terça-feira, 5 de outubro de 2010

A Candidata - Parte I

Dilma Vana Rousseff, nascida em 14 de dezembro de 1947, é economista e política afiliada do Partido dos Trabalhadores (PT). Ela foi a Ministra-Chefe da Casa Civil durante o mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em junho/2005, se tornando a primeira mulher no Brasil a assumir esta posição. Dilma é, atualmente, a candidata a sucessora de Lula nas eleições presidenciais de 2010.

Família
Filha de um imigrante Búlgaro, o advogado Pedro Rousseff (nascido Pétar Rusév, em búlgaro: Петър Русев) e da professora, Dilma Jane Silva, Dilma nasceu e foi criada em uma família de classe média alta de Belo Horizonte. Seu pai nasceu em Gabrovo e era membro ativo do Partido Comunista Búlgaro nos anos 1920. Teve de fugir da Bulgária em 1929 devido à perseguição política e instalou-se provisoriamente na França. Ele chegou ao Brasil nos anos 1930 já viúvo e logo mudou-se para Buenos Aires. Ele deixou para trás seu filho Lyuben, que faleceu em 2007. Ele voltou ao Brasil vários anos mais tarde, quando se instalou em São Paulo onde foi bem sucedido em seus negócios. Pétar Rusév, um homem alto, louro, de olhos azuis, adaptou seu primeiro nome para o português e o último para o francês. Durante uma viagem para Uberaba, ele conheceu Dilma Jane Silva, jovem professora nascida em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro e criada em Minas Gerais onde os seus pais dela eram pequenos fazendeiros. Eles se casaram e se estabeleceram em Belo Horizonte onde tiveram três filhos, Igor, Dilma Vana e Zana Lúcia, falecida em 1977. O irmão de Dilma, Igor Rousseff, é advogado. Pedro Roussef trabalhou na Cia. Mannesmann, além de construir e vender imóveis. A família morou em uma casa grande, servida por três empregados, e mantendo hábitos europeus. As crianças tiveram uma educação clássica, além de aulas de piano e francês. Depois de Pedro quebrar o gelo da resistência inicial da comunidade local em aceitar estrangeiros, a família começou a freqüentar clubes e escolas tradicionais. Dilma foi matriculada na escola pré-primária do Colégio Izabela Hendrix e depois recebeu educação primária no Colégio Nossa Senhora de Sion, um internato para meninas dirigido por freiras, onde as alunas falavam como seus professores em francês como sendo a primeira língua. Incentivada pelo pai, Dilma adquiriu cedo o gosto pela leitura. Seu pai, Pedro faleceu em 1962, deixando aproximadamente 15 propriedades.


Dilma e sua família, pai, mãe uma irmã e um irmão
Adolescência
Em 1965, aos 15 anos de idade, Dilma deixou o Colégio Sion conservador e fez seu 2º grau Colégio Estadual Central, atual Escola Estadual Governador Milton Campos. Foi já durante seu ensino secundário que Dilma interessou-se pelos ideais socialistas aos 17 anos, pois, segundo ela própria teria dito, foi nesta escola que ficou "bem subversiva" e que percebeu que o mundo não era para "debutante", iniciando sua educação política. Ainda em 1964, ingressou na Política Operária (POLOP), uma organização fundada em 1961, oriunda do Partido Socialista Brasileiro, onde militou ao lado de José Aníbal. Seus militantes logo viram-se divididos em relação ao método a ser utilizado para a implantação do socialismo, enquanto alguns defendiam a luta pela convocação de uma assembléia constituinte, outros preferiam a luta armada. Dilma ficou com o segundo grupo. Integrou organizações como o Comando de Libertação Nacional (COLINA) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares). Para Apolo Heringer, que foi dirigente do COLINA em 1968 e havia sido professor de Dilma na escola secundária, a jovem escolheu a luta armada depois de ler ‘Revolução na Revolução’, de Régis Debray, um francês que havia se mudado para Cuba e ficado amigo de Fidel Castro. Segundo Heringer, "O livro incendiou todo mundo, inclusive a Dilma." Foi nessa época que conheceu Cláudio Galeno Linhares, cinco anos mais velho, que também defendia a luta armada. Galeno ingressara na POLOP em 1962, havia servido no Exército, participara da sublevação dos marinheiros por ocasião do golpe militar e fora preso na Ilha das Cobras. Casaram-se em 1967, apenas no civil, depois de um ano de namoro.


