS: o cigarro nas mãos da garçonete não era para nós!


sábado, 16 de abril de 2011

O que deu nos músicos da OSB?

Há alguns dias, conversando virtualmente com dois grandes amigos, vi que estava em pauta os famigerados testes propostos para os músicos da OSB. Achei a conversa tão agradável e digna de crédito, que resolvi trazê-la até vocês. Um dos meus amigos é um músico paulista. O filho do meu outro amigo trabalha no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e é um excelente artista, mas não é músico. Aqui está.

Não estou muito a par dos problemas da orquestra, mas pelo que li trata-se de uma recusa dos músicos de passarem por testes. Já passamos por isso com a nossa OSESP. Com a contratação do John Neschiling todos os músicos foram convocados para um teste. Foi a gota d’água para a revolta dos músicos burocráticos e acostumados com a vida de funcionário público. Com pulso firme o regente manteve os testes e transformou a OSESP na melhor orquestra da América Latina. Não sou contrário às reivindicações dos trabalhadores, ao contrário, mas penso que um processo seletivo é normal para aumentar o nível das orquestras brasileiras.

A OSB em apresentação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Tenho acompanhado com grande preocupação os recentes problemas surgidos na OSB e não apenas na OSB Jovem. Tenho um carinho muito grande por essa orquestra pois desde criança, meu pai me levava nos Concertos Para Juventude, liderados pelo Eleazar de Carvalho e depois, Alceu Bocchino. A orquestra já passou por outros momentos difícieis, mendigando contribuições, quaisquer que fossem, a seus admiradores. Mas não me lembro de uma crise tão grande devido a discórdias internas.

Tudo começou em janeiro, quando os músicos foram avisados que passariam por um processo de avaliação. Em fevereiro, a Fundação que é presidida pelo filho do Maestro Eleazar de Carvalho, reafirmou que faria as avaliações e que seriam obrigatórias. Mais de 50 músicos disseram que não fariam as avaliações, que eles são avaliados todos os dias pelo maestro e nos espetáculos, pelo público. Em março, depois de ser tentada, sem sucesso, na Justiça a suspensão das avaliações, elas começaram. Metade da orquestra não compareceu a nenhuma das avaliações. Houve um Plano de Demissão Voluntária que não foi aceito pelos músicos. No final de março, começaram as demissões por justa causa e os artistas que se apresentariam com a OSB começaram a cancelar seus espetáculos com a orquestra.

Maestro Isaac Karabtchevsky diretor artístico da Orquestra Sinfônica Brasileira de 1969 a 1994 e que muito fez para levar a OSB e a música clássica a todos.

Dia 09/04, haveria uma apresentação da Orquestra Jovem mas parece que quando o Minczuk subiu ao palco para regê-la, o público começou uma disputa para ver quem tinha mais força: as vaias ou os aplausos. Os músicos então se retiraram, aparentemente em protesto pelas demissões dos membros da orquestra principal e não houve apresentação. O concerto de hoje (10/04) também não acontecerá. Não sei como isso vai terminar, mas espero que não seja com a "implosão" da orquestra. Acho muito válido que se faça uma seleção dos melhores. Afinal, ganhar R$ 11.000,00, que foi o salário divulgado pelo Minczuk para após a seleção, tem de ser mesmo muito bom no que faz e reconheço que pode haver músicos que não estarão à altura de uma orquestra desse nível.

A OSB foi fundada em 1940. Desde 2005, a orquestra conta com a direção artística do Maestro Roberto Minczuk. Veja no site da OSB sua história contada em décadas, de 1940 até 2000.

De tudo isso, eu só tenho a lamentar. A música erudita ou clássica, como muitos chamam genericamente, já encontra tantos obstáculos nesse país onde a maioria, começando pelas "autoridades da cultura", só dá valor a samba, carnaval, mulatas, funk e similares, vem essa crise e dificulta mais ainda a divulgação desse gênero musical entre a população. Sim, porque, ao contrário do que muitos dizem, a música clássica não precisa ser só das elites. Ela pode ser popular, desde que seja mostrada às pessoas.

