domingo, 1 de agosto de 2010

Por que disseram NÃO às garrafas de vidro?

Vejo por todos os lados ONGs e outras organizações, além do próprio governo, clamarem por reciclagem e tratamento do lixo plástico, bla bla bla... A população fica “encantada” com essas iniciativas ambientais, ecológicas, de vida sustentável. Há iniciativas importantíssimas e inegavelmente positivas e necessárias, mas... Quanta balela há por trás desse discurso.
Com este pretexto criam-se ONGs que investem em reciclagem, com dinheiro vindo não sei de onde, sem muito embasamento técnico e saímos reciclando, qual Chaplin em seu maravilhoso “Tempos Modernos”.
Tenho uma teoria quanto à sociedade brasileira. Concordo que ela deve agir, reagir e, principalmente, pró-agir sempre. O único ponto é que a sociedade brasileira não tem o privilégio de ser um povo com capacidade de discernimento.
É também por isso, não apenas, que a sociedade brasileira só se mobiliza na Copa Mundial de Futebol. A grande massa do povo não tem sequer noção do que está por trás da influência da poderosa mídia carioca. Eles sequer sabem que isso existe, pois que eles são parte dela. O povo é apenas o "lado de lá" da câmera a dizer "amén" por não saber pensar, raciocinar, refletir.
Então, voltando aqui ao assunto verde, eu faço uma pergunta. Se, é sabido por todos que:
§   As embalagens PET levam quase 400 anos para se degradar;
§  A produção destas embalagens supera, em muito, a sua reciclagem;
§  Os principais contaminantes do PET reciclado são os adesivos plásticos, ou seja, a base ou ("base cup") - a famosa base de alguns refrigerantes de Polipropileno;
§  O alumínio existente em algumas tampas só é tolerado com teor de até 50 partes por milhão no reciclado;
§  Caso exista a consciência ambiental, e o seu destino seja a reciclagem, o VIDRO não causa dano algum ao ambiente;
§  E mais de tantas outras razões para não utilizarmos embalagens PET;

Por que ainda temos todas as fábricas de refrigerantes e afins produzindo “a pleno vapor”, litros e litros deste “líqüido precioso” nas famigeradas embalagens PET em vez de voltarmos à boa e velha embalagem de vidro retornável? Eis aqui, senhores, a pergunta que não quer calar.


Politereftalato de etileno, ou PET, é um polímero termoplástico, desenvolvido por dois químicos britânicos Whinfield e Dickson, em 1941, formado pela reação entre o ácido tereftálico e o etileno glicol, originando um polímero, termoplástico. Mas essa informação não nos serve para nada no post de hoje.
Em se tratando de pesquisa em ecologia, fui beber na fonte do conhecimento de uma instituição que presa por este tipo de pesquisa, a UNICAMP, Universidade de Campinas.
Encontrei, na Internet, é claro, a dissertação de mestrado da bióloga Andréa Rodrigues Fabi, que tratou do tema de forma magnífica e imparcial (como uma dissertação deve ser) quando de sua apresentação à Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp. Vejam o link para o artigo publicado no blog ‘Eco Viagem’ do UOL: http://ecoviagem.uol.com.br/noticias/ambiente/pesquisadora-da-unicamp-revela-vantagem-de-garrafa-de-vidro-sobre-pet-5377.asp
Andréa Fabi diz que as garrafas PET têm aumentado a sua presença no mercado de embalagens. Não existem dados precisos sobre essa participação, mas é fácil para qualquer consumidor constatar que já não é mais possível encontrar nas gôndolas dos hipermercados refrigerantes acondicionados em garrafas de vidro retornável. Isso ocorre por dois motivos.
Primeiro, porque as embalagens descartáveis usam menos matéria-prima do que as concorrentes (as de vidro). Segundo, porque são muito mais leves. Além disso, os vasilhames retornáveis precisam voltar às fábricas de bebidas para sofrer um processo de lavagem antes de serem reutilizados.
Apesar disso tudo, aponta Andréa Fabi, as garrafas de vidro levam vantagem sobre as garrafas PET no que se refere à emissão de CO2 e ao consumo de energia, se consideradas distâncias de distribuição de até 400 quilômetros.
Nem a Perrier escapou ao PET

Na contra mão disso tudo, encontrei um artigo, no Jornal da Unicamp, com o título “Cervejas entram na era PET”. Vejam o link para o artigo: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/julho2006/ju329pag09.html Carlos Anjos é pesquisador da área de embalagens do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, e especialista e consultor em tecnologia e embalagem de PET para alimentos, bebidas, produtos farmacêuticos, químicos, cosméticos, higiene e limpeza.