Eis aí a candidata em 1970. Mesmo jovem já era uma mocréia.
COLINA
Segundo companheiros de militância, Dilma teria desenvoltura e grande capacidade de liderança, conseguindo impor-se perante homens acostumados a mandar. Não teria participado diretamente das ações armadas, pois era conhecida por sua atuação pública, tendo contatos com sindicatos, dando aulas de marxismo e responsabilizando-se pelo jornal ‘O Piquete’. Apesar disso, aprendeu a lidar com armamentos e a enfrentar a polícia. No início de 1969, o COLINA em Minas Gerais resumia-se a algumas dezenas de militantes, com pouco dinheiro e poucas armas. Suas ações haviam se resumido a quatro assaltos a bancos, alguns carros roubados e dois atentados a bomba, que não deixaram vítimas. Em 14 de janeiro, contudo, com a prisão de alguns militantes após um assalto a banco, outros reuniram-se para discutir como libertá-los. Ao amanhecer, foram surpreendidos com a ação da polícia na casa onde estavam e reagiram, usando uma metralhadora do grupo para matar dois policiais e ferir um terceiro. Não estou afirmando que a atual candidata à presidência da república disparou algum desses tiros. Dilma e Galeno passaram a dormir cada noite em um local diferente, uma vez que o apartamento em que moravam era freqüentado por um dos líderes da organização e que fora preso. Tiveram que voltar ao apartamento escondidos para destruir documentos da organização. Ficaram ainda algumas semanas em Belo Horizonte tentando reorganizar o que sobrara do grupo. Cientes de que as casas de seus pais eram vigiadas (a família não conhecia o grau de envolvimento de Dilma com essas atividades), Galeno ainda teve que passar por uma mudança física, quando um retrato falado seu foi divulgado como sendo um dos participantes do assalto ao banco (o que ele nega). Em março, o apartamento foi invadido, mas nenhum documento interno da organização foi encontrado. Perseguidos na cidade, a organização ordenou que fossem para o Rio de Janeiro. Dilma tinha 21 anos e concluíra o segundo ano de Economia. Fico imaginando que maravilha de ensino secundário ela deve ter concluído. E como terá sido seu vestibular, entre um assalto e outro?


“Há uma perda intrínseca para o país quando essa experiência de uma juventude que se jogou na luta democrática, se jogou no combate para construir um país melhor (…) [é] perdida por morte.”
Dilma Rousseff, em 2008, durante homenagem a onze ex-alunos da UFMG mortos em decorrência do combate ao regime militar.

 

Era grande a quantidade de mineiros da organização no Rio (inclusive Fernando Pimentel, que tinha 18 anos quando a perseguição foi iniciada e recusou-se a seguir as ordens de seu pai de se entregar ao Exército, entrando na clandestinidade), não havendo infra-estrutura para abrigar a todos. Dilma e Galeno ficaram um período na casa de uma tia de Dilma, que imaginava que o casal estava de férias. Mais tarde, ficaram num pequeno hotel e então num apartamento, até Galeno ser enviado pela organização a Porto Alegre. Dilma permaneceu no Rio, onde ajudava a organização, participando de reuniões e transportando armas e dinheiro