Como disse, em São Paulo houve o mesmo problema. A princípio fiquei revoltado com o projeto, tinha alguns amigos e conhecidos músicos. A proximidade com eles forçou a minha solidariedade. Porém, com o passar do tempo percebi o quanto éramos prejudicados com as récitas burocráticas da orquestra. Tudo mudou após o projeto do Neschling e o que parecia impossível, assistir a concertos de nível com orquestra nacional tornou-se uma realidade. Os músicos da OSB dizem que já passaram pelo crivo do público. Duvidoso este argumento. Acabamos nos acostumando com desempenhos medíocres para termos oportunidade de assistir ao vivo alguma peça que nos interessa, mas nossa paciência tem limites. Abandonei as salas de concerto, como ouvinte, quando me dei conta que saía das salas mais contrariado do que com a certeza de ter assistido a um bom concerto. Enfim, resta-nos a OSESP, mas não sei até quando.

Quanto ao Minczuk, fui contemporâneo dele na Escola Municipal de Música, da Prefeitura de São Paulo. Uma ótima escola, formadora de bons profissionais. Lembro-me que na época fui escalado para acompanhá-lo ao piano numa peça para solo de trompa, numa audição de encerramento. Acabou não rolando, mas fiquei surpreso, anos depois, com o sucesso que ele galgou internacionalmente. Via de regra, estes profissionais que vêm com bagagem internacional querem mudar o marasmo nacional, mas se deparam com a enorme burocracia governamental, a má vontade de alguns músicos e até mesmo com sua própria personalidade forte de um regente, que tem de ser assim por força da batuta. Fiquei surpreso com o apoio pró-músicos de artistas do quilate do Nelson Freire e da Cristina Ortiz!

Bem, aqui eu tentei colocar a minha colher tortinha no assunto, mesmo sendo leiga. Um dia em 2010, postei o vídeo de um instrumentista e perguntei o que esse amigo músico achava da performance do rapaz no vídeo. Lembro-me bem que pedi a ele que fosse bem sincero. E ele foi. Disse que, na realidade, achava que o músico fazia o "feijão com arroz". E é a mais pura verdade. Só não me lembro se eu mencionei que o rapaz toca esse instrumento numa das Sinfônicas do país há vários anos. Quase sempre a mãe dele está na platéia para aplaudir o filhote. Mas... Será que ele merece os aplausos do público que não o conhece? Sinceramente acho que não. O pouco que ele pratica seu instrumento é durante os ensaios formais da orquestra ou, quando não, para tocar em algum casamento mais chic. Jamais soube que ele tenha feito algum curso, especialização ou o que seja em outro lugar. Não necessariamente fora do país, pois é necessário ter dinheiro para isso. Mesmo assim, se fosse eu, e se eu gostasse do que faço (até porque se eu não gostasse não estaria lá), eu já teria feito aulas com músicos mais experientes aqui mesmo no Brasil. Já teria feito qualquer coisa para me superar. Do contrário, de tanto uma pessoa fazer um trabalho repetitivo, a qualidade acaba caindo, sim. Isso é fato. Se o músico não inova no repertório. Ou se não se atreve a tentar tocar algo desafiador, sei lá. Vai se aposentar tocando "feijão com arroz". Os músicos não podem ter "medo" de serem avaliados. O público brasileiro não tem como "avaliar" um músico de orquestra, mesmo que estejamos falando de uma elite. Eu, por exemplo, garanto que não tenho a menor condição para isso. Explico. Sei que o Arnaldo Cohen é um excelente músico. Logo que ele começou a ficar famoso, bem no início, assisti a uma audição dele no pequeno salão de uma das entidades onde estudei. Fiquei encantada. Parecia que estávamos no céu ao ouvi-lo tocar. Eu adorei. Um pouco depois, ele deve ter percebido que se ficasse no Brasil, seria um talento jogado fora e ganhando mal. Foi morar em Londres, se não me engano, e acho que vive lá até hoje. Quantas vezes Arnaldo Cohen vem ao Brasil para o ouvirmos tocar? Quase nunca. Eu mesma só me lembro de uma vez. Quando vem, é um acontecimento. Então nós acostumamos o ouvido com o que temos aqui. É óbvio que temos gente muito boa. Chega a ser vergonhoso um músico se recusar a passar por um teste sobre aquilo que ele já faz há vários anos. Mas aconteceu. O que eu não entendi, assim como o meu amigo, foi Nelson Freire e Cristina Ortiz. Nesse ponto, penso que pode ser mais do que apenas o que está sendo mostrado. E depois de saber sobre os R$ 11.000,00 de salário, perdoem-me, caros amigos, mas o pessoal tem de começar a entender que, se outros profissionais precisam ter quilos de MBAs, pós-graduações, mestrados etc para conseguir um bom emprego, os músicos da OSB, que são tão profissionais como os outros, também precisam se aperfeiçoar, sim. Por que não?

