quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O leitor é quem manda...

Região da Campania
A Campania é uma complexa junção de mar, ilhas e golfos, de planícies, promontórios e montanhas, lugar de encontro de várias culturas, pois, ao longo dos séculos, foi ocupada por Romanos, Bizantinos, Longobardos, Normandos, Suevos, Angevinos, Aragoneses, Espanhóis e Bourbons, cada qual com sua própria história e cultura. A resultante desta multiplicidade de influências é extremamente rica e diversificada, tanto que a Campania é, ainda hoje, uma região a ser desvendada.
Ao norte, estende-se a ampla planície conhecida como Terra di Lavoro (a mesma que os Romanos chamavam, segundo a definição do grande poeta Virgílio, de Campania Felix), delimitada pelo arco dos montes do Matese, do Sannio e da Irpinia, sulcados por vales profundos e tortuosos. O golfo de Nápoles, no centro, é emoldurado por um extraordinário colar de acidentes naturais: as ilhas de Ischia, Procida e Capri; a área de vulcões extintos dos Campi Flegrei; o histórico, e até hoje ativíssimo, Vesuvio; e a esplêndida Costiera Amalfitana, com as célebres cidades de Sorrento, Positano, Amalfi e Ravello. Ao sul, além da planície aluvial do rio Sele, elevam-se a pico sobre o mar os montes do Cilento, que formam uma encosta até hoje de difícil acesso, e estão separados da vizinha região da Basilicata por um estreito planalto, o Vallo di Diano.


Mapa da Região da Campania
Os Romanos arrebataram sem dificuldade a planície contígua ao Lácio (com as prediletas cidades de Baia, Bacoli, Pozzuoli) e as ilhas, ali deixando vestígios de uma imponência única: as históricas Pompeia e Erculano, sepultadas no Séc. I d.C. pelas cinzas da terrível erupção do Vesúvio; a aristocrática Baia; a sugestiva Cuma, onde a sagrada Sibila dispensava seus vaticínios; as muralhas da cidade de Alife, com o característico traçado em ângulos retos do castrum (castelo de origem pré-romana ou romana); o anfiteatro de Santa Maria di Capua Vetere, e um sem número de construções esparsas por toda a região. Mas, já antes, os habitantes da Magna Grécia tinham fundado na planície do rio Sele, ao sul, a importante colônia de Paestum (romanização do grego Poseidon, cidade de Netuno), com o majestoso templo do mesmo nome. Na alta Idade Média, a Campania esteve dividida entre áreas de influência bizantina, dos Longobardos, dos Normandos e outros feudatários. As províncias e regiões, não apenas da península Itálica, mas de quase toda Europa, foram se desenvolvendo através da idade média, em vários reinos (como o Reino da Sardenha, o Reino das Duas Sicílias), cidades-estados (o ducado de Milão), enfim, uma coleção de pequenos Estados submetidos a potências estrangeiras. Só no século XIX, a desejada unificação da Itália se deu sob a Casa de Saboia, com a anexação ao Reino de Sardenha, da Lombardia, do Veneto, do Reino das Duas Sicílias, do Ducado de Módena e Reggio, do Grão-ducado da Toscana, do Ducado de Parma e dos Estados Pontifícios. Em 1861, concluiu-se a declaração da existência de um Reino de Itália. Completou-se com a anexação de Roma, antes a capital dos Estados Pontifícios, em 20 de setembro de 1870. Do final do século XIX até a II Guerra Mundial, a Itália possuía um império colonial, que estendia seu domínio a Líbia, Eritreia, Somália Italiana, Etiópia, Albânia, Rodes, Dodecaneso e uma concessão em Tianjin, na China.
Depois de tanto escrever sobre a região da Campania e, para isso, ler um pouco mais da sua história, levanto a hipótese de leiga que “máfia=latifúndio” não deixa de ser uma maneira de ler o fenômeno como um resíduo mais ou menos feudal em toda a península itálica.


Praia em Amalfi
La Costiera Amalfitana
Há quem diga que se trata da estrada costeira mais bela do mundo. Outros, mais modestos, se contentam em considerá-la o pedaço de litoral mais lindo da Itália. O fato é que os 50 quilômetros da Costa Amalfitana sempre atraiu estrangeiros e italianos que se apaixonam pelos tons verdes do seu mar, pelas coloridas casinhas dependuradas nos penhascos e pela estrada repleta de curvas que serpenteiam entre Sorrento e Salerno. Como se não bastasse, logo ali em frente fica a Ilha de Capri. É incrível como tão curto espaço geográfico pode ser tão deslumbrante.


