segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Rio de Janeiro e a cidade de Roma

A Civilização Romana se originou de um pequeno povoado da Península Itálica, encravada na porção central deste território, Roma. Os romanos eram religiosos politeístas, de deuses “importados” da Grécia, adorados com outros nomes. Passou por mudanças políticas, da monarquia à república (quando o Senado exercia o poder político), responsáveis pela administração, finanças públicas e política externa.
No século I d.C., o desenvolvimento da religião cristã foi um ponto fundamental na transformação do Império, a doutrina religiosa e expansionista contrariou as crenças e instituições que sustentavam o mundo romano. Roma criou a política do Pão e Circo, oferecendo ao povo alimento e diversão. Implicitamente, esta política tinha o propósito de fazer com que a população esquecesse os problemas da vida, diminuindo as chances de alguma revolta. As lutas de gladiadores nos estádios eram acompanhadas de distribuição de alimentos.
A extensão do Império Romano em seu momento de glória
Ao longo de sua história, passou por momentos de glória e declínio. Viu seu exército conquistador implantar a Pax Romana a todos os povos dominados pelo Império. Em seguida, por falta de salários, os próprios soldados abandonam seus postos.
A extensão do Império Romano no seu declínio
No novo mundo, o miscigenado e religioso povo carioca, em meio às mudanças de capital do império para capital da república, viu seus dias de glória e êxtase esvaírem-se após a mudança da capital federal para Brasília.
Seguindo o curso da história brasileira, as crises econômicas, os governantes inescrupulosos e, acompanhada por uma população alegre, descontraída, receptiva que absorve os impactos sociais e econômicos com bom humor, a cidade do Rio de Janeiro entra em declínio moral, social, econômico e ético.
Culpados? Como em Roma, o Rio de Janeiro tem governo e governados, ambos omissos e críticos exacerbados, irônicos e incapazes de encontrar uma solução em comum.
A política do Pão e Circo vem sendo usada, não é de hoje, com extrema habilidade pelos governantes. Claro que hoje ela está adaptada aos tempos modernos, Carnaval, Samba, Futebol, Shows na Praia, doações, “Cestas e Vales” de todo tipo e tantas outras benesses próprias de governos paternalistas.
A ocupação desordenada dos morros da cidade, sem a fiscalização dos órgãos competentes é definitivamente culpa do poder público. Conseqüentemente, depois de a ocupação ilegal instaurada, esta omissão provoca o surgimento de poderes paralelos nas “comunidades”.
Quando ocorrem desastres naturais, o governo é obrigado a providenciar novas moradias, construídas com dinheiro público, que deveria ser utilizado em benefício comum. A população, em uma ação humanitária, tem que doar comida, roupas, água e socorro. Enquanto isso, o poder paralelo faz queima de pneus, ônibus e quebra-quebra nas imediações das “comunidades”.
A Favela da Rocinha em pleno século XXI
 As forças policiais, que deveriam defender a população, abandonam seus postos e servem aos poderes paralelos, protegem a criminalidade, extorquem, seqüestram e matam o cidadão decente que, pasmo diante de tudo isto, se cala ou, no máximo chora, estão falidas.
O Rio e Roma se parecem. Roma teve seu império vencido pelos povos bárbaros. O Rio de Janeiro tem um problema principal é a questão cultural e educacional do povo, sobretudo daqueles que vivem em “comunidades”. Infelizmente, a forma como está montado o pensamento do cidadão médio destas áreas (as comunidades) não prevê a modificação do sistema ali instalado.
A aceitação resignada da existência dos grupos de traficantes, milicianos e outros sistemas de domínio está na alma daquele povo. Na verdade, fruto da falta de educação, cultura e consciência do povo carioca, que não ama o Rio de Janeiro, pois que o entregou aos mais ignóbeis e abjetos governos estaduais durante décadas.
Autoridades cariocas... Autoridades???
A valorização do jeito "esperto" de ser do carioca, que consegue esgueirar-se através da malandragem, é visível e constantemente enaltecida, sobretudo dentro das “comunidades”. A (pseudo)-intelectualidade e a principal mídia local, que são os formadores de opinião na cidade e no país, ajudam a perpetuar estes valores, através do seu enaltecimento em produções “culturais”.
Por outro lado, a chamada "elite" se descola da realidade cidadã, isolada em “ilhas” onde a realidade, criada por arquitetos de renome, difere das comunidades pobres ao redor. Essa "elite" polariza sua noção de realidade entre os desfiles de carnaval, considerados uma demonstração de democracia racial (embora a fina flor da elite esteja nos camarotes ou no alto dos carros alegóricos) e a completa ignorância acerca dos problemas da sua própria cidade.
Ameaças surgem, o crime organizado e o desorganizado, a política insossa e incipiente dos poderes legislativo e executivo estadual e municipal. O poder judiciário mostrando cada vez mais a sua cara maquiada.
A ruptura de um sistema tão bem cimentado assim só pode ocorrer através de um ato ou situação revolucionários, que frature sua base estrutural, algo que afete ou envolva a sociedade como um corpo, como um todo. Em função de tudo isso, não vejo uma solução, nem mesmo a médio prazo, desta situação.

