sábado, 21 de agosto de 2010

A China será a próxima potência do globo?

Conjecturar sobre que país será a próxima potência e terá influência mundial é muito complicado. É sempre interessante fazer uma visita à história geral. Se olharmos como outras potências no passado impunham sua cultura às demais, veremos que sempre o fizeram pela força. O império romano, depois os otomanos e, finalmente, os ingleses, que foram impérios por vários séculos, sempre impuseram suas culturas através da força. Os espanhóis e os portugueses dominaram por períodos muito curtos e não chegaram a ser considerados potências mundiais Os estadunidenses, atualmente, também não são diferentes, apesar de não estarem "oficialmente" expandindo as suas fronteiras hoje (já estiveram anteriormente, vide Porto Rico, Ilhas Virgens etc), como tentaram os impérios do passado.
O domínio de uma nação atualmente tem por base três princípios. O poder militar, o poder da tecnologia e o poder econômico.

US Navy Sea Shadow stealt
Historicamente, quem domina os mares, domina o mundo. A marinha dos EUA é maior do que a do resto do mundo (talvez juntas) e domina todos os mares. Não vamos nos esquecer que, na America do Sul, em 2008, foi reativada a Quarta Frota do Atlântico Sul, que estava desativada há mais de 50 anos. Até a II Grande Guerra, era a Marinha Britânica que dominava os mares. O ponto é que os portos do Atlântico Norte, que até hoje são os mais importantes do mundo, mudaram de mãos nesta época. Esse foi o preço que os britânicos pagaram para terem os EUA na guerra. Para desenvolver uma marinha que possa, talvez, fazer frente à dos EUA, seriam necessários, de acordo com especialistas, uns 30 anos. Estes mesmos especialistas não mencionam o país que estaria mais próximo deste feito. A China tem investido muito na área militar, mas está muito longe disso.
Resultado de algumas leituras que andei fazendo, ainda segundo especialistas, além de dominar os mares, o segundo fator utilizado pelos EUA para "manter" este domínio é desestabilizar qualquer país que esteja se tornando líder regional e não esteja alinhado com os interesses estadunidenses. Apesar de muita gente achar que a invasão do Iraque foi um erro ou que foi por conta do petróleo (não que estes não sejam fatores relevantes), a razão foi desestabilizar o Oriente Médio. Para quem vê de fora, parece que foi um desastre, mas na realidade, estrategicamente, foi um sucesso. Se atacarem o Irã no futuro, também será pelas mesmas razões. Pessoalmente, acho que o Lula anda apertando a mão de pessoas que ele não deveria, pois que, assim, ele está batendo de frente com os interesses dos EUA cada vez mais. Sua última proeza ao oferecer asilo à mulher condenada à morte no Irã, certamente com intenções nobres, foi desastrosa. Se existia uma oportunidade de ele se calar, era aquela. O ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, chamou o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de “ditador” e criticou a forma como o governo do presidente Lula trata o caso da viúva iraniana. José Serra acusou Dilma de nunca ter dito “uma palavrinha áspera com relação ao Irã” e agora para o governo Lula “o Irã é àquela ditadura fascista e feroz”. Que bela confusão.
Voltando aos especialistas... Dizem ainda que a China hoje exerce um poder regional na Ásia, sem que tenha como se impor muito, porque o seu vizinho, o Japão, tem seus próprios interesses e não tem recursos naturais. Portanto, a tendência é o Japão começar a disputar espaço com a China e, possivelmente, se militarizar novamente. Dizem que este pode ser o conflito que os americanos estão apostando que acontecerá para desestabilizar a região. Bem... O PIB do Japão acabou de ficar menor do que o da China, mas eu não apostaria nessa teoria. Não é impossível, mas é improvável, na minha modesta opinião de leiga.
No quesito domínio tecnológico, acredito que a distância seja ainda maior do que na questão anterior. Se olharmos todas as tecnologias que deverão dominar o mundo nas próximas décadas, são todas elas preponderantemente de empresas estadunidenses. Um estrategista afirmou recentemente que nas próximas décadas, as marinhas atuarão de modo diferente do que vemos hoje, porque todos os seus controles serão feitos do espaço, através de satélites. Portanto, o cenário sofreria uma alteração considerável. Quem hoje estiver dominando os mares, não necessariamente, dominará o mundo num futuro próximo, pois dominará o mundo quem dominar o espaço. Apesar de no atual governo os EUA não estar envidando todos os esforços no desenvolvimento espacial, eles estão à frente dos demais países em investimento, tecnologia, propriedade intelectual etc. Vamos a um exemplo prático, energia, que hoje tem no petróleo a sua maior fonte, já está caminhando para, no futuro, ter o sol como principal fonte. Porém, com placas de captação no espaço e não no solo. Isso hoje já existe e quem deteria essa tecnologia seriam os EUA.
Na área de tecnologia da informação, cloud computing, que deve ser a próxima grande tecnologia difundida, todas as empresas são estadunidenses. Nesse ponto eu acredito, sim, que a China estará sempre um passo atrás, copiando...