Uma foto, dois gênios: Giacomo Puccini e Arturo Toscanini, este último considerado maior maestro de todos os tempos. O que eles diriam dessa situação?

Perfeita a sua colocação, mas não nivelemos por baixo! Este salário, se estiver correto, está na média para um profissional com anos de estudos e especialização. É uma mão-de-obra qualificadíssima. Ocorre que costumamos nivelar por baixo, como por exemplo, comparando com uma profissão extremamente corriqueira e nada imprescindível para o Brasil: a de professor!

Hoje, 16/04, não sei em que pé estão as coisas na OSB. Só sei que vocês, caros leitores, estavam sem um novo post há vários dias. Peço desculpas a todos pela demora.



sábado, 9 de abril de 2011

Estamos todos no mesmo barco

O Mar de Aral fica na Ásia Central, entre duas ex-repúblicas soviéticas, o Uzbequistão e o Cazaquistão. Em seu interior havia mais de 1.100 ilhas, separadas por lagoas e estreitos apertados, que deram nome ao mar. Na língua cazaque, Aral significa ‘ilha’. Atualmente, a Kok Aral, a maior de todas as ilhas dispersas pelo Mar de Aral, separa o Pequeno Aral, do Grande Aral. Esta ilha forma a fronteira natural entre Cazaquistão e Uzbequistão, que partilham o atual lago. O Mar de Aral era, até 1960, o quarto maior lago do mundo, cobrindo uma área equivalente à dos estados do Rio de Janeiro e Alagoas juntos. Por séculos, foi um oásis no meio do deserto. Mas agora o mar de Aral está morrendo. Simboliza o que poderá acontecer com os outros mananciais do planeta se o ritmo do uso irracional continuar como nos dias de hoje. Apesar do nome “mar”, o Aral é um grande lago que se tornou salgado. Antes da década de 1960, tinha 62.000 km2 de extensão. Hoje, já perdeu dois terços da sua área de superfície.

Em toda a bacia do Aral, existem mais de 5 mil lagos, a maior parte na região dos rios Amu Daria e Sir Daria. Sua morte foi prevista há mais de 50 anos, quando o então governo soviético desviou dois rios que o alimentavam para irrigar o plantio de algodão. Os agrotóxicos poluíram 15% das águas, também castigadas pelos efeitos das barragens de 45 usinas hidrelétricas. A floresta que cercava suas margens praticamente acabou. Cerca de 80% das espécies de animais desapareceram. Com a erosão e a retirada exagerada de água, o Aral recebe anualmente 60 milhões de toneladas de sal carregadas pelos rios, matando peixes e, por conseqüência, a indústria pesqueira que sustentava a economia local. O sal e os pesticidas agrícolas se infiltraram no solo, contaminaram lençóis freáticos, tornaram impossível a lavoura e elevaram a níveis epidêmicos doenças como o câncer. Os ambientalistas dizem que o Aral ainda pode ser salvo de seu completo desaparecimento. Para isso é necessário que se modernizem os sistemas de irrigação e adotem práticas ambientais menos agressivas. Ora, qualquer coisa que se faça diferente do que já foi feito até então, será menos agressivo naquela região.

A morte do Aral é um caso exemplar da estupidez humana. Para os pescadores, o Aral era um mar de água salgada tão grande que de uma ponta não se via a outra por causa da curvatura da Terra. Da costa não se distinguia o Aral de qualquer outro mar, pois era pleno de peixes que serviam de matéria-prima a indústria de conservas. E como em qualquer história de pescador que se preze, diziam eles que uma considerável frota de pesqueiros ia a pique durante as tormentas e que seus tripulantes realmente se afogavam, como se estivessem no Atlântico.