Um pouco da história de Roma
Quando olhamos para a extensão do Império Romano em um mapa, mal chegamos a imaginar que esta civilização se originou de um pequeno povoado da Península Itálica. Encravada na porção central deste território, a cidade de Roma nasceu por meio dos esforços dos povos latinos e sabinos que, por volta de 1000 a.C., teriam erguido uma fortificação que impediria a incursão dos etruscos.
As poucas informações sobre as origens de Roma são encobertas pela clássica explicação mítica que atribuem sua fundação à ação tomada pelos irmãos Rômulo e Remo. Após a fundação, Roma teria vivenciado seu período monárquico, onde o rei estabelecia sua hegemonia política sobre toda a população e contava com o apoio de um Conselho de Anciãos conhecido como Senado.
Os membros do Senado eram oriundos da classe patrícia, que detinha o controle sobre as grandes e férteis propriedades agrícolas da região. Com o passar do tempo, a hegemonia econômica desta elite permitiu a formação de um regime republicano em que o Senado assumia as principais atribuições políticas. Entre os séculos VI e I a.C., o regime republicano orientou a vida política dos cidadãos romanos.
Entretanto, a hegemonia patrícia foi paulatinamente combatida pelos plebeus que ocupavam as fileiras do Exército e garantiam a proteção militar dos domínios romanos. Progressivamente, a classe plebeia passou a desfrutar de direitos no interior do regime republicano e a criar leis que se direcionavam aos direitos e obrigações que este grupo social detinha.
Apesar de tais reformas, a desigualdade social continuava a vigorar mediante uma sociedade que passava a depender cada vez mais da força de trabalho de seus escravos. As conquistas territoriais enriqueciam as elites romanas e determinavam a dependência de uma massa de plebeus que não encontravam oportunidades de trabalho. De fato, as tensões sociais eram constantes e indicavam as diferenças do mundo romano.
Paulatinamente, as tensões sociais se alargaram com a ascensão de líderes militares (generais) que cobiçavam tomar frente do Estado Romano. As tentativas de golpe sinalizavam a ruína do poder republicano e trilharam o caminho que transformou Roma em um Império. No século I a.C., o general Otávio finalmente conseguiu instituir a ordem imperial.
Durante o Império, observamos a ascensão de governos que mantiveram a ordem, bem como de outros líderes que se embebiam do poder conquistado. No século I d.C., o desenvolvimento da religião cristã foi um ponto fundamental na transformação do Império. A doutrina religiosa e expansionista contrariou as crenças (politeísmo) e instituições (escravismo) que sustentavam o mundo romano.
Por volta do século III, o advento das invasões bárbaras e a interrupção da expansão dos territórios caminhavam em favor da dissolução deste Império. Apesar da derrota imposta aos romanos, suas práticas, conceitos e saberes ainda são fundamentais para que compreendamos a feição do mundo Ocidental. De certa forma, todos os caminhos ainda nos levam (um pouco) a Roma.

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