Uma embalagem para cada ocasião de consumo
A The Coca-Cola Company deseja que o consumidor desfrute sempre de seus produtos com o mesmo padrão de qualidade e sabor. Por isso mesmo, possui embalagens apropriadas para as mais diversas ocasiões de consumo. Essas embalagens são projetadas para garantir não só maior segurança e facilidade de manuseio como também o sabor e a refrescância inigualáveis que os nossos produtos devem proporcionar.
As garrafas de vidro não passavam dos 350 ml

A Missão da Coca-Cola Brasil
Refrescar o mundo - em corpo, mente e espírito.
Inspirar momentos de otimismo - através de nossas marcas e ações.
Criar valor e fazer a diferença - onde estivermos, em tudo o que fizermos.
Hoje as PETs já contêm 3 litros do produto

Antes de fechar este post, quero abrir um espaço para falar do vidro. O vidro é utilizado amplamente na produção automotiva, na construção civil, no segmento de eletrodomésticos, embalagens e artigos de mesa, o vidro movimenta uma indústria forte no Brasil. Além de gerar renda e postos de trabalho significativos, a produção e o beneficiamento do vidro está buscando o desenvolvimento sustentável, através de ações que evitam o desperdício e a emissão de poluentes. A reciclagem, por exemplo, sempre teve grande destaque na indústria vidreira e ganhou força nos últimos anos. Os índices da Abividro mostram que a reciclagem de vidro passou de 15% do total produzido no Brasil, em 1991, para 45%, em 2005. Sendo 100% reciclável, o material pode ser totalmente reaproveitado no ciclo produtivo, com inúmeras vantagens. Uma delas é a economia de matérias-primas naturais, como areia, barrilha e calcário. Outra é o fato de que a produção a partir do próprio vidro consome menor quantidade de energia e emite resíduos menos particulados de CO2, o que também contribui para a preservação do meio ambiente. O tratamento de efluentes na indústria vidreira também é uma ação fundamental para evitar danos ambientais. O processo de lapidação e furação das placas de vidro ocorre com a adição de água, que acaba contaminada com resíduos de óleos de refrigeração pó do material. Para evitar a contaminação da natureza, a água é tratada através de processos físicos e químicos, até sua completa clarificação e atendimento às exigências impostas pelo Órgão Ambiental para o lançamento em corpos hídricos. Todo o efluente tratado pode ser reciclado no processo industrial, gerando uma economia de até 80% no consumo de água. Já a poluição atmosférica não é um problema comum durante o processamento do vidro, visto que a maioria dos fornos funciona com energia elétrica. Entretanto, para minimizar as emissões gasosas dos fornos a gás, as indústrias utilizam gás natural, que provoca menor impacto no meio ambiente. O setor vidreiro também está desenvolvendo, cada vez mais, técnicas e processos de produção limpa.
Fonte: CIMM, O Primeiro portal do setor metal mecânico
E aí eu me pergunto, se a tão propalada “consciência ambiental” é um assunto realmente sério ou se é para nos entreter e criarem-se “indústrias do verde” em torno do assunto. Se não seriam aquelas “indústrias”, com algumas pessoas vendo apenas cifrões em relação ao assunto, até que nossos bisnetos já não tenham mais o que fazer tecnicamente quanto ao tema.
Vou dar um exemplo de “indústria do verde” para deixar claro ao que me refiro. Por exemplo, os cursos, em nível de pós-graduação, em QSMS (Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde), que estão formando profissionais plenos de vontade de fazer diferença em relação ao meio ambiente. Entretanto, tenho cá minhas dúvidas que esses jovens poderão, efetivamente, interferir no processo e dizer “basta, daqui não pode passar”. Conversando com meus botões, chego à conclusão que eles serão mais uma parte da engrenagem. Lembram-se do filme Tempos Modernos de que falei no 2º parágrafo? Pois é, serão engolidos pelo sistema. Tudo não passa de gerar lucros a qualquer preço. Meio ambiente, sustentabilidade e tantas outras belíssimas palavras cosméticas da nossa língua portuguesa, para camuflar a robustez, o vigor, a capacidade cada dia maior de incentivar o consumismo exasperador atual. É ácida, mas é a minha opinião, posto que, se ecologia fosse realmente coisa levada a sério no mundo, a Coca-Cola seria a 1ª a parar com as garrafas PET e voltar às de vidro, que ela mesma criou.


Um comentário:

  1. Muito bom o artigo sobre PET vs VIDRO
    Sou um Glass Lover e gostaria que se
    tornasse "amiga do vidro" no meu blog:

    http://watersonglass.blogspot.com

    basta clicar na garrafa á esquerda

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