Diante de tanta insensatez, as pessoas se curvam ao infortúnio, à sorte inevitável, abatidas, boquiabertas. Porém, sempre caladas. Já não me surpreendo mais com a quantidade de humanos no planeta que falam, escrevem (outros até estampam em camisetas), as mesmas frases de despreso a "quem" fez isso. De desesperança nos homens. De medo do que possa acontecer em outras partes do planeta. Do pavor de ver a natureza destruída assim. Da dor que é ver até onde o homem é capaz de ir etc etc etc. Entretanto, é raríssimo ler ou ouvir alguém dizer nas ruas, nas cidades, que está fazendo algo para que esse tipo de coisa não tome um caminho sem volta. Quero dizer que é pra lá de cômodo para todos nós nos sentarmos em frente ao computador e lamentar, lamentar, lamentar, além de colocarmos toda e qualquer culpa no outro, jamais em nós mesmos também. Onde ficamos nós nesse complexo sistema que é a humanidade, tentando sobreviver em meio à natureza, e sabendo em sã consciência, que tudo que temos feito (e isso inclui nossos antepassados e nossos descendentes) tem sido um imenso mar de destruição ao nosso redor? Penso que já é hora de cada um de nós colocar a mão na consciência e começar a fazer a sua parte. E isso começa dentro de cada um de nós. Começa respeitando os direitos do seu vizinho e cobrando dele os seus deveres. Começa também não consumindo exacerbadamente como se esse fosse o propósito único de estarmos vivos. Começa, ainda, por não fazermos aos outros aquilo que não desejamos que façam conosco, e por aí vai. De nada adianta separar o lixo para coleta seletiva se, além de não dispensarmos o automóvel, no trânsito, dirigimos sem prudência e sem respeito para com os outros? De que adianta comprarmos camisetas com o símbolo da reciclagem, se levamos quase 1h debaixo do chuveiro aberto a cada banho?

Sinceramente, não vejo outra maneira de se salvar o planeta das mãos "predadoras" do homem se não transformarmos cada homem em ser humano. Caso contrário, continuaremos a falar e a escrever na voz passiva... "Oh! Como não dão valor à natureza!" Quem não dá valor a ela? Nunca somos nós. Sempre é o outro. Obviamente não será meia dúzia de gatos pingados que fará a diferença. Mas se ninguém começar, e logo, não estaremos aqui nem para lamentar.






quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Galeão era o Padre Eterno

A demanda, segurança, abundância de madeiras nobres, mão-de-obra e tecnologias do Reino, incrementaram a construção naval na Baía de Guanabara. Em 1665, Salvador Correa de Sá e Benevides mandou construir, em estaleiros na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, o 'Padre Eterno', maior galeão daqueles tempos. Com 53 metros de comprimento e capaz de deslocar 2000 toneladas em plena carga, o Padre Eterno foi lançado à água em 1663. O galeão estava artilhado com 144 bocas de fogo distribuídas por duas cobertas. Durante a sua primeira viagem à Lisboa, ocorrida em 1665, o Padre Eterno suscitou assombro da gente daquela cidade. Sabe-se apenas que a embarcação perdeu-se no oceano Índico. Foi devido ao Galeão Padre Eterno que o local onde ele foi construído ficou conhecido como Galeão, na ilha que, desde 1567, é do Governador, e desde 1960, minha também.


Gravura do galeão Padre Eterno
Foto: Blog Alernavios

terça-feira, 5 de abril de 2011

3ª feira na máquina do tempo

Vi esta foto em um dos vários e excelentes fotologs sobre o Rio Antigo e a achei fantástica. Quem seria este jovem rapaz? Onde ele estaria e aonde ele iria com sua bicicleta movida à limpíssima energia da propulsão humana? Eu diria que, naquele 22 de maio de 1900, uma terça-feira, nosso jovem amigo de chapéu de palha, estava indo para o trabalho, descendo uma rua pelos lados das Laranjeiras ou Cosme Velho... Como saber, já que não havia nada escrito no verso da foto?! Restou-nos apenas a data para fazer voar nossa imaginaçao. Uma excelente terça-feira, infelizmente poluída, a todos!