Carlos Franklin Paixão de Araújo, companheiro de Dilma por 30 anos.
Nessas reuniões, conheceu o advogado gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo, então com 31 anos, por quem se apaixonou e com quem viria a viver por cerca de 30 anos. Araújo era chefe da dissidência do Partido Comunista Brasileiro (PCB), e abrigara Galeno em Porto Alegre. A separação de Galeno foi pacífica. Como afirmou Galeno, "naquela situação difícil, nós não tínhamos nenhuma perspectiva de formar um casal normal." Carlos Araújo era filho de um renomado advogado trabalhista e havia começado cedo na militância, no PCB. Havia viajado pela América Latina, inclusive conhecendo Fidel Castro e Che Guevara, e já havia sido preso por alguns meses em 1964. Com a edição do AI-5, em 1968, ingressou na luta armada. No início de 1969, passou a tratar da fusão de seu grupo com o COLINA e a Vanguarda Popular Revolucionária - VPR, liderada por Carlos Lamarca. Dilma participou de algumas reuniões sobre essa fusão, que acabou formalizada em duas conferências em Mongaguá, dando origem a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares). Dilma e Araújo estiveram presentes, assim como Lamarca, que teria ficado com a impressão de que Dilma era "metida a intelectual". Ela teria defendido um trabalho político pelas bases, criticando a visão militarista que era a característica da VPR.

Na VAR Palmares
Carlos Araújo foi escolhido como um dos 6 dirigentes da VAR Palmares, que se auto-intitulava "uma organização político-militar de caráter partidário, marxista-leninista, que se propõe a cumprir todas as tarefas da guerra revolucionária e da construção do Partido da Classe Operária, com o objetivo de tomar o poder e construir o socialismo".
Conforme Maurício Lopes Lima, um integrante de buscas da OBAN (Operação Bandeirante), estrutura que integrava o serviço de inteligência das Forças Armadas (e onde teriam sido realizados atos de tortura), Dilma era a grande líder da organização clandestina VAR-Palmares. Usando vários codinomes, como Estela, Luísa, Maria Lúcia, Marina, Patrícia e Wanda, teria recebido epítetos superlativos dos relatórios da repressão, definindo-a como "um dos cérebros" dos esquemas revolucionários. O delegado Newton Fernandes, que investigou a organização clandestina em São Paulo e traçou o perfil de dezenas de integrantes, afirma que Dilma era uma das molas mestras dos esquemas revolucionários. O promotor que denunciou a organização a chamou de "Joana d’Arc da subversão", tendo chefiado greves e assessorado assaltos a bancos. Dilma ridiculariza a comparação, ressaltando que lhe atribuem muitas ações, mas que não se lembra de nada. Segundo Darcy Rodrigues, militante que foi o braço direito de Carlos Lamarca, Dilma fazia a ligação entre o comando nacional e os regionais.
Conforme divulgado pela Revista Veja, Dilma teria sido a organizadora, na época, do roubo de um cofre pertencente ao ex-governador de São Paulo Ademar de Barros, considerado pela guerrilha como símbolo da corrupção, em 18 de junho de 1969, na cidade do Rio de Janeiro, de onde foram subtraídos 2,5 milhões de dólares. A ação veio a ser a mais espetacular e rendosa de toda a luta armada. Carlos Minc, que foi seu colega na organização clandestina VAR-Palmares e estava entre os militantes que invadiram a casa da suposta amante do ex-governador, nega a participação de Dilma, afirmando ainda que é exagerada a versão de que Dilma era a líder daquela organização, sendo, à época, uma participante sem nenhum destaque. Em pelo menos 3 ocasiões, Dilma também negou ter participado do evento. Depoimentos e relatórios policiais indicavam que coube a Dilma administrar o dinheiro, pagando salários de militantes, encontrar abrigo ao grupo e comprar um Fusca. Dilma lembra apenas do automóvel, mas nega que tenha sido a responsável pela administração do dinheiro.


