segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Sonhar com Aquele Amor

Se há uma coisa de que não gosto mesmo é quando me chamam de sonhadora de forma pejorativa. Sonhar parece ser um pecado capital. Não consigo entender a pequenez de quem pensa assim. Obviamente, ninguém vive só de sonhos, mas é preciso tê-los para se ter objetivos a serem perseguidos e, portanto, estímulos para viver. E posso apostar, quem não deseja ter sonhos é por medo. Medo de mudar. Ter de sair da “zona de conforto” (essa expressão tão na moda). Quem não muda, não evolui. Pois eu tenho sede de aprender, de me transformar sempre numa pessoa melhor, quero aprender com meus erros, deixar para trás meus preconceitos. É preciso se questionar sempre, se reavaliar.

Ainda outro dia, minha amiga, a Izildinha, me disse que o amor é impossível. Tentando explicar sua teoria, ela me disse sobre o assunto de que falávamos: “O problema poderia ser solucionado com o tempo. Antecipar o fim, causa consequências. Devemos estar sempre preparados para estas decisões, pois tudo tem seu momento. A vida é movida por decisões. Saber o momento certo é a sua essência.” Essa Izildinha parece de uma sensatez sem igual, não?! E ela é uma mulher sensata, sim. Mas, às vezes, dá uma exagerada na indecisão. E isso não dá para negar. Ora, Izildinha, não existe amor impossível, apenas pessoas incapazes de lutar por ele. O amor é uma fonte inesgotável de reflexão profunda. Amor permanente... Como tem gente que se agarra a esta ilusão! Sábio é aquele que tem coragem de ir diante do espelho da sua alma para reconhecer seus erros e fracassos e utilizá-los para plantar boas sementes no terreno de sua inteligência. Ser livre é não ser escravo das culpas do passado nem das preocupações do futuro. Ser livre é ter tempo para a pessoa que se ama. É abraçar, se entregar, sonhar, recomeçar tudo de novo, mais de uma vez, se necessário. Mas, acima de tudo, ser livre é ter um caso de amor com a própria existência e desvelar seus mistérios. Essas palavras de Augusto Cury podem parecer piegas, mas são tão verdadeiras... “Se seus sonhos são pequenos, sua visão será pequena, suas metas serão limitadas, seus alvos serão diminutos, sua estrada será estreita, sua capacidade de suportar as tormentas será frágil. Os sonhos regam a existência com sentido. Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina, pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas. Lute pelo que você ama.”

Cara amiga Izildinha, veja quantas pessoas maravilhosas disseram coisas que só corroboram o que eu defendo. Veja o que disse Clarice Lispector: “Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.” Veja essa de Friedrich Nietzsche: ”Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.” E o que dizer desta de Khali Gibran: ”Quando o amor vos fizer sinal, segui-o; ainda que os seus caminhos sejam duros e escarpados. E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos; ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.” Essa de William Shakespeare: ”O amor não prospera em corações que se amedrontam com as sombras.” Essa outra de Bertrand Russell: “Temer o amor é temer a vida e os que temem a vida já estão meio mortos.” Mais essa de Immanuel Kant: “Não há garantias. Do ponto de vista do medo, ninguém é forte o suficiente. Do ponto de vista do amor, ninguém é necessário.” E mais essa de Johann Goethe: “Gosto daquele que sonha o impossível.” E essa última do meu querido, Charles Baudelaire: ”Não podendo suportar o amor, a Igreja quis ao menos desinfectá-lo, e então fez o casamento.”



Vou deixar aqui uma crônica de Artur da Távola, de quem também sou fã, para ajudar um pouco mais na arte da reflexão.

Aquele Amor
Ela pertence à espécie de mulheres que possuem um só amor em toda a sua vida. Ou amam de verdade apenas uma vez. Seria espécie de mulheres ou a maioria assim o é, mesmo sem o saber? Também há homens de eterno amor, embora o machismo e as deformações de sua cultura e comportamento nem sempre os convença de tal. Ou não convença a maioria. Ou será que o fato de serem colocadores de semente por determinismo biológico os leva a não prestar a devida atenção à sua destinação para o amor? No meio da conversa ela diz, de repente, que só gostou de verdade de um homem e eis que vai buscar lá entre papéis amassados, daqueles que esturricam o couro das carteiras, não um mas três retratos dele, que espalha, qual cartas de baralho, sobre a mesa do restaurante. E fala dele com a mistura de ternura e tristeza que assaltam as mulheres que não lograram viver com o seu amor, casar-se com ele, ter seus filhos, viver em função dele e dela, unidos, pois esta é a verdadeira vontade e destinação da mulher: viver ao lado do verdadeiro amor. Sim, elas vivem de modo proibido se necessário, casam-se com outro, têm filhos, os amam profundamente, mas a verdade de seu ser é a do amor verdadeiro, até porque mulher vive para amar e por amor, o resto se ajeita. Podem até deixar seu amor dormitar por anos e parecer serenado. Volta, porém a qualquer apelo ou menção do nome dele, encontro fortuito na rua com um conhecido dos tempos do namoro ou da relação. Como são comoventes e lindas na sua integralidade bíblica as mulheres quando expressam para os demais ou para si mesmas, o amor de suas vidas ou quando consultam, escondido, os retratos guardados, recortes, flores secas, a memória úmida das restantes lembranças em momentos de silêncio e solidão! Abençoados sejam, porque são, os homens e as mulheres que na passagem por esta vida receberam um dia de alguém, ou deram, um amor único, original e definitivo. Abençoados sejam e para todo o sempre. Como o amor que existe apesar de todas as ternas e dolorosas circunstâncias que não impedem a sua verdade mas em muitos casos esmagam a sua plena realização.




2 comentários:

  1. Bem, enquanto uma amiga continua com sua árdua tarefa de confurações etc e tal, deleito-me por aqui, na certeza de que nem tudo esta perdido.

    Pois é!

    Um abração carioca

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  2. Oi Paulo. Espero que esse "deleio-me" quer dizer que vc gostou do que leu. rsrs

    Abraços,
    Eliane

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