Onde seria esse lugar?

domingo, 3 de abril de 2011

A Fogueira da UFRJ

"Um incêndio de grandes proporções atingiu, desde a tarde desta segunda-feira, 28/03, os três andares da Capela São Pedro de Alcântara, dentro do Palácio Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Campus da Urca (Zona Sul do Rio). A fumaça preta que se espalhou pelo céu, foi vista por quase toda a Zona Sul do Rio, tamanha a proporção do fogo.
De acordo com o reitor da UFRJ, Aloisio Teixeira, o fogo ameaça destruir um acervo de documentos que contam a história da instituição. Bombeiros usaram até água da piscina para tentar controlar as chamas. Devido às proporções das chamas, a Capela está praticamente destruída. O lugar passava por obras e era usado para guardar maçaricos e botijões de gás. Por isso, o risco de explosão chegou a preocupar. O cenário no Campus foi de muita correria.

O fogo atingiu toda a Capela São Pedro de Alcântara.

O Palácio Universitário da UFRJ é uma construção do século XIX. Lá já funcionou o Instituto de Psiquiatria Pedro II, inaugurado em 1852. A adaptação do local para abrigar a Universidade do Brasil começou em 1949. Atualmente, funcionam no prédio a Escola de Comunicação, o Instituto de Economia, a Escola de Administração, a Pedagogia, a Editora UFRJ e o Fórum de Ciência e Cultura. Em 2010, a UFRJ se comprometeu com o Ministério Público Federal a restaurar, até 2014, o palácio, tombado desde 1972.

Fonte: Jornal do Brasil – online


Muitos dizem, todo o tempo, que poderia ter sido pior. Dessa vez não. Dessa vez, não consigo pensar que poderia ter sido pior. Não, não poderia ter sido pior. Desculpem-me a todos os que lá estavam na hora do “crime”, porque este incêncio foi um crime.
O conjunto de prédios incendiado poderá ser restaurado. Isso é verdade. As pinturas nas paredes, os quadros, os lustres, os móveis originais não poderão ser recuperados, mas ainda assim, podem ser feitas réplicas baseadas em fotos, o que, no caso de um crime como esse, não tem justificativa. Entretanto, os muitos documentos que contavam quase toda a história da educação no Brasil, estes jamais poderão ser recuperados.

Alguns devem se lembrar da decoração do salão para as cerimônias especiais...

Nessa hora, não quero saber de MEC. Quero mais do que isso, quero saber onde está o IPHAN? Estes e quantos outros documentos históricos Brasil afora, em plena era da eletrônica, da informática e quantos outros nomes quisermos dar, não foram e não serão nunca digitalizados? Isso, sim é o que chamo de verdadeiro caso de Segurança Nacional. Todo e qualquer arquivo público deve ter um prazo para ter todo seu acervo digitalizado, com cópias feitas e guardadas em locais geograficamente diferentes. Por que um procedimento tão simples como uma mera digitalização de documentos, coisa que hoje, fazemos em impressoras multifuncionais nas nossas casas, não pode ser pensado pelo poder público? Vejam este extrato do site da AGU – Advocacia-Geral da União, datado de 23/09/2009.
“A AGU manteve, na Justiça, a validade de pregão eletrônico para contratação de serviços gráficos e de digitalização de documentos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A atuação da AGU se deu por meio da Procuradoria Regional Federal da 1ª Região (PRF1) e da Procuradoria Federal junto ao Iphan.
O Sindicato das Empresas de Informática do Distrito Federal (Sindesei) tentou suspender o pregão eletrônico nº 15/08, sob o argumento de que o objeto licitado corresponde a serviços de informática não enquadrados na categoria de serviços comuns. O relator do recurso concordou inicialmente com o sindicato e deferiu o pedido para atribuir efeito suspensivo ao recurso de agravo de instrumento.
A Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou pedido de reconsideração alegando que o pregão teve por objeto a contratação de empresa especializada para produção (serviços gráficos) e digitalização de documentos, não configurando serviço de informática de natureza diferenciada como afirmou o sindicato.
Quanto ao serviço de digitalização, a AGU informou que é necessário disponibilizar antes um sistema informatizado de busca, pois não faria sentido transferir uma série de documentos para meio digital, sem que haja um mecanismo que permita recuperá-los no futuro.”