Pequim, a China dos espigões e de imagem capitalista
Somente no quesito poder econômico, derivado do consumo, a China poderá fazer frente aos EUA, podendo até ser um eventual líder. Contudo, ainda não sabemos o que vai acontecer quando a bolha imobiliária da China estourar e a moeda começar a flutuar. O problema lá pode ser pior do que foi nos EUA quando isto acontecer, podendo até mesmo mudar o cenário atual por muitos anos. Se mais uma vez, fizermos uma visita à história geral, veremos que, historicamente, a China costuma não conseguir ficar unida como hoje por muito tempo. Há os que acreditam que é só questão de tempo até que ela se divida novamente. Esses especialistas... Não sei não. O dinheiro está mudando de mãos no mundo inteiro e eu acho que pouquíssimas pessoas estão se dando conta disso. E então vou deixar aqui o meu “achismo”. O que eu estou chamando de “mudar de mãos” é o fato de não haver apenas classes emergentes em um ou outro país, mas sim vários países inteiros emergentes. Hoje é o BRIC, depois alguns outros e acredito que isso será um processo natural de evolução do mundo e dos seus habitantes.

O contraste da periferia da cidade de Pequim
O planeta não suportará mais um hemisfério sul miserável para poder sustentar o fausto e a qualidade de vida do hemisfério norte. O mundo está com a taxa de natalidade caindo e isso não terá volta. Só que os EUA não serão o único país com capacidade de atrair imigrantes. Hoje a Europa vive um problema social sério, que começou há uns quase 20 anos, com a imigração descompassada de cidadãos de suas ex-colônias. Como na Europa em geral o tamanho do estado na economia é notável, e é isso que proporciona um estilo de vida generoso à sua sociedade, a imigração está caminhando a passos largos para a asfixia do sistema social europeu. Isso implica na necessidade de reformas na previdência social, na quantidade de empregos estatais, na pequeníssima quantidade de horas diárias trabalhadas pelos europeus e em um controle apurado da imigração. Os europeus estão indignados perante às reformas que, paulatinamente estão acontecendo. Contudo, eu estou convicta de que o mundo não conseguirá mais ter tantos excluídos em países ditos subdesenvolvidos para que a Europa possa se dar ao luxo de abrir o comércio às 10h da manhã e fechar às 19h; de estabelecimentos comerciais colocarem avisos de que estarão fechados por 30 dias porque todos os empregados estão em férias de verão simultaneamente.
Também por conta dessa situação na Europa é que eu acho que a China pode ter algum fôlego para enfrentar os EUA na questão do poder econômico.
No mais, na minha visão, a China continuará a ser apenas o ‘C’ do BRIC por um bom tempo ainda.

2 comentários:

  1. Goste muito obg,minha opinião sobre esse assunto esta se formando com base na sua muito obg msm :)

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  2. Prezado, muito obrigada pelas palavras. Fico contente que tenha gostado do texto. Mas... Por favor, não forme sua opinião sobre o assunto baseada na minha. Leia, escute, converse, discuta com outras pessoas e, acima de tudo, reflita. É a sua reflexão sobre as várias formas de obter opiniões e conhecimentos outros, que lhe permitirá, com o passar do tempo, a formar seu próprio modo de enxergar os assuntos e, assim, ter sua própria visão de mundo.

    Obrigada pela visita.

    Abraços,
    Eliane Bonotto

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