quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Veleiro Preussen

O Preussen (palavra para Prússia em alemão), navio de casco de aço com 440 pés (134m) de comprimento, cinco mastros, boca de 16m e 10m de pontal, tinha uma área vélica de 18.300 m2 e foi lançado em 1902 pelo estaleiro JC Tecklenborg para a Companhia de Navegação Laeisz de Hamburgo - conhecida como 'das Fliegger 'P' Linnen'. Na realidade, esse era o nome pelo qual eram conhecidos os navios à vela do armador alemão, F. Laeisz, de Hamburgo, isso porque todos os navios tinham o nome começando com a letra ‘P’. Laeisz começou suas atividades no ano de 1839. Em boas condições de vento e mar o Preusen podia desenvolver 21 nós.

A Barca de 5 mastros Preussen foi o maior navio à vela de todos os tempos


O veleiro Royal Clipper é uma "réplica" atualizada do Preussen

Era um retrato da fé de muitos armadores, principalmente os alemães, de que o vapor nunca substituiria completamente seus grandes veleiros. Isso, numa época em que os vapores eram movidos a carvão, necessitavam de porões enormes para seu combustível, os danos eram constantes, a velocidade era muito baixa - raros eram os navios que ultrapassavam os 12 nós - não possuíam grande autonomia sendo, portanto, necessárias muitas escalas para reabastecer o navio com carvão. Um veleiro, por outro lado, podia permanecer no mar por muito mais tempo  do que um vapor, já que não necessitava de combustível e o vento era grátis, eram menos suscetíveis a danos causados por tempestades, que podiam arrancar uma chapa plana das estruturas ou uma chaminé inteira. Vapores eram mais caros, sujos e, até o advento da turbina, eram terrivelmente lentos.

O veleiro de 4 mastros Passat em 1939. Passat é o nome de um vento alísio permanente que cruza a Europa na direção leste-oeste.


O Parma na década de 40
 
O Pommern, atracado, hoje museu na Finlandia

O Pamir, navio-escola mercante à vela, naufragou em 1957. Depois disso, o armador descontinuou os navios mercantes à vela.

O Peking hoje se encontra atracado em Nova Iorque, nas docas de Manhattan, como atração turística.

No passado as tradicionais nações marítimas começaram na vela, como Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda, França. Porém, com o advento da navegação a vapor, e mais tarde suplantada pelas turbinas, a tradição da navegação à vela foi deixando de existir.
Alguns países que “nasceram” já na era da segunda revolução industrial, como foi o caso da Alemanha, fizeram questão de manter a tradição da vela, e provaram ser eficientes, pois segundo o Kaiser Wilhelm II – “O futuro da Alemanha depende dos mares”. Este país se destacaria no início do século XX, pois a Alemanha já unificada era essencialmente um país de agricultores, músicos, intelectuais e operários, mas não era um país marítimo. Entretanto, os alemães logo provaram ser grandes marinheiros, e navegaram com eficiência e velocidade, com navios mercantes à vela. Como? Com navios-escola. Estes grandes veleiros, além de serem mercantes comuns, também formavam as futuras gerações de marítimos. A rotina dos aprendizes em navios-escola à vela, notadamente mercantes, era: navegar a todo pano, trabalhar cantando e em equipe, ficar pendurado em alturas, praticar todo tipo de arte marinheira, navegar pelas estrelas, ficar molhado de água salgada, no vento ou na chuva, dia e noite, e ainda receber aulas a bordo, além de dormir com dez ou mais aprendizes na mesma cabine de tamanho ínfimo, remendar e costurar panos, baldear conveses e, apesar de tudo isso, gostavam do que faziam. O Preussen nunca foi utilizado como navio-escola.


O navio-escola Cisne Branco pertencente à Marinha do Brasil


Ex-Padua, atual, Kruzenshtern de bandeira russa

O Preussen, o maior de todos navios à vela classificados como barca, e um dos poucos com 5 mastros, teve um triste fim. Quando fazia uma viagem de descida da Alemanha para o Chile, com carga geral, entre a qual, muitos pianos de cauda, quando foi abalroado por um vapor no Canal da Macha, após tentativa de reboque e resgate o navio encalhou nos baixios do Dover, onde seus restos permanecem. Hoje o veleiro Royal Clipper, de propriedade da empresa luxemburguesa Star Clipper, é o maior veleiro do mundo, com cinco mastros, e sua construção foi inspirada no Preussen.

Os mais famosos navios Flying P-Lines, barcas de 4 mastros, que ainda existem:
Pommern - Hoje navio museu em Mariehamn, Finlândia.
Peking - Hoje navio museu em Nova Iorque (South Street Seaport).
Passat - Transformado em um resort em Lübeck Travemünde, Alemanha.
Padua - É o único no mundo ainda em atividade como navio-escola. Hoje navega com o nome de ‘Kruzenshtern’ de bandeira russa.

Outros navios famosos da Flying P-Liners, com 5 mastros e que não mais existem:
Potosi – Sofreu incêndio e explosão no mar, em 1925.
Preussen(*) - Perdido em um encalhe no ano de 1910 na costa britânica.

E outras famosas Barcas de 4 mastros que não existem mais:
Pamir - Sofreu naufrágio em 1957, foi o último dos navios à vela comercial e escola.
Pisagua - Perdido num encalhe em 1913, após ser convertido em fábrica de processamento de baleias.
Placilla - Perdido em encalhe no ano de 1905 nos Estados Unidos.
Ponape - Demolido em 1936.
Parma - Desarmado e feito incapaz de navegar em 1936, demolido em 1938.

(*)Depois do famoso veleiro, um navio cargueiro alemão que ajudou no apoio logístico durante a II Guerra Mundial na África do Norte também teve o nome de Preussen. Esta embarcação foi a pique em 1941.




3 comentários:

  1. Legal o post (só nós sabemos o quanto custou em pesquisas). Cada uma delas valeu a pena. Te amo.
    ass: Sebastião
    ps: os plugins falham no meu telefone, mas ainda assim o artigo está ótimo

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  2. Bonito post, principalmente pela foto do Cisne Branco, que já tive oportunidade de visitar, embora não tenha navegado nele. Os grandes veleiros continuam prestigiados no mundo e inúmeros países os mantêm em atividade; este anos tivemos, no Rio, uma passagem da regata dessas embarcações, chamada de Velas Sudamerica. Haverá uma nova regata desse tipo em 2012, mas provavelmente não ficarão atracados no Pier Mauá, que estará ocupado pelo Museu do Amanhã.

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  3. Agostinho, foi uma pena eu não ter tido a oportunidade de visitar os veleiros da regata 'Velas Sudamerica', pois eu vi pela TV que eles estavam no Pier Mauá e abertos por um fim de semana à visitação pública. Pelo menos na reportagem pela TV, eles estavam majestosos. Quem sabe em 2012.

    Abraços

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