quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os Ipês Brasileiros

Ficou pronta em 21 de maio a compilação da Lista de Espécies da Flora do Brasil. A implementação da Estratégia Global para a Conservação de Plantas foi incluída dentre os compromissos assumidos pelo Brasil quando da realização da Convenção sobre a Diversidade Biológica – CBD. Em linhas gerais, esta convenção propõe regras para assegurar a conservação da biodiversidade, o seu uso sustentável e a justa repartição dos benefícios provenientes do uso econômico dos recursos genéticos, respeitada a soberania de cada nação sobre o patrimônio existente em seu território. A CBD foi assinada por 175 países, em 1992 durante a Eco-92, dos quais 168 já a ratificaram, incluindo o Brasil (Decreto Nº 2.519 de 16 de março de 1998). Alguns países, entretanto, como foi o caso dos EUA, não ratificaram esse tratado multilateral. Portanto, não são obrigados a respeitar (e não respeitam) os princípios da Convenção.

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A versão online da Lista de Espécies da Flora do Brasil foi lançada pelo Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro em parceria com o Centro de Referência em Informação Ambiental, CRIA. A flora brasileira agora conta com, aproximadamente, 45.000 espécies de plantas. A única compilação das espécies vegetais brasileiras foi a elaborada por von Martius, entre 1846 e 1906, a Flora Brasiliensis, que apresentava a descrição de 22.767 espécies vegetais brasileiras e, até então, era utilizada pelos taxonomistas botânicos como sendo a obra princepes da botânica no país.



Veja aqui o link para a Lista de Espécies da Flora do Brasil online.

O Foco são os ipês
O ipê é a árvore brasileira mais conhecida, a mais cultivada e, sem dúvida nenhuma, a mais bela. Ela é, na verdade, um complexo de nove ou dez espécies com características mais ou menos semelhantes, com flores brancas, amarelas ou roxas. Não há região do país onde não exista pelo menos uma espécie de ipê, porém a existência do ipê em habitat natural nos dias atuais é rara. Quem vê os ipês floridíssimos tecendo um tapete de flores pelo chão, pensa que essa árvore não resiste ao tempo quente dos nossos verões e que se adaptam melhor ao clima frio. É um engano. Como o ipê é uma árvore nativa do Brasil, eles estão perfeitamente aclimatados, tanto aos nossos verões quanto aos nossos invernos. O fato de soltarem as folhas durante o inverno, deixa-nos com a imagem das árvores europeias na mente. Mas podemos nos dar ao luxo de tê-los tantos quantos quisermos país afora. Basta que cada um de nós incentive o plantio de ipês pelas calçadas brasileiras, que não se danificarão, pois suas raízes de sustentação e absorção são vigorosas e profundas.
O ipê é uma espécie heliófita, ou seja, planta adaptada ao crescimento em ambiente aberto ou exposto à luz direta, e decídua, ou seja, que perde as folhas em determinada época do ano.

Taxonomia
Família: Bignoniaceae
Gênero: Tabebuia
Outros nomes vulgares: ipê-amarelo, ipê, aipê, ipê-branco, ipê-mamono, ipê-mandioca, ipê-ouro, ipê-pardo, ipê-vacariano, ipê-tabaco, ipê-do-cerrado, ipê-dourado, ipê-da-serra, ipezeiro, pau-d’arco-amarelo, taipoca.

O ipê, do gênero Tabebuia, é árvore nativa da América do Sul. Em tupi-guarani, ipê significa “árvore de casca grossa” e tabebuia é “pau” ou “madeira que flutua”. No Brasil ocorrem 28 espécies, segundo o Index Kewensis. Cada espécie tem vários nomes populares e alguns são usados, em diferentes regiões, para identificar ipês de espécies diversas. Plantados em muitas cidades e fazendas como árvores ornamentais, atingem de 5 a 35 metros de altura e sua madeira é muito resistente. As espécies mais comuns são:
Ipê-roxo Tabebuia avellanedae: também conhecido por pau-d’arco e outros nove nomes populares regionais. É muito usado no paisagismo urbano pela beleza de suas flores roxas, agrupadas em cachos. É confundido com outras duas espécies, também de flor roxa, T. impetiginosa (ipê-roxo-de-bola) e T. heptaphylla (ipê-roxo-de-sete-folhas).
Ipê-amarelo T. chrysotricha: ocorre do Espírito Santo até Santa Catarina, na floresta pluvial atlântica. As flores são agrupadas em hastes florais.
Ipê-do-cerrado T. ochracea: é outra espécie de ipê-amarelo, também conhecida por ipê-do-campo.
Ipê-amarelo-do-cerrado T. caraíba: ocorre da Amazônia até o Pantanal. As flores saem diretamente do tronco e dos galhos.
Ipê-amarelo-liso T. vellosoi: encontrado em Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Rio de Janeiro e, principalmente, na floresta pluvial.
Ipê-rosa T. pentaphylla: em algumas regiões do Brasil é o primeiro dos ipês a florir, em junho. Em outras, o último, em setembro. Confunde-se com outras espécies de flor roxa.
Ipê-branco T. roseo-alba: também conhecido como ipê-amarelo-de-folhabranca, é uma das espécies mais vistosas. A floração não dura mais que dois dias, em agosto, mas repete em setembro. Entre os ipês brancos, existe uma variedade violácea.
Ipê-pardo T. serratifolia: é um dos ipês mais vistosos e de maior porte. Suas flores são amarelos, em cacho.
Ipê-verde Cybistax antisyplilitica: Não pertence ao gênero Tabebuia. É uma das espécies menos conhecidas. A flor verde-limão não se destaca. Floresce no verão, de dezembro a março.

Em 1961, o então presidente Jânio Quadros declarou o pau-brasil a Árvore Nacional e o ipê-amarelo, da espécie Tabebuia vellosoi, a Flor Nacional.

O que importa é que cada ipê, de qualquer espécie, é um presente da natureza dado apenas àqueles que sabem admirar o esplendor e a beleza do ciclo de suas florações.

"A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores".
Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1

Todas as fotos neste slideshow foram tiradas no Brasil. É possível, sim, termos nossas ruas e avenidas arborizadas e belíssimas.


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