quinta-feira, 2 de junho de 2011

Uma pausa para pensar um pouco sobre o amor

Rosa Montero (escritora espanhola) dizia que a paixão é um vício, algo que só pode durar uns 2 anos; este é o discurso oficial, nada criativo.
Dizia também que depois de superada a paixão, as relações ganhavam aquele aspecto quotidiano um tanto monótono e repetitivo. Ela disse que ela mesma havia se apaixonado várias vezes e que as histórias sempre terminavam assim: "Quando se sai da fantasia para a realidade, o tédio e a monotonia acabam por predominar." Ela fala que, na paixão, amamos mesmo é o estado que o encantamento pelo outro provoca em nós. É verdade. Diz que não amamos a outra pessoa e que amamos mesmo é o amor! Este é mais um capítulo do discurso oficial, tradicional e vazio.

Amamos uma determinada pessoa porque ela provoca em nós uma série de sentimentos e sensações, e isso é o que afirmo há décadas. Amo aquela pessoa cuja presença provoca em mim a sensação de aconchego, de paz e de bem-estar que eu perdi no momento do nascimento. Amo a pessoa porque ela é capaz de provocar em mim emoções muito agradáveis. É mais que lógico que seja assim.



O trágico é que muitas pessoas, depois de encantadas, continuam a amar a pessoa, apesar de ela provocar dor, humilhações e todo o tipo de insegurança e desconforto. Isso não é mais amor e sim uma dependência mórbida que está a desconsiderar os fatos e que torna tantas pessoas reféns de parceiros que não valem a pena. Aí as pessoas falam coisas do tipo: ele é péssimo, mas eu o amo! Isso é que não faz o menor sentido.

Temos mesmo que amar a pessoa que nos faz feliz, que provoca em nós grandes e prazerosas sensações. A paixão corresponde a um encantamento de ótima qualidade entre pessoas parecidas que vivenciam este encontro com muito medo. O medo é parte da paixão e dá-lhe o carácter aflitivo e tenso que pode se assemelhar ao vício.
 

Quando o medo se atenua, a relação continua a manter todo o vigor e todo o encantamento próprio das relações baseadas na confiança recíproca, numa intimidade totalmente compartilhada e num clima erótico legal.

O medo não é outro senão uma manifestação do que chamo de fator anti-amor, presente em todos nós, que está principalmente relacionado com o medo da felicidade. Este é o maior obstáculo à realização amorosa.

Como todo medo, só pode ser tratado de uma forma: Enfrentando-o com consciência, coragem, determinação e persistência.

Vou pensar com mais vagar sobre este texto e, se tiver tempo, ainda amanhã, vou escrever o que penso, ou o que ainda gostaria de descobrir, sobre o assunto.

Texto do Dr. Flávio Gikovate, psicoterapeuta e escritor brasileiro.


0 comentários:

Postar um comentário

Tô só de olho em você...
Já ia sair de fininho sem deixar um comentário, né?!
Eu gosto de saber sua opinião sobre o que escrevo.
Não tem de ser só elogio... Quero sua opinião de verdade!