Carlos Minc, seu colega na organização VAR-Palmares
A VAR-Palmares teria também planejado em 1969 o seqüestro de Delfim Neto, símbolo do milagre econômico e, à época, o civil mais poderoso do governo federal. O suposto seqüestro, que deveria ocorrer em dezembro daquele ano, já havia sido referido no livro "Os Carbonários", de autoria de Alfredo Sirkis, em 1981. Antonio Roberto Espinosa, ex-comandante da Vanguarda Popular Revolucionária e da VAR-Palmares, reconheceu que coordenou o plano, que era de conhecimento de 5 membros da cúpula da organização, e que Dilma seria uma dessas integrantes da cúpula. O seqüestro não teria chegado a ser realizado porque os membros do grupo começaram a ser capturados semanas antes. Dilma nega peremptoriamente que tivesse conhecimento do plano e duvida que alguém realmente se lembre, declarando que Espinosa fantasiou sobre o assunto. Ao tomar conhecimento das declarações que lhe foram atribuídas, Espinosa contestou a informação, dizendo que nunca afirmara que Dilma teve conhecimento do plano, o que, se ocorreu, foi em termos rápidos e vagos. Afirmou que Dilma nunca participou de ações ou de planejamento de ações militares, sempre tendo uma militância somente política.

Antonio Roberto Espinosa, ex-comandante da VPR e da VAR-Palmares
Mesmo com grande quantidade de dinheiro, a organização não conseguiu manter a unidade. Em um congresso em Teresópolis, entre agosto e setembro de 1969, houve uma grande divisão entre os militaristas, focados na luta armada, e os "basistas", que defendiam um trabalho de massas. Dilma estava com o segundo grupo. Enquanto os primeiros se agruparam na VPR militarista, liderados por Lamarca, Dilma ficou no segundo grupo, a VAR Palmares "basista". Houve disputa pelo dinheiro do grande assalto e pelas armas. Após a divisão, Dilma foi enviada a São Paulo, onde esteve encarregada de manter em segurança as armas que couberam a seu grupo. Evitando mantê-las em apartamentos sem a segurança necessária, ela e uma amiga, Maria Celeste Martins, décadas mais tarde sua assessora na Casa Civil, mudaram-se para uma pensão simples na zona leste da cidade, com banheiro coletivo, escondendo o arsenal debaixo da cama.

3 comentários:

  1. Eu lamento muito que o eleitorado brasileiro, sempre mal informado, acredite que Dilma será uma continuidade de Lula, sem perceber que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa... a história não mente.

    Dilma está entrando como oportunista, e Lula como articulador, com visão de médio e longo prazo. Nesse mato tem coelho.

    A Receita Federal que fique de olho nessa dupla e seus companheiros...

    Abraços,
    Adriano

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  2. Adriano, o que mais me impressiona nessa "brincadeira" toda é o tal do PNDH-3 que desde 2009 está aí e ninguem, nem mesmo a imprensa (com a louvável exceção da Rede Bandeirantes) mencionou o caso ou disse o que o partido dos "trabalhadores" pretende com esse plano. E está tudo publicado nos sites oficiais do governo. O PNDH-3 está lá pra qq um ver. Hoje eu estive vendo no site do TCU as contas do PAC. É uma festinha. Transparência? Pode estar tudo lá transparente, que o povo é como mulher traída. Fecha os olhos pra não ver e finge que não sabe. Lamentável.

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  3. O povo, Eliane, se impressiona com balelas. O governo Lula, estrategicamente, dirigiu todos os esfoços em obras no nordeste sem nem perguntar o quanto custa. E o povão, maioria absoluta e mal escolada propositadamente por governos oportunistas, dá ouvidos aos gritos de guerra no palanque do presidente e ignoram todo o resto.

    Esse é o calçamento para a boa aplicação do mal intencionado PNDH-3, ou seja, ganhar a simpatia dos miseráveis que não têm nada a perder para mostrar à minoria pensante que a massa está com o governo. Assim, tópicos anti-democráticos de controle da propriedade e da liberdade alheia sejam aprovados e implantados para que a trajetória ditatorial seja bem encaminhada.

    Seria bom que nossos compatriotas assistissem pelo menos um documentário sobre Cuba, para ver como é a vida lá, fora dos hotéis 5 estrelas. E ainda tem gente que se inspira em Fidel...

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Tô só de olho em você...
Já ia sair de fininho sem deixar um comentário, né?!
Eu gosto de saber sua opinião sobre o que escrevo.
Não tem de ser só elogio... Quero sua opinião de verdade!