quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Toponímia Carioca

Voltarei a fazer meus posts normalmente neste fim de semana. Até lá, vou deixar um "enigma bobinho" que elaborei rapidamente para aqueles que apreciam o Rio de Janeiro dos tempos d'antanho.


Há neste enigma da toponímia carioca apenas uma ressalva com relação aos nomes das ruas, peço que considerem os nomes antigos que sejam os imediatamente anteriores aos atuais, ou seja, os mais conhecidos. Seria uma tarefa hercúlea pesquisar a data de abertura de cada rua e com que nome na época a que se refere o enigma. Aqui vai ele:

É primavera e logo que abri as janelas do quarto vi o dia luminoso da cidade. Desci para o dejejum e papai e mamãe já estavam a minha espera. Papai logo se levantou e pegou seu chapéu, pois já estava atrasado para o trabalho. Papai era um negociante, grande capitalista e proprietário. Portanto não tinha um local fixo de trabalho. Hoje, por exemplo, ele precisou assinar uns papéis num escritório próximo à nossa casa, numa das Caixas Bancárias que administrava e, por isso resolveu ir caminhando. Mas quando ele ia à Caixa Econômica, pegava sua Vitória, carruagem inglesa fabricada pela Plymouth. Quando ia à Guarda Nacional, onde era comandante, também era aconselhável que nosso cocheiro já estivesse com a Vitória preparada a esperá-lo. Eu minha mãe, Romana, saímos pelo portão principal da casa e tomamos a esquerda para irmos até a Paróquia de Santa Rita. Era uma distância considerável e resolvemos chamar um tílbure. Nossa rua estava sossegada como sempre, com exceção do seu final, onde ficava o colégio dos meninos que, às vezes, faziam alguma algazarra. A mim não incomodavam. Eu até gostava de vê-los passando tão felizes pela rua.

Quando saímos da igreja, fomos caminhando até a Rua das Violas. Minha mãe precisava fazer uma rápida visita a uma comadre sua que não estava bem de saúde. De lá, fomos caminhando pela rua do Ourives para chegar até nossa modista na Rua do Ouvidor. Eu provaria meus vestidos para o verão que se aproximava. Àquela hora, quando saímos do atellier de Mme. Blanche, já estávamos famintas e resolvemos fazer um lanche numa confeitaria de um senhor francês inaugurada naquele ano numa esquina da Rua dos Latoeiros. Experimentei pela 1ª vez uma delícia chegada de Paris, o sorvete. Vi sair da cozinha taças de sorvete tão enfeitadas que pareciam verdadeiras obras de arte.

Bem, depois de apreciarmos o saboroso sorvete vindo da França, tínhamos que nos apressar, pois não tardava e eu deveria estar em casa pronta para minha aula de piano. Em uma hora minha professora estaria a minha espera. Mamãe, sagaz como sempre, chamou o tílbure e pediu ao cocheiro que nos deixasse em casa tomando o caminho do Roccio até o Campo da Aclamação e de lá tomar o caminho que passava em frente à Escola de moças bem perto de minha casa. A propósio a escola também era recente nas redondezas de minha casa.

Bem... Chegamos. Mamãe vai ver como anda a rotina da casa enquanto vou me preparar para minha aula de piano. Logo depois das aulas de piano, papai abrirá a porta de casa e já chegará chamando por meu nome. Clara! Clara Guilhermina, onde estás? Talvez hoje ele tenha algum mimo para mim. Papai é um homem muito importante e com muitos títulos, tantos que eu mesma ainda me surpreendo.

Pergunto: você já sabe o endereço atual da minha casa? É só isso que eu desejo que você diga, OK?! Espero que seja divertida a busca da solução para este enigma despretencioso. :))

2 comentários:

  1. Acho que a casa fica na Rua Larga, atual Marechal Floriano. Acertei?

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  2. Não tive tempo de fazer tal pesquisa, mas creio que os meninos estudavam no bem conhecido Mosteiro de São Bento e a rua dos Latoeiros (de acordo com os meus áureos tempos estudantis) é a atual rua Gonçalves Dias. Como está muito tarde, não fique triste, vou dormir um pouquinho e pesquisarei pois adoro bisbilhotar. É muito divertido. Rosyraiol

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Tô só de olho em você...
Já ia sair de fininho sem deixar um comentário, né?!
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