terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A MGM e o pedido de falência

Após quase um ano agonizando, a MGM parece enfim ter decidido o caminho a seguir para evitar seu fim. Ela entrou com o pedido de falência em 03/11/2010. Os executivos do estúdio apresentaram aos credores da companhia um plano de reestruturação da dívida, atualmente em cerca de US$ 4 bilhões. A intenção é apelar para a lei de falências norte-americana tão logo o estúdio obtenha o apoio de metade dos credores. A partir desta data a direção da MGM ficaria a cargo de Gary Barber e Roger Birnbaum, fundadores da produtora Spyglass Entertainment. Além do comando da empresa, a Spyglass passaria a ter 4,69% das ações da MGM. Outras medidas a serem adotadas visando à reestruturação do estúdio são o término das atividades do setor de distribuição e a realocação da sede para locais mais baratos. Resta saber se, ao menos desta vez, elas serão suficientes para manter o histórico leão de Hollywood rugindo por mais algum tempo.
Dentre seus credores estão grandes bancos, como JP Morgan Chase e o Credit Suisse, e ainda um biliardário corporativo, Carl Icahn, especialista em ganhar dinheiro de empresas em dificuldades.
Um dos estúdios mais tradicionais do cinema, a MGM teve seu plano de falência e recuperação aprovado pelo juiz Stuart Bernstein. Agora, com a aprovação da justiça norte-americana do de reestruturação financeira, a MGM vai implementá-lo. Os chefões da Spyglass são responsáveis por sucessos como ‘O Sexto Sentido’ e os recentes ‘Russell Brand’ e ‘Get Him to the Greek’. A dupla responsável tentará manter o caixa em dia e aposta nos sucessos do próximo filme da franquia James Bond e nos dois longas baseados em ‘O Hobbit’ para fazer da MGM, mais uma vez, um negócio rentável.



A História dos Estúdios MGM
A MGM foi fundada em 1924 quando o empresário do ramo do entretenimento, Marcus Loew, adquiriu o controle da Metro Pictures, Goldwyn Pictures Corporation e da Louis B. Mayer Pictures

Louis B. Mayer

O slogan oficial do estúdio é "Ars Gratia Artis", uma frase em latim que significa ‘A Arte pela Arte’.
Marcus Lowe, que orquestrou a fusão das empresas que formaram a MGM, junto com visionário Louis B. Mayer e Irving Thalberg, gênio de produção no leme do barco, a Metro-Goldwyn-Mayer era uma usina de talento e prolífica na produção de filmes. O estúdio laçou tantos talentos que ficou famosa uma frase dita "na MGM há mais estrelas do que as estão nos céus”. Durante três décadas de ouro, de 1924-1954, o estúdio de Culver City na Califórnia, como sede da MGM, dominou o mundo do cinema. Um dos anos mais memoráveis no Academy Awards foi em 1939 quando ‘E o Vento Levou’ e ‘O Mágico de Oz’ foram nomeados para Melhor Filme. ‘E o Vento Levou’ abocanhou o prêmio de Melhor Filme daquele ano, juntamente com outros 8 Oscars. ‘O Mágico de Oz’ garantiu 2 Oscars. Hattie McDaniel ganhou como Melhor Atriz Coadjuvante, e se tornou a 1ª negra norte-americana a ser nomeada e ganhar um Oscar.


Hattie McDaniel ganhou como Melhor Atriz Coadjuvante em E o Vento Levou em 1939


Greta Garbo e sua mãe em 1939


A colina de Hollywood


Os antigos estúdios da MGM em Culver City na Califórnia nos anos 50

A MGM Studios mudou-se para a recém-construída Torre MGM, em Century City em junho de 2003. A arquitetura do edifício e o design de interiores foram escolhidos para refletir grande história do estúdio, para homenagear seus fundadores e exibir orgulhosamente seus mais valiosos prêmios em Hollywood. Atualmente, a MGM dispõe de um total de 205 prêmios da Academia em sua vasta biblioteca. Entre eles estão 15 Oscars de Melhor Fotografia. Destes, estão incluídos filmes como Rebecca (1940), Os Melhores Anos de Nossas Vidas (1946), Hamlet (1948), Marty (1955), O Apartamento (1960), West Side Story (1961), Tom Jones (1963), No Calor da Noite (1967), Midnight Cowboy (1969), Rocky (1976), Annie Hall (1977), Platoon (1986), Rain Man (1988), Dança com Lobos (1990), O Silêncio dos Inocentes (1991).

