domingo, 17 de abril de 2011

BB, Música de qualidade raríssima

Conheci a música de Burt Bacharach aos 14 anos e adorei. Em 1974, ninguém da minha idade conhecia esse nome. Isso nunca foi problema para mim. Eu tinha (tenho até hoje) quase todos os seus discos, em vinil, é claro. Desde que ele lançou ‘Woman’, um álbum impecável em qualidade musical, nunca mais soube de nenhum outro álbum seu. Por isso ‘Woman’ era, até semana passada, o último álbum dele que eu tinha, sem contar com um único CD de seleção de hits.

Quando em fevereiro, descobri na Amazon seu mais recente álbum, lançado depois de ‘Woman’, o CD ‘At This Time’, compreio-o imediatamente, até porque era o dia do meu aniversário. O CD não decepcionou, ao contrário, só comprovou o apurado senso melódico de Burt Bacharach, que capta de forma elegante sua busca pela perfeição. Irretocável.
Infelizmente, ainda existe o estigma de “um dos maiores compositores da música pop do século XX”. Por isso não gosto de rótulos, eles aprisionam as pessoas. Quem o considera apenas um “compositor pop” desconhece o melhor de sua música, desconhece sua formação musical. Quando criança, estudou violoncelo, bateria e piano. Mais tarde, estudou teoria musical e composição na Escola Mannes, em New York, no Berkshire Music Center, na New School for Social Research (com Darius Milhaud), na McGill University em Montreal, e na Academia de Música do Oeste de Santa Barbara, CA.
Hoje, Burt Bacharach é um compositor e maestro atemporal. Sua música, de qualidade raríssima, permanecerá, assim como a de Cole Porter ou Irving Berlin. Burt Bacharach conseguiu transcender os hits dos anos 60 que fizeram dele um compositor conhecido no mundo inteiro. No início dos anos 70, após o estrondoso sucesso de ‘Close to You’ gravado por The Carpenters, seus três parceiros mais próximos o deixaram: o letrista Hal David, ‘a voz’ da sua música, Dionne Warwick, e sua esposa, Angie Dickinson. Burt Bacharach conseguiu mostrar, entretanto, que nem tudo neste planeta é descartável. Sem estrelismos, ele ainda faz turnês pelo mundo, levando sua música, não aquela que o consagrou há 40 anos, mas sua melhor música, aquela feita com o frescor dos seus 82 anos.

At This Time, Burt Bacharach, Columbia Records, 2005
Para aqueles que pensam que, assim como todos os astros da música internacional, Burt Bacharach só veio tocar no Brasil em final de carreira, digo que tive o privilégio de assisti-lo no Rio de Janeiro, no Canecão, em 1978, justamente para o lançamento de seu álbum ’Woman’. Um show sóbrio, de produção sofisticada, no qual ele mostrou como consegue tirar de sua orquestra o mais puro e “brezzy” som. Jamais me esquecerei daquele show. No auge dos meus 18 anos, ninguém da minha idade pagaria um único centavo para assisti-lo, alegando que era coisa de “velho”. Melhor para mim, meu pai me acompanhou. Não poderia ter encontrado companhia melhor. Que bom que, desde os 18 anos, eu sou uma “velhinha” de muito bom gosto. Assim que o box set ’Something Big’ chegar, falo nele. Ahhh... Não deixem de conferir o CD!

Para os curiosos, a prova do crime, meu pai e eu no Canecão no show de BB em 1978. PS: o cigarro nas mãos da garçonete não era para nós!


3 comentários:

  1. Olá,

    Tem razão ao se referir aos rótulos: Burt bacharach possui diversas músicas que se aproximam do Pop, mas quem conhece a sua obra sabe perfeitamente que é um compositor muito talentoso e dono de uma criatividade melódica fantástica. Parabéns...

    Meu nome é rogério villela
    rogeriovillela@oi.com.br

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  2. Olá,

    Tem razão ao se referir aos rótulos: Burt bacharach possui diversas músicas que se aproximam do Pop, mas quem conhece a sua obra sabe perfeitamente que é um compositor muito talentoso e dono de uma criatividade melódica fantástica. Parabéns...

    Meu nome é rogério villela
    rogeriovillela@oi.com.br

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    1. Olá, Rogério. Obrigada pela visita e pelo comentário.

      Abraços,
      Eliane Bonotto

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Tô só de olho em você...
Já ia sair de fininho sem deixar um comentário, né?!
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