Vestígeos de construção medieval na região da Campania
 A melhor maneira de se conhecer a Costa Amalfitana é dirigindo. O ideal é visitá-la em épocas do ano mais tranqüilas, nunca na alta temporada de turismo. É um trajeto que vale a pena ser feito com muita calma, parando em cada um dos mirantes estrategicamente localizados.

A estrada encantada com vista para o Mar Tirreno vista de outro ângulo
A estrada vem de Nápoles e se transforma em Costiera em Sorrento, que merece uma parada para se apreciar o Largo Dominova, seu centro histórico, e as belas vistas. De Sorrento a Positano a estrada possui algumas curvas e nada mais, mas, dali em diante até Salerno é a mais pura beleza: estrada sinuosa, escarpas de um lado, mar de um azul estonteante do outro, muitas parreiras de uvas, cidades lindas. Mais 12,5 Km de estrada e avista-se Amalfi, cujo nome batiza a Costiera e onde as casas ficam debruçadas sobre o mar. Durante a Idade Média, Amalfi concorria com Pisa e Gênova pelo posto de mais importante centro comercial do Mediterrâneo. Ainda existem alguns resquícios do seu tempo de poderio, como a catedral que guarda o túmulo de Santo André, trasladado de Constantinopla em 1026.

Vista da Costiera Amalfitana
Aqui ficam alguns dos melhores restaurantes de frutos do mar da região, cujos pratos caem muito bem com os vinhos brancos produzidos em suas encostas.
Durante seus tempos de opulência, Amalfi era um cobiçado alvo de piratas, que tinham na cidade ao nível do mar uma presa fácil para seus saques. Por causa disso, no século IIIX, seus mais abastados moradores decidiram construir Ravello, 350 metros acima do oceano. Eis a razão pela qual ela se diferencia de outras cidades da Costa Amalfitana. Do alto de uma falésia, possui uma vista tão privilegiada que fez com que o compositor Richard Wagner se mudasse para lá e se inspirasse em seu visual para escrever a ópera Parsifal. Hoje, sua residência, a Villa Rufolo, serve de palco para concertos.


Túnel na estrada Costiera Amalfitana
A última cidade da Costiera é Salerno. Embora seja a maior de todas, é também a menos charmosa. Não quer dizer que seja feia, só é menos bonita que as outras, o que não que não é nenhum demérito. Sua principal atração é o Duomo, que guarda os restos de São Mateus. Aproveite para dar uma esticada até Lungomare Trieste, o calçadão coberto de tamarineiras e palmeiras do qual se vislumbra um belíssimo panorama do golfo de Salerno.

Uma das praias de Amalfi

A Ilha de Capri
O passeio à Costa Amalfitana jamais seria completo sem uma visita à Ilha de Capri, que foi descoberta no ano 29 a.C. Pela beleza de seu relevo acidentado, a suavidade de seu clima e a variedade de sua vegetação exuberante, Capri sempre exerceu grande fascinação. Augusto, o primeiro imperador romano, mandou construir sua residência de verão na ilha há mais de 2 mil anos. Não satisfeito, seu sucessor, Tibério, ergueu 12 mansões ali.



Centro da cidade na Ilha de Capri


A pequena ilha está sempre cheia de turistas. Embora o “bate-e-volta” seja o tipo de turismo mais comum na ilha, é quase impossível conhecer todas as atrações em apenas um dia. Mas, se o tempo for escasso, há alguns passeios obrigatórios. Um deles é a Grotta Azzurra, onde a luz penetra por baixo da água dando a tonalidade que lhe dá nome.

Grotta Azurra, a gruta azul na Ilha de Capri
Fica a 8 Km da cidade e para chegar até lá é preciso pegar um barco na Marina Grande. Capri abriga duas fábricas de perfumes há mais de 600 anos, por isso, é muito cheirosa. O nome de Caesar Augustus está em toda parte, inclusive num dos mais belos hotéis da ilha.


Mais um belíssima vista de um dos mirantes da costa de Amalfi

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