O último musical da MGM em 1958, Gigi com Leslie Caron e Louis Jordan

More stars than there are in heaven
Desde o inicio, a MGM apelou pela audiência com glamour e sofisticação. Tendo herdado alguns dos grandes nomes das antigas companhias, Mayer e Thalberg começaram a criar e popularizar um grande número de novas estrelas de cinema. A chegada do cinema sonoro em 1928/29 trouxe oportunidade para novas estrelas, sendo que muitas delas iriam fazer brilhar o nome do estúdio através da década de trinta, como Clark Gable, Jean Harlow, Robert Montgomery, Myrna Loy, Jeanette MacDonald, e Nelson Eddy, entre outros.


O clássico dos clássicos 'E o Vento Levou' com Vivien Leigh e Clark Gable em 1939

A MGM foi um dos primeiros estúdios a experimentar filmagens em Technicolor. Usando os processos de duas cores da Technicolor até então disponíveis, a MGM filmou partes do ‘The Uninvited Guest’ (1923), ‘The Big Parade’ (1925), e ‘Ben–Hur’ (1925), além de muitos outros. Em 1928, a MGM lançou ‘The Viking’, primeiro Technicolor apresentado com som. O primeiro filme sonorizado, e que já não era apenas em duas cores da MGM, foi o musical de 1930 ‘The Rogue Song’. Um pouco depois, a MGM passou a produzir regularmente filmes em Technicolor, sendo ‘The Wizard of Oz’ e ‘Northwest Passage’ os mais notáveis. A MGM também conseguiu um enorme sucesso ao alcançar em Tecnicolor o filme ‘E o Vento Levou’, apresentando Vivien Leigh como Scarlett O'Hara e Clark Gable como Rhett Butler.

O Mágico de Oz com Judy Garland

Após 1940, a produção foi cortada de 50 filmes para 25 filmes por ano. Foi durante esse período que a MGM lançou diversos musicais rentáveis, com atores como Judy Garland, Fred Astaire, Gene Kelly e Frank Sinatra.

Gene Kelly e a época dos grandes musicais ao lado de Leslie Caron e Frank Sinatra

Em 1959, a MGM conseguiu o que foi o seu maior sucesso financeiro dos últimos anos com o lançamento do épico de quatro horas ‘Ben-Hur’, um remake do filme mudo de 1925, baseado no romance de Lew Wallace. Estrelado por Charlton Heston, o filme foi aclamado pela critica e ganhou 11 estatuetas do Oscar, incluindo Melhor Filme, um recorde que só seria batido por ‘Titanic’ em 1997.

O grande épico 'Ben-Hur' com Charlston Heston em 1959

Charlston Heston e um dos 11 Oscars de 'Ben-Hur', recorde que só foi batido 38 anos depois por 'Titanic' em 1997.

Em abril de 1997 a MGM passou por sua primeira reestrutura. Comprou as subsidiárias da Metromedia (Orion Pictures, The Samuel Goldwyn Company, e Motion Picture Corporation of America) por cerca de US$ 573 milhões, aumentando substancialmente sua bilbioteca de filmes, além da sua capacidade de produção. Esse catálogo, que incluía a franquia James Bond, era considerado o principal ativo da MGM. No mesmo ano, a série da MGM Stargate SG-1 foi ao ar pela primeira vez. Nos anos 2000, algumas empresas começaram a tentar comprar a MGM, que sempre viveu no fio da navalha economicamente. A primeira proposta veio da Time Warner. A segunda a tentar a compra foi a Sony Corporation of America em consórcio com a Comcast, Texas Pacific Group e Providence Equity Partners. Por enquanto, a Spyglass Entertainment está tentando colocar a MGM do novo nos trilhos.

Agora é torcer para o leão voltar a rugir.

For as long as there have been movies, there has been MGM Studios. And now, whether on the big screen or small, online or on the go, MGM will be there.
http://www.mgm.com/


2 comentários:

  1. A clássica história: o avô cria o negócio, o pai faz o negócio crescer, o filho dilapida e o neto chupa o dedo.

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  2. Lelles, como sua afirmativa é verdadeira. Isso me toca, sabia?! Ver um descendente dilapidar ou mesmo deixar que dilapidem o patrimônio de seus ascendentes me deixa pra morrer, porque assim estamos constatando o descaso para com a história em si. Ninguém se lembra que ela é feita de parte das vidas de cada um de nós. É isso que é a cultura de uma sociedade, o seu legado passado através das gerações.

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