... Das cerimônias de casamento nesta capela, que talvez não volte a haver.

É imperativo que se façam digitalização dos originais de documentos históricos em alta qualidade com urgência. É um procedimento simples, mas caro. Quem o fizer com qualidade vai cobrar muito e poderá alegar a responsabilidade de manipular verdadeiras relíquias. O que é verdade. Mas este é o tipo do dinheiro que não é jogado fora.

O IPHAN não deveria acompanhar as obras de restauração dos prédios tombados? Não é responsabilidade deles? Se não é, deveria ser.

A Lei 8666 é uma faca de dois gumes. Infelizmente, ela é aplicada com rigor, quando querem apenas um preço tão pequeno que a qualidade do serviço ou produto oferecido não importa. Quando a conveninência recai na aplicação desta Lei só para constar, é porque interesses outros estão sendo levados em consideração na qualificação do ganhador da "concorrência".

A única coisa que tenho a lastimar é que, MESMO QUE HOUVESSE UMA VIDA HUMANA PERDIDA, ninguém iria a júri popular, ninguém seria preso, nada. Sem perda de vidas humanas, então, será um NADA muito mais retumbante.

A fachada nobre da Universidade do Brasil
 

O que achei muito bem lembrado pelo Sérgio, um grande amigo meu, foi a analogia feita por ele com o carnaval (que para mim é uma mera lavagem de dinheiro institucionalizada). Em fevereiro deste ano algumas Escolas de Samba foram prejudicadas por um incêndio no Rio de Janeiro. Prontamente, os governos destinaram verbas que passaram dos 4 milhões de reais. “Mas para essa reconstrução não haverá urgência! Estou cansado de ver tanta incompetência / roubalheira, que nem falo mais”, retrucou o meu amigo. Mas eu ainda não estou cansada o suficiente de ver a mesma indecência de dinheiro roubado, lavado, levado na cueca etc a ponto de me calar. Aqui está o meu protesto, a minha indignação, com o descuido total pela arte e a cultura no país. Em espaço ainda não tão grande, mas verdadeiro. De nada adianta dizermos que falta educação no país, se não zelarmos pela sua memória, sua história, seu patrimônio arquitetônico, que são, estes sim, a sua cultura. E um povo que não zela por sua cultura, não precisa de infinito número de prédios de escola, precisa de uma escola que leve adiante a cultura que a população do país respira. Neste ponto, o Brasil está sem olfato.

Dizer o quê, diante disso?


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Poisson d'Avril

A tradição do Dia da Mentira remonta a 1564, ano em que Catarina de Médicis, regente da França em nome de Carlos IX, deliberou por decreto que o ano civil começaria a 1 de janeiro. Até então, o ano civil começava no primeiro dia de abril, em plena primavera. Mesmo com tal mudança não se alteraram certos costumes. Assim, tendo-se transferido para o 1º de Janeiro o hábito de trocar prendas e votos de Boas Festas, não deixou de se manter o mesmo costume também no dia 1º de abril. Simplesmente, como esta data tinha perdido o significado anterior, as prendas e mensagens que continuaram a trocar passaram a ser fictícias. O dia 1 de abril iria se tornar, portanto, o dia em que a astúcia dos mais engenhosos fazia com que muitos rissem à custa dos que acreditavam nas suas fantasias, por vezes delirantes.
Este costume rapidamente se expandiu por toda a Europa e outras partes do mundo, pois a França era então o modelo cultural de todas as civilizações ocidentais. E por que poisson? Simplesmente porque no calendário zodiacal, a data sucede ao período reservado ao signo dos Peixes.
Atualmente, na França, as crianças costumam colar a figura de um peixe nas costas dos outros. E riem do fato, visto que é o “Poisson d’avril”, o “dia da mentira”. De fato, é uma celebração meio bobinha, mas os franceses curtem à beça. Vá entender!