segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Encontrei o Endereço do Éden

Na sexta-feira, 24/09, fiz um post com belas fotos primaveris para celebrar a chegada da nova estação. Dentre as fotos que postei, a última era essa aqui abaixo, com a seguinte legenda: “Não sei onde fica este jardim, mas é, certamente, uma das entradas do paraíso.”


Ontem à noite li o comentário de um amigo dizendo no post o seguinte: “Esse jardim misterioso deve ficar em Vitória, no Canadá, ouso arriscar, no interior do "The Butchart Gardens", talvez os mais belos jardins do mundo!”
Como assim, caro amigo?!?!?! Eu vivi até hoje sem saber da existência do Butchart Gardens e ninguém fica indignado?! Corri imediatamente para meu médico particular, Dr. Google, e ele me atendendo numa consulta de emergência, pois já era bem tarde (passava da meia noite), me tranqüilizou dizendo que é exatamente isso. Trata-se do Butchart Gardens. Disse-me ainda que esse fenômeno acomete pessoas desavisadas mas, que depois de descobrirem-no logo no início, rapidamente resolve-se o problema. Bastam passagens de ida e volta à Vancouver, na British Columbia, no Canadá, para um tratamento durante o verão, outono ou, preferencialmente, na primavera. Dr. Google, sempre muito solícito, me mostrou centenas de fotos e filmes de vários jardins no entorno da cidade de Vancouver. The Butchart Gardens fica em Victoria, na Ilha de Vancouver (não na cidade de Vancouver). No entanto, no entorno desta belíssima cidade, há outros Jardins do Éden que só ontem durante a madrugada (lógico que recusei-me a dormir antes das 02h de hoje) fiquei sabendo que existiam. Só para citar alguns, The Van Dusen Bothanical Gardens, The Queen Elizabeth Park, The Stanley Park… Enfim, agora é só planejar com meu médico a data para o início do tratamento em Vancouver. Mas a pior parte nisso tudo é que em maio deste ano eu pensei que tivesse ido ao Éden aqui mesmo no planeta Terra, Le Jardin de Claude Monet em Giverny, na França. Ohh, Céus!!! Fiquei meio desconcertada... “Pauvre Jardin de Monet”. O que vou dizer ao meu eleitorado francês a essa altura do campeonato? Bem, o que não tem remédio, remediado está. Ooppss... Melhor dizendo, claro que tem remédio... Uma ida a Vancouver. :))

Lá vai a história... Como tudo começou... The Butchart Gardens

Em 1888, próximo o local de seu nascimento, Owen Sound, Ontário, no Canadá, o ex-comerciante de bens secos (como chamavam à época, secos e molhados), Robert Pim Butchart, começou a trabalhar com cimento numa indústria em Portland. Na virada do século XIX para o XX, ele tornara-se um próspero pioneiro nas indústrias que estavam em efervescência na América do Norte. Atraído à costa oeste do Canadá por sua abundância em depósitos de pedra calcária, vital para produção de cimento, ele construiu uma fábrica em Tod Inlet, na Península de Saanich. Lá, em 1904, ele e a família se estabeleceram.


O casal Jennie e Robert Butchart em foto do início dos anos 40.
Como Sr. Butchart exauriu a pedreira calcária próxima à sua casa, sua esposa Jennie, uma empreendedora, bolou um plano sem precedentes para renovar a cava exaurida e deserta deixada pela pedreira. Jennie requisitou, da área agrícola mais próxima, toneladas de terra da melhor qualidade possível. Toda a terra foi levada até Tod Inlet a cavalo ou de carroça e foi utilizada para revestir o “chão” da pedreira abandonada. Pouco a pouco, e sempre sob a supervisão de Jennie, da pedreira abandonada floresceu um jardim espetacular.

A mina de pedra calcárea já exaurida.
Em 1908, por conta das várias viagens do casal mundo afora, os Butcharts tinham criado um jardim japonês no lado da casa com vista para o mar. Depois, um jardim italiano foi criado no local do que fora a quadra de tênis e, em 1929, um jardim de rosas especiais substituiu uma horta mal arranjada que levava até a grande cozinha.
O Sr. Butchart se orgulhou do trabalho notável da esposa. Um de seus hobbies era colecionar pássaros ornamentais do mundo inteiro. Ele manteve patos característicos da região na Star Pond, pavões ruidosos no gramado dianteiro, e um miserável de um papagaio na casa principal. Ele adorava treinar pombos no local do atual Begonia Bower e teve muitas casas de pássaro bem elaboradas espalhadas através de todos os belíssimos jardins de Jennie.


O encantamento das aves soltas pelos jardins
Em 1915, a cidade pediu a um imigrante japonês e sua esposa que transformassem uma antiga pedreira abandonada em um jardim em estilo japonês. O Sr. Kimi Eizo Jingu concordou com a empreitada. Ele começou com uma casa de pedras, que existe ainda hoje e é cercada por arejados caminhos de seixos, uma ponte de pedra, uma cachoeira e lagos tranqüilos. O trabalho deste homem transformou a velha pedreira em um jardim pleno de lagoas alvas e uma vegetação de um verde luxuosíssimo. Com a II Guerra Mundial, o sentimento anti-japonês nos EUA cresceu e a assembléia municipal mudou o nome do jardim para Chinese Sunken Garden. Em 1983, seu nome original foi finalmente restabelecido, Japonese Sunken Garden.

The Butchart Gardens, Vancouver, BC, Canada






O renome da Sra. Butchart como jardineira se espalhou rapidamente. Nos anos 1920, mais de 50 mil pessoas por ano vinham para ver sua criação. Num gesto de carinho para com todos os seus visitantes, os hospitaleiros Butcharts batizaram a propriedade de "Benvenuto", que em italiano significa “bem-vindo”. Para estender as boas-vindas, foram compradas do jardim botânico de Yokohama no Japão, cerejeiras em flor, plantadas desde a Estrada West Saanich, ao longo da Avenida Benvenuto, até a entrada dos Butchart Gardens.

O antes e o depois

A casa dos Burtcharts cresceu e transformou-se numa luxuosa e confortável mansão para ser mostrada aos visitantes. Na casa há uma pista de boliche, piscina fechada de água do mar, sala de bilhar com lindos painéis e uma maravilha daquela época, início do século XX, um órgão “auto-tocante” de tubo eólico (ainda tocando nos sábados de Fogos de Artifício). Hoje, a residência conta com um Dining Room, o Restaurante Blue Poppy, um Coffee Shop, escritórios e quartos ainda usados para o entretenimento da família. De 15 de janeiro a 15 de março, uma recriação especial da casa da família Butchart é apresentada em forma de show.

The Butchart Gardens, Vancouver, BC, Canada






A única parte da fábrica de cimento do Sr. Butchart em Tod Inlet sobrevivente é a alta chaminé de um forno tão longo que parece não ter fim. A chaminé pode ser vista do mirante do Sunken Garden. A fábrica deixou de produzir cimento em 1916, mas continuou produzindo azulejos e vasos para flores até 1950. A solitária chaminé agora vigia a pedreira que a Sra. Butchart transformou de forma mágica.

A chaminé da antiga fábrica de cimento ainda de pé.

O Butchart Garden permaneceu um negócio familiar e cresceu para se tornar uma das principais atrações da costa oeste do Canadá, aberto à visitação pública, e ainda mantendo as atenciosas tradições de um passado cortez. Hoje, os jardins são reconhecidos internacionalmente. Atualmente, 1 milhão de pessoas por ano visitam ‘The Butchart Gardens’. A atual proprietária é Robin-Lee Clarke, bisneta dos Butcharts.

Notícia de última hora
A majestosa casa em Oak Bay, há décadas com o mesmo proprietário, o dono do ‘The Butchart Gardens’, está à venda desde a semana de 05/08 por $11.5 milhões. A propriedade de frente para o mar com a casa de pedras no 1069 Beach Drive, está situada num dos mais espetaculares locais da costa oeste do Canadá. A propriedade tem 1.18 hectares e é o atual objeto de desejo dos corretores de British Columbia.
Fonte: The Vancouver Sun de 05/08/2010

 

Um comentário:

  1. Bem, o Dr. Google deve estar orgulhoso de você, pois seguiu à risca o tratamento prescrito que, normalmente, é a busca, mesmo que de madrugada, por dados e imagens que nos interessam. Já conhecia, virtualmente, esses jardins há bastante tempo. Suas fotos habitam meu protetor de tela; uma das coisas que achei fantásticas foi a adaptação dos jardins às estações do ano, que no Canadá são perfeitamente definidas (ao menos na região litorãnea). Ou seja, os idealizadores desse monumento às flores pensaram em diversas espácies, que pudessem florir durante todo o ano. Parabéns por mais essa pesquisa bem feia e que diverte